Capítulo 39

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Márcio



Pensei que a manhã seguinte seria diferente. Tive receio que mesmo sem querer algo tivesse se modificado dentro de mim, mas estava enganado. Quando vi Clara naquela manhã foi como se nada daquilo tivesse acontecido de verdade. Sabe esses pesadelos que te fazem sentir um medo enorme, mas que na manhã seguinte são apenas estórias bobas para contar em uma noite chuvosa para os amigos? Era exatamente assim.

Olhar para ela foi como era todos os dias. Não senti nada estranho. Somente aquela vontade costumeira de abraçá-la e sentir o peito dilacerar um pouco para tinha que me despedir dela para ir trabalhar. Pérola tinha razão quando me disse que nada destruiria o nosso ele de pai e filha. Não uma ligação sanguínea, mas uma ainda maior e mais especial.

Pérola: Não vai trabalhar? - sei que ela estava evitando fazer essa pergunta, mas com o passar das horas e vendo que eu não dava indícios de que isso fosse acontecer, perguntou sem querer parecer indelicada.

Márcio: Vou fazer isso daqui de casa pelo menos esse restante de semana. Todos estamos precisando desse espaço.

Pérola: Tem razão. - beijou minha cabeça. Tinha acabado de voltar da cozinha, onde havia decidido com Roberta algo relacionado ao almoço. - Márcio, não sei se deveria te perguntar isso, mas é que você me conhece e sabe que não sou de guardar o que penso.

Márcio: Pode me perguntar o que quiser. - a encorajei

Pérola: Vai mesmo fazer esse exame?

Márcio: Não posso viver com essa dúvida, embora saiba que meu pai jamais assumiria algo assim. O casamento dele acabou, então presumo que não mentiria arriscando esse fim.

Pérola: Fico pensando em como está sendo para sua mãe. Pelo que me contou ela foi forte, mas mesmo assim me preocupo.

Márcio: Falei com ela há poucos minutos. Disse que não está sendo fácil, mas que não irá se deixar cair por isso.

Pérola: E seu pai? - vi a sua nobreza mais uma vez escancarada. Para alguém que tinha sido alvo de seus insultos, aquele gesto era uma bela lição de humanidade.

Márcio: Lidando com as consequências de suas ações. - me limitei a isso. Sinceramente queria me livrar dessa mágoa que estava sentindo. Só causaria mal a mim mesmo.

Pérola: Já é um bom começo.


Dias depois...


Não pude evitar de vir à empresa hoje. Diante dos acontecimentos acabei tendo que desmarcar o jantar com Adolfo, que mesmo não sabendo o real motivo, entendeu e disse que não faltaria oportunidade para um almoço ou jantar.  Com a iniciação das obras de seu empreendimento hoteleiro, acabamos nos falando quase que diariamente. 

Meu pai havia viajado para a negociação de uns contratos em  Cabo Frio. O que agradeci imensamente. Ainda não estava pronto para voltar a encará-lo. Nosso último encontro tinha sido há dois dias quando comparecemos ao laboratório para a colheita do material para a realização do exame. Não trocamos uma única palavra. Também nem tínhamos nem o que dizer para o outro. 

Vânia: A nova assistente começa na segunda. - ela não havia me perguntado nada a respeito do sumiço repentino de camila. Vânia é uma mulher muito discreta, mas tenho certeza que se não sabia, pelo menos suspeitava que ela tinha aprontado algo. - Ela foi indicada pela Eduarda. Pareceu uma moça muito esforçada e na dela o que é melhor ainda.

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