Aprendendo a Amar

Capítulo 12

Márcio

Era amedrontador admitir, mas eu estava completamente apaixonado por aquela menina. A minha menina. No exato momento em que pus meus olhos nela isso aconteceu. Sem aviso e sem nenhuma maneira que eu pudesse deter, mas eu sou quebrado demais para trazê-la para minha vida. Eu a destruirei e seu disse, porém na mesma medida em que sou quebrado, sou egoísta e não há nada que me faça mudar de ideia quando se trata de ter Pérola em minha vida.

As coisas não podiam mais ser como antes. Não ia me privar por convenções e sei que convencê-la disso vai ser uma batalha, mas da qual não aceitarei sair derrotado. Não quero viver como alguém que está fazendo algo de errado. Quero poder estar com ela sem que para isso tenha que esconder de todos.

Pérola: O que você tanto pensa? - estávamos deitados depois de mais uma vez termos transado.

Márcio: Pensando em você. - falei naturalmente.

Pérola: Essa me pegou de surpresa. - falou levantando a cabeça do peito e me olhando com um sorriso lindo. - O Senhor Mandão pensando em mim?

Márcio: Penso mais em você do que pode imaginar. - passei o dedo em seus lábios. - Me fala mais um pouco sobre você. O que gosta de fazer quando não está estudando ou cuidando de Clara?

Pérola: Eu gosto de fazer várias coisas. - deitou novamente - Não gosto muito de programar o que farei. Tudo depende de como acordo naquele dia. Tem dias que só aproveito para ficar com meus pais e em outros saio com meus amigos apenas para jogar conversa fora. Nada de mais.

Márcio: No meio desses amigos tem alguém que signifique mais do que isso? - só em pensar nessa possibilidade meu corpo ficou em alerta. Na verdade nunca havia parado para pensar que linda como ela é, deve ter um bando de fodidos querendo algo com ela.

Pérola: Você quer saber se tenho namorado. - não era uma pergunta - Estar com você aqui nua responde sua pergunta?

Márcio: Em partes sim.

Pérola: Não sei o tipo de mulheres com quem você costuma se relacionar, mas te garanto que eu não sou assim. - seu tom embora calmo, era carregado de raiva. - Ter ido pra cama com meu patrão não me denomina uma vadia. Talvez um pouco inconsequente e louca, mas vadia não.

Márcio: Nunca te vi como uma vadia. - me defendi - E quanto a relação que você diz que tenho com as mulheres, não sei se chegam a isso. Eu não costumo estar com uma mulher mais do que uma vez. 

Pérola: Então o vadio no caso é você! - ela riu e eu vi que a mágoa estava se dissipando.

Márcio: Não! Claro que não! - ri também. - Sou apenas um homem que é direto quanto ao que quer. Não engano ninguém para isso. Sou muito sincero sobre ao que elas devem esperar de mim, que no caso é nada além de uma noite de muito prazer para ambos. 

Pérola: Ouvir você falando assim até me assusta. Tudo é muito racional e não sei até que ponto isso é bom para você e para quem aceita isso.

Márcio: Assim como eu, tem mulheres que também vivem bem dessa maneira.

Pérola: E a mãe da Clara? - eu sabia que essa era uma curiosidade dela. - Você foi apaixonado por ela?

Márcio: Não! - falei com convicção. - Ela foi mais uma  dessas noites de prazer, mas que trouxe consequências meses depois.

Pérola: Desculpa! - senti seu corpo se contrair em meus braços. - Eu não queria ser entrometida, mas é que achei estranho não ter nenhuma foto dela na casa. Achei que fosse porque você não suportava a ideia de tê-la perdido.

Márcio: É natural que tenha essa curiosidade. Assim com ela entrou na minha vida, ela se foi. Sem deixar marca e nem saudade.

Pérola: Ela te deixou a Clara. 

Márcio: E pode acreditar que até bem pouco tempo atrás eu a amaldiçoava por isso. Sei que deve me achar um monstro, mas estou sendo sincero porque sempre acreditei que a sinceridade é o melhor caminho. Não gosto de mentiras e te garanto que jamais ouvirá uma saindo da minha boca.

Pérola: Não te acho um monstro. - sua voz doce trazia sinceridade - Apenas não entendo como pode não querer estar perto daquela coisinha linda toda hora. E já que também gosto de sinceridade, vou confessar um crime. - falou e eu não vi nada de criminoso que ela pudesse ter feito além de acabar com a minha paz. - Eu roubei algo de sua casa.

Márcio: Você? - sorri vendo sua cara de menina sapeca que acabou de passar o dedo na cobertura do bolo. - O que foi que a perigosa roubou?

Pérola: Uma blusinha de Clara. - falou cobrindo o rosto com as mãos. - É que quando vou embora sinto saudade dela e a blusinha me faz sentir seu cheiro, me mantendo menos saudosa até o outro dia.

Márcio: E quando vai embora só sente saudade de Clara?

Pérola; Sinto da roberta também. - cínica!

Márcio: Claro, porque é a Roberta quem te faz ficar molhada quando olha pra você.

Pérola: Depravado! - bateu em meu peito - Presunçoso!

Márcio: Apenas sei o efeito que causo em você. Sabe por quê? - meneou a cabeça negando - Porque é o mesmo que causa em mim. Por esse motivo que estou te demitindo nesse exato momento.

Pérola: Quê? - seu olhar de espanto e medo não me fizeram recuar.

Márcio: Isso que ouviu. 

Pérola: Deixei de ser útil depois que me fodeu? - ela tinha uma ira nos olhos que me excitou

Márcio: Passou a ser essencial depois que coloquei os olhos e você. Não quero mais que seja apenas a babá de Clara. Quero que seja a minha mulher.

Pérola: Como assim sua mulher? - praticamente gritou 

Márcio: Vou ter que desenhar, Chapeuzinho? Achei que fosse mais perspicaz .

Pérola: Não é hora para usar de ironia! Eu preciso desse emprego e além do mais, eu amo cuidar da Clara,

Márcio: Não estou te separando dela. Apenas estou colocando as coisas nos devidos lugares. Quando entrar novamente na minha casa, será como minha namorada e não como a babá de Clara.

Pérola: O que vão pensar?

Márcio: Que se foda o que vão pensar! - nunca me importei com isso e não seria exatamente nesse momento de minha vida que iria começar. - Somos adultos e não devemos satisfação para ninguém.

Pérola: Você eu não sei, mas eu devo sim. Meus pais não vão entender nada.

Márcio: Então faremos com que entendam. Agora chega de conversa - falei a puxando para cima de mim - Eu quero você!