Um mês já havia se passado desde que Jiraya viu faces novas na Akatsuki, por outro lado, fazia pelo menos dois anos que não colocava os pés em Konoha. Não pode evitar o sorriso ao visualizar os grandes portões de madeira da entrada principal da vila.
– Mestre Jiraya, quanto tempo! – Disse o ninja que fazia guarda no portão.
O eremita apenas acenou com a cabeça e seguiu seu caminho. Sentiu a brisa do vento típico da vila enquanto o cheirinho de grama recém-cortada invadia suas narinas. Como era bom voltar pra casa.
Amava Konoha, mas nunca seria plenamente feliz preso a um lugar. Viver migrando de vila em vila sem pouso nem chão e levar seus conhecimentos ao mundo, essa era a missão de Jiraya. Mesmo que seus conhecimentos fossem levados adiante de forma tão retorcida.
Aquele era um grande homem e um excelente ninja, um sábio lendário. Era o mestre dos sapos, mas sua fama parecia ser eternamente maior que seus dons. Para a maioria das pessoas ele não passava de um velho tarado, um ninja aposentado que desperdiçava seu tempo escrevendo contos sem valor.
Até mesmo ele se via apenas como um velho tarado traído por um velho coração que se manteve sempre apaixonado. Um coração eternamente renegado.
A fama de ero-sannin não incomodava o sábio eremita. Mas a forma como isso afastou de si a chance de penetrar no coração desconfiado e extremamente difícil de compreender de Tsunade o feria.
De forma lenta, a cada farpa trocada;
Bruta, a cada "não" ríspido que ouvia;
Triste, a cada noite que sonhava em como sua vida seria diferente ao lado dela;
Solitária, a cada molécula de ar que se infiltrava teimosamente em seus pulmões;
E humilhante, como nunca abria mão de tentar.
Por acreditar que talvez com o tempo e a distância a resposta dela pudesse mudar. Ver Tsunade era a única coisa que ainda o levava a Konoha periodicamente. Sempre com uma nova informação importante na manga, uma prestação de serviços para sua vila natal e uma desculpa realmente convincente para ter momentos próximos da ex-colega de time.
Todos os sentimentos preservados por um único beijo roubado e uma carícia trocada em um momento de fragilidade. Quebrado breves momentos depois e que nunca mais se repetiram...Ou se repetirão.
– Ahhh isso aqui não tem importância nenhuma Shizuneee! – A loira jogou um grosso relatório na escrivaninha com desleixo.
– Ma.. Ma.. Mas Tsunade-sama... – A assistente largou o porquinho de estimação no chão para pegar os papéis que foram abandonados pelas mãos da mestra.
– Tem muitos outros problemas mais urgentes no momento! – Jiraya a admirou de longe, já no telhado do prédio da Hokage.
Já estavam passando dos cinquenta, mas a personalidade dela era a mesma de trinta e oito anos atrás, fato esse que não o incomodava. Gostava da personalidade forte da loira.
– Os anos nunca parecem passar para ela. – Comentou para o vazio ao seu redor, admirando o corpo que também havia se conservado o mesmo.
– Tsunade-sama, já pensou em avisar Suna dos eventos?
– Avisar o que? Que duas ninjas foram mortas? Que temos suspeitas de que Akatsuki planeja alguma coisa? Essa suspeita sempre existiu, não posso atordoar o Kazekage com rumores. Suna tem seus próprios problemas.
– Hoje ela está diferente, está com um olhar preocupado. Profundamente preocupado, mas até mesmo com o peso da preocupação o mel de sua íris perde a beleza regida pelo brilho âmbar, ham. – Tornou a argumentar em seu diálogo consigo mesmo.
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O lugar certo para nós
FanfictionSakura e Ino compreenderam que Konoha não era mais capaz de lhes oferecer tudo o que almejavam para suas vidas. Insatisfeitas elas foram embora para se tornarem ninjas de vila nenhuma. Não tinham nenhum plano em mente a não ser o desejo de estender...