O lugar certo para nós

Sangue na lua

Pra lá e pra cá. Jiraya sequer a olhava mais, sabia exatamente aonde a loira ia denunciada pelos 'plocs' que o salto fazia ao se chocar com o tabuão lustrado do aposento. Algumas vezes ela parava, mas era apenas para liberar um suspiro cansado de preocupação, então dava uma olhada pela ampla janela e voltava a circular pela sala.

– Faz muito tempo que ele foi atrás delas. E não nos mandou nada além daquele corpo como informações. – E a voz da Hokage fez com que os olhos do eremita se voltassem para a mesma, ignorando o fogo que crepitava na lareira em sua frente.

– Acalme-se, por favor, você é emotiva demais Tsunade. Você sabe muito bem que o coração é um órgão que não sabe pensar. Kakashi é certamente um dos nossos melhores e logo teremos notícias.

– Está enganado Jiraya, o coração é craque em tomar escolhas estúpidas, mas não é incapaz de pensar. Não se esqueça de que basta um coração parado para que uma mente brilhante acabe tão rapidamente quanto o tempo para se tomar uma escolha. – A princesa parou apara olhar a face daquele que era a única pessoa que ainda não tinha a abandonado. – O meu coração está frio, já senti essa sensação vezes demais para ter certeza de que mais um pequeno pedaço desse tolo órgão fora em mim congelado. É muito ruim envelhecer quando sua coleção de memórias reúne muito mais catástrofes do que coisas boas.

– Eu sei. – Respondeu-lhe Jiraya com simplicidade. – Eu vivi e envelheci com você. Eu faço parte da sua coleção de memórias Tsunade-hime. Tal como fazes da minha.

As palavras demoraram a serem formadas pela mente da princesa das lesmas, toda frustração fora liberada em um longo suspiro controlado. O corpo de Tsunade fora jogado para trás até encontrar a parede onde se encostou e deixou as costas escorregarem até se sentir toda acomodada no chão diante Jiraya e ao lado da lareira.

Os dedos longos levados aos cabelos, soltaram as chuquinhas dando uma rápida sensação de alívio à loira, por mais bela que fosse Tsunade podia sentir no peso do seu corpo sobre seus ossos o que a falta de rugas omitia em sua face. Estava cansada, cansada demais daquilo tudo.

– Está ficando cada vez mais difícil tomar decisões. Todas parecem simplesmente erradas. – Disse finalmente passando as mãos pelo rosto e então encarando o homem que estava sentado em uma confortável poltrona em sua frente. – Shikamaru saiu há tanto tempo quanto Kakashi e também não temos nenhuma notícia.

– Então deve ser porque errar deve ser o único caminho certo. – Ele disse com toda sua sabedoria e simplicidade e lhe sorriu.

Estava ali a crucial diferença deles, expressa naquele sorriso. Ambos com a mesma idade, a loira permanecia a jovem de beleza imensurável e quase inatingível, mas envelhecida e desgastada por dentro com um coração muito mais lacerado pelo tempo.

Em sua frente o velho de cabelos brancos e rugas no rosto não era mais o belo e convencido conquistador barato., mas seu coração era tão jovial quanto os olhos vivazes da Senju. Com aquele sorriso ele sabia expressar que o fogo que habita o coração dos bravos guerreiros ainda corria forte e fugaz pelas veias já desgastadas pelo tempo.

– Espere pelo tempo Tsunade, ele sempre acerta.

.:.

– Ahh – O pé em falso fez a Hyuuga se desequilibrar e cair do alto das árvores, voltando a um galho mais baixo onde parou por ter sido segura pelo pulso em um galho mais baixo da árvore. Por pouco não foi em queda livre ao chão.

– Você está bem, Hyuuga? – a voz soou tão perto que hálito quente que tocou sua pele a fez corar levemente.

– É.. er.. etto..