O primeiro mês de Sakura

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– Itachi...Vem... – Sussurrou a voz adocicada.

O moreno andou pelo vale encoberto por um nevoeiro, seguindo o som da voz que chamava quase como se fosse apenas o sussurro de um eco. Não podia ver o rosto dela, pois ela caminha em direção à sombra em passos largos, apenas sentia um anseio incontrolável de alcançá-la.

Precisava tocar na pele da mão e braço que o hipnotizavam enquanto a voz doce não se cansava de chamar por seu nome. Precisava agarrá-la, segurar de forma firme para ela não mais se afastar de si.

Dentre a névoa, tudo o que conseguia ver era nuvem rósea que cercava a região de sua cabeça. Rosa claro, fonte do nome de flor que carregava. A voz do chamado assumiu um tom manhoso imediatamente após a identidade dela ser reconhecida.

O vale e o nevoeiro sumiram totalmente, havia apenas as sombras e o corpo dela sobre os lençóis negros de sua cama. A capa negra da organização aberta caindo pelos ombros e os braços escorados no colchão, suas pernas estavam entreabertas convidando-o, chamando na mesma voz cheia de manha.

Não pensou duas vezes antes de ceder ao pedido dela. Colocou-se entre suas pernas, queria tanto tocá-la e assim o fez. Uma mão em sua cintura e outra em seu pescoço como uma forte garra, seus lábios seguiram o mesmo caminho por instinto, queria tanto poder ver a beleza daquela pele tão macia ao seu toque.

Queria sentir como pele e músculos responderiam ao aperto de seus dedos e ver a expressão em seu rosto que permanecia na sombra. Mas seu desejo ficaria apenas naquele mundo nublado de visões irracionais, impedindo o moreno de fazer as suas descobertas ao ser acordado pelo som alto e apressado de batidas em sua porta.

– Kuso. – Praguejou baixinho ainda sonolento.

Havia alguns dias que tinha seus sonhos invadidos pela medi-nin de cabelos cor de rosa. Nunca foi capaz de ver seu rosto, mas sabia que era ela, pois sempre sentia seu cheiro e reconhecia a textura em sua pele. Não precisava vê-la para senti-la.

Tudo aquilo era muito confuso. A presença diária e contínua daquela menina em sua vida estava o atordoando, Sakura ainda estava no processo de exames consigo. Este processo exigia muito toque e muitas explicações sobre cada procedimento.

A menina assumia um posto fisicamente muito perto de si, e isto o fazia sentir e ler claramente a forte energia que vinha dela. Mesmo que apreciasse demais o silêncio, ouvir as explicações técnicas sobre o que ela fazia era agradável.

A forma como ela explicava estas coisas o mantinha interessado por três motivos:

Primeiro, era um assunto interessante e estava diretamente relacionado com seus interesses;

Segundo, a cada dia se surpreendia mais com a profundidade dos conhecimentos dela. Sakura era uma pessoa inteligente;

Terceiro, ela sabia se comunicar bem de uma forma que era impossível para ele.

Itachi percebeu que ela usava de técnicas de diferentes tons de voz para explicar cada coisa. Palavras fáceis eram usadas para assuntos difíceis e associações eram feitas para explicar as coisas de forma que qualquer pessoa seria capaz de entender.

Nos primeiros dias ela foi surpreendente na visão do Uchiha, então passou a ser interessante. E sem que fosse percebido com antecedência, a medi-nin já havia se tornado uma presença envolvente.

Ainda assim era estranho e uma reação não apreciada sonhar com a garota à noite. O Uchiha sabia e acreditava na teoria de que em sonhos o nosso inconsciente faz aquilo que o consciente tem o desejo, mas não a coragem para fazer.

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