Capítulo 37

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Márcio



"Como ele ficará quando souber que Clara é sua filha e não dele?"

Que porra era aquela? Não podia ser verdade! Não era verdade! Clara é minha filha. Minha. Minha borboletinha. 

Enquanto tentava brigar com a minha vontade de matar aqueles dois e entender o porquê Camila falava aquelas mentiras, eles perceberam a minha presença. O homem que conheci a vida inteira como pai me olhava com pesar e ela estava aterrorizada em ter sido descoberta. Tentava respirar e conter meu coração agitado no peito, mas era em vão. Imagens do dia em que Ana jogou a bomba de que eu seria pai surgiram. Foi como voltar na tempo. Lembrei de sua voz segura ao dizer que o bebê que esperava era meu.  Dizia que em seis meses poderia provar com um exame de DNA que estava falando a verdade. Lembrei como ao ver meu pai fingiu não o conhecer. As palavras daquele homem martelavam em minha mente como golpes.

" Filho meu não deixa uma criança a mercê da sorte."

Sua voz dizendo que depois faríamos um DNA agora invadia minha mente assim como o fato de que  chegamos a realizar o exame. Lembrei das vezes que tive de escutar dele que eu não era homem por renegar minha própria filha. Das vezes que ele ia a minha casa tarde da noite somente para se certificar que Clara estava bem e sendo bem cuidada. Não era a preocupação de um avô zeloso, era uma pai se certificando que a filha estava bem.

Havia o fato de ter pessoalmente se encarregado do enterro de Ana. Na época achei que estava somente fazendo seu papel de pai, ajudando o filho que carregava a filha ainda bebê nos braços e que a partir dali estava sozinho com ela. Agora entendia que estava sepultando a amante. Talvez a única que soubesse de seu segredo abominável, que foi tão sórdida e cruel quanto ele.

Senti tudo dentro de mim se contorcer. Minha visão embaralhou junto com ânsia de vômito que me tomou. Respirar era difícil e a escuridão parecia me alcançar.

Rafael: Márcio! Filho! - vi que tentou me segurar, mas meu corpo em repulsa se afastou. - Não escute essa louca. Ela... ela está querendo me chantagear com mentiras. É uma golpista que levei para a cama e agora exige um pagamento maior.

Márcio: Mentira! - era ainda mais sórdido do que pensei. Ele me tinha como alguém que seria enganado com mais facilidade. Afinal já havia feito isso uma vez. - Não tenho dúvidas que o que essa... essa mulher falou seja verdade. Estava nítido no medo em sua voz. Na maneira como me olhou quando percebeu que eu estava aqui. 

Camila: Vou deixar a família resolver seus problemas. - pensou que sairia daqui facilmente, mas estava enganada.

Márcio: Você fica! - gritei e ela estancou no lugar. - Vai me contar como sabia dessa sujeirada toda.

Camila:Pergunte ao seu pai. - sua voz tentou parecer segura, mas vi medo em seu olhar. - Eu não tenho mais nada a dizer.

Márcio: Já disse que você FICA! - segurei em seu braço a forçando a sentar. - Começa! - ordenei

Rafael: Vamos conversar somente nós dois. - pediu achando que assim me enrolaria com mais facilidade.

Márcio: Não! Primeiro essa chantagista vai contar tudo o que sabe. Você vai ficar caladinho, ouviu?

Camila: O que sei já disse. Quero ir embora. Você não pode me prender aqui. Eu posso te processar por cárcere privado. Eu conheço as leis.

Márcio: Cala a boca! - me aproximei ficando bem próximo de seu rosto para que visse em meus olhos do que era capaz. - O que quero ouvir não são seus conhecimentos sobre as leis. Que por sinal são falhos. Ou pulou a página que fala que chantagem é crime. Que caralho de código penal te deram pra ler que faltou esse detalhe? Ou você é burra ou no puteiro que frequentou deixavam passar isso entre uma trepada e outra.

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