Capítulo 8

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Pérola


Os minutos pareceram horas. O Sr. Márcio tentava obter notícias de Clara, mas só ouvíamos que logo alguém traria notícias. Nunca imaginei que aquele homem de aço pudesse se abalar de tão forma. Se você outro pai em seu lugar, seria natural ver a angústia que ele estava sentindo, mas o tempo todo que estivesse naquela casa, ele não me pareceu ser capaz de sentir algo assim.

Eu podia somente estar julgando algo quem nem sabia ao certo e me senti culpada por isso. Ali, diante de mim, eu vi que ele era capaz sim de amar. E era aquele pequeno ser que despertava isso nele.

Pérola: Senhor? - chamei e ele me olhou - Posso ligar para Roberta? Ela deve estar muito preocupada.

Márcio: Trouxe seu celular?

Pérola: Acabei esquecendo no desespero. - falei envergonhada por ter que usar o dele. Márcio entendeu e me passou seu aparelho. Liguei para Roberta e prometi que assim que soube algo, ligaria avisando. Estava me despedindo quando vi Márcio levantar depressa e ao me virar, notei que um médico se aproximava. Instintivamente me aproximei para saber sobre Clara e quando Márcio me olhou, pensei que fosse ser grosseiro. Afinal eu era somente a babá de sua filha, mas ele não agiu dessa forma e isso foi um alívio.

Márcio: O que minha filha tem? - indagou impaciente

Médico: Os exames não mostraram nenhuma infecção que justifique a febre. Pulmões limpos descartando bronquite ou pneumonia. 

Pérola: Mas é febre toda? - alguma coisa era responsável por isso e não consegui ficar calada. 

Médico: Ela tomou alguma vacina recentemente? - quis saber

Márcio: Sim. Fomos a Pediatra dela e ela foi vacinada. 

Pérola: Mas foi há três dias. - para mim não fazia sentido. Sei que vacinas provocam febre entre outros sintomas, mas achei que só era possível no mesmo dia em que foram ministradas.

Médico: Nem sempre a febre aparece no mesmo dia. Tem crianças que não sentem nada e outras têm reações imediatas, mas há casos em que dias depois apresentam febre ou fadiga. Mesmo assim ela ficará em observação mais algumas horas. Já foi medicada e a febre cedeu. Vamos observar a evolução do quadro e  após essa avaliação, daremos a alta dela.

Márcio: Podemos vê-la? - o olhei rapidamente. Quando ele me incluiu na mesma frase que ele e disse nós, me pegou de surpresa.

Médico: Claro. - concordou - Queiram me acompanhar. - seguimos por um corredor e logo chegamos a área dos elevadores. O médico nos conduziu até uma porta que tinha o número 101 em uma placa. Abriu a porta e minha pequena dormia em um berço. Senti vontade de chorar. Ela parecia tranquila quando me aproximei, mas ali não era o seu lugar. - Podem acompanha-la. Qualquer coisa é só se dirigir a recepção do andar e alguma enfermeira atenderá vocês.

Márcio: Obrigado! - estendeu a mão e apertou a do médico em cumprimento.

Pérola: Ela já não tem mais febre. - falei ao tocar seu rostinho inocente. - Graças a Deus!

Márcio: Ela tem sorte de ter você?

Pérola; Oi? - será que a febre da Clara tinha passado pra ele?

Márcio: Provavelmente se fosse eu que estivesse em casa com ela. - sua voz era carregada de culpa. - Nem teria notado que estava com febre. 

Pérola: Claro que ia! - tentei amenizar

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