Ino acordou confusa, acabara de despertar em um leito hospitalar em uma sala muito clara, mas não lembrava de como teria chegado ali apesar de tê-la achado familiar de alguma forma. Espreguiçou-se lentamente, seu corpo todo doía, mas não era como se não tivesse sentido dor pior.
Sentia um gosto metálico horrível na boca seca, seus olhos e peito também doíam como se tivesse chorado demais. O leve pensamento sobre isso fez um soluçar involuntário sair por seus lábios. Olhou ao redor, ignorando a dor que isso lhe causava nos olhos cansados e encontrou um copo com água bem ao seu lado, como se a pessoa que o tivera deixado ali soubesse que ela precisaria.
E novamente o sentimento de que nada daquilo lhe era incomum invadiu sua mente. Não tinha olhado para a sala antes, mas sabia que já tinha acordado ali alguma vez. Sua mente estava confusa, lhe causando peças malucas. Uma vaga lembrança passou por sua mente e uma lágrima ainda não chorada resolveu se manifestar.
A mão levada de forma mecânica até a lágrima para secá-la lhe mostrou o anel chamativo preso a um dos dedos finos de sua mão. O kanji do rei lhe parecia opaco, como se a forma majestosa como ele se destacava no preto no fundo da pedra lhe ofendesse de alguma forma. Ela fora denominada o rei, o líder escolhido por Deus para reinar sobre a terra. Rei, tão humano; tão sucessível a erros.
Ao pensar que fora aquele kanji marcava a escolha de sua pessoa para uma posição tão firme e onde erros não seriam admitidos, Ino tinha certeza de que aquilo estava errado. Principalmente porque uma dor muito forte em seu peito lhe gritava que não queria mais ser líder daquilo. Tinha ficado muito feliz quando soube dessa decisão, mas agora não. Sua vida fora assolada com um vazio impossível de ser preenchido novamente.
Olhando para símbolo que zombava de sua vida, sua mente se organizou, a contabilidade de suas perdas era clara e evidente, mas ela não tinha mais forças para chorar. De repente havia um vazio tão grande em sua vida que não havia lugar nem mesmo para as lágrimas. Elas haviam secado, bom como sua vontade de viver.
Ali Ino percebeu que não era a obsidiana em seu anel que estava opaca, mas sim seus olhos; seu mundo. Obsidiana, a pedra da verdade. Parecia-lhe uma piada, riria se fosse capaz, mas de repente percebeu que seus músculos não se lembravam do movimento certo para isso.
Baixou a mão com um suspiro, estava desconfortável naquela cama, mas não tinha vontade de sair, então apenas se deitou de lado ficando de frente para o copo de água, que alguém tinha deixado ali. Sua boca ainda estava seca, mas não tinha vontade nenhuma de esticar o braço e alcançar o copo. Tinha vontade de dormir de novo, mas as lembranças de uma história bonita e completa, ceifada pela morte não a deixavam. A história dos dois passava por trás de seus olhos como um filme sem cortes.
Então também tinha vontade de morrer, e se apegar à crença de poder rever o amor que perdeu, mas algo, ainda não decifrado e que queimava em seu peito, não a permita. Contudo, a dor de ainda estar ali, respirar e viver era viva demais, forte demais. Ino se sentia culpada por estar viva quando não foi capaz de manter bem quem mais amava, e quando ferida, não ser capaz de manter viva a única linda lembrança que Deidara poderia deixar para si.
– Finalmente! Como se sente? – A voz conhecida da pessoa que acabara de entrar no aposento se fez ouvir em tom cansado, mas ao mesmo tempo esperançoso, enquanto Ino permanecia encarando o copo com água como se a vida fosse surgir dali.
– Sakura – A loira disse em tom baixo, atrevendo-se a olhar para a amiga por breves segundos, antes de voltar a mirar o copo com água como se fosse a coisa mais interessante no universo.
A rosada tinha a face cansada face cansada e marcada por fundas olheiras. Quando tempo teria se passado? Pela expressão da amiga, Ino percebeu que estava dando trabalho. Haruno pegou o copo com água, tirando um canudinho Ino não pode ver de onde, encostando o mesmo em seus lábios, incentivando-a a beber um pouco de água com um sorriso. Fechado e triste, assim era a expressão entre os lábios curvados e os olhos da amiga.
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O lugar certo para nós
Hayran KurguSakura e Ino compreenderam que Konoha não era mais capaz de lhes oferecer tudo o que almejavam para suas vidas. Insatisfeitas elas foram embora para se tornarem ninjas de vila nenhuma. Não tinham nenhum plano em mente a não ser o desejo de estender...