Capítulo 16

1.6K 106 24
                                    



Pérola


Até agora estava tentando entender como Márcio tinha me convencido tão rápido em aceitar o convite desse tal jantar na casa de seus pais. Que raios de homem era esse? Que poder era esse que bastava me olhar e eu esquecia até de como se respira? Duvido que alguém consiga explicar isso!

Agora eu estava tremendo dos pés ao juízo, esse muito escasso, de nervoso. Márcio pareceu notar e estacionou o carro no acostamento pouco depois que saímos da minha casa. A princípio pensei em negar do que se tratava, mas não vi motivo para mentir. Dava pra ver na minha cara que parecia que estava indo pro sacrifício. Imaginei na hora as vaquinhas indo pro abate.

Márcio: Se quiser voltamos daqui. - pegou minha mão trêmula entre as suas. - Não quero que faça nada contra sua vontade. Na verdade nem iria falar nada do convite, mas para que futuramente não pensasse algo errado a respeito, falei.

Pérola: Não é que não queira ir... - olhei para o banco traseiro e me concentrei em Clara que dormia tranquila na cadeirinha. - É que estou com um pouco de vergonha da sua mãe.

Márcio: Posso saber o motivo dessa vergonha? - sorriu

Pérola: Ela me conheceu como babá da Clara e agora...

Márcio: Agora é minha namorada. Qual o problema? - ele parecia achar essa transição de papéis normal.

Pérola: Não quero que pense algo errado sobre mim. - confessei deixando o que estava me atormentando desde que soube do jantar. - Sei lá... pode parecer estranho que tudo isso tenha acontecido. Você viu a reação do meu pai.

Márcio: Acho que D. Valéria torcia por isso.

Pérola: Torcia? - questionei

Márcio: Pela forma como te defendeu no dia que nos desentendemos, acho que ela já sabia que mais cedo ou mais tarde ficaríamos juntos. - fiquei abismada com a revelação. 

Pérola: Ela só deve ter me defendido por causa da Clara. 

Márcio: Tinha mais coisa, pode acreditar. Vamos fazer assim... - me olhou e senti segurança naquele olhar. - Quando quiser vir embora, é só dizer e faremos isso no mesmo instante. Pode ser até antes do boa noite. - ri do seu jeito.

Pérola: Tudo bem. - concordei - Deve ser só o nervosismo bobo, né? O que tem demais ir conhecer os pais do meu namorado? Isso é mais do que normal. - brinquei vendo Márcio colocar o carro em movimento.


(...)

Quando chegamos, Márcio se adiantou e pegou Clara nos braços, me deixando orgulhosa desse ato. Era nítido que os cuidados dele e aproximação com a filha tinham mudado. Lembro que nos primeiros dias que comecei a trabalhar em sua casa, raramente o vi perto dela. Agora ele parecia sentir a necessidade de estar presente.

Márcio: Pronta? - perguntou me despertando de meus pensamentos.

Pérola: Vamos lá. - falei firme quando senti sua mão pegar a minha me passando confiança.

Márcio: A propósito. - se virou novamente para o lado me olhando - Você está linda. Vermelho realmente é a sua cor, Chapeuzinho. - bastou o homem me chamar de Chapeuzinho pros hormônios fazerem festa dentro de mim. A piriquita quente pode ser um problema quando se vai conhecer o sogro. 

Antes que Márcio pudesse esboçar qualquer movimento, a porta foi aberta e uma senhora muito simpática nos recebeu com sorrisos. Pelo menos isso para me acalmar.

Aprendendo a AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora