E eu vejo meu futuro em seus olhos

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— Ah eu desisto, isso é incompreensível!

Resmunguei afastando meus cadernos enquanto Bruce erguia os olhos do livro que lia e me encarou surpreso. Eu estava estudando na escrivaninha dele enquanto ele lia na poltrona de canto. O apartamento dele era do tipo kitnet elegante. A sala, escritório e quarto era no mesmo ambiente, algo que eu sinceramente gostava e era muito a cara do meu daddie. Simples, prático e aconchegante.

— Posso ajudar em algo, amor?

Eu ergui os olhos e sorri. Adorava quando ele me chamada de amor, mesmo. Ia completar um ano que eu namorava aqueles homens e meus sentimentos não diminuíam um só pedacinho, ao contrário, aumentavam exponencialmente...

— Eu odeio idade média, apenas!

Resmunguei deitando a cabeça na mesa e querendo ficar assim até o fim dos meus dias.

A faculdade estava acabando, logo eu ia me formar, logo eu ia formalmente para o mundo dos adultos e um raio podia cair na minha cabeça se eu mentisse que não estava assustado.

Quando comecei, eu pensei que ia ser mais fácil do que era, e depois eu fui vendo que não era só a faculdade, a vida adulta é complicada cheia de coisas complexas e responsabilidades difíceis. Mas eu queria provar para a Tia Mei que eu era capaz, devolver a ela o que eu pudesse, agradecer por ela ter me criado e me feito uma pessoa descente... Também queria provar aos meus daddies que eu era dono de mim também, que eu era capaz de tomar um rumo sozinho e que podia ganhar meu próprio dinheiro fazendo o que eu gostava.

A teoria era linda, gente, mesmo, maravilhosa, mas a realidade...

Tia Mei até que era de boas, mas quando se tem um gênio tecnológico, um ator famoso disputado entre diretores, um cientista renomado, um bombeiro condecorado e um empresário de sucesso como namorados, você meio que se sente perdido no quesito se sair bem na vida sozinho...

Mas eu não era de desistir e tinha um plano miraculoso e genial! Meu TCC!

— Amor, não fica assim hun? Quer que eu te ajude em algo?

E Bruce estava atrás de mim beijando de leve um dos meus ombros.

Pequenos gestos determinavam nosso relacionamento.

Era aconchegante, gostoso, era lar e eu me via cada vez mais angustiado de não poder me aconchegar nele todas as noites para dormir. E não só com ele, eu não queria mais estar cada dia da semana com um deles, eu queria estar todos os dias da semana com todos eles!

Eu era apressadinho? Ok, eu era egoísta? Ok também, mas poxinha... Eu meio que me sentia um namorado de guarda compartilhada! E eu queria ser um namorado integral com todos...

Eu queria casamento, era essa a palavra e eu sabia bem que aquilo era um pouco complicado para eles. Step e Tony principalmente, eles eram bem individualistas e famosos, se algo como aquilo vazasse seria um escândalo horrível para ambos. Não o fato do nosso relacionamento ser homossexual, mas sim por ser poligâmico, a sociedade tinha certa tolerância com gays, mas horror terrível de poliamor.

E eu me encontrava a cada dia mais irritado com aquilo, na verdade.

— Idade média é cruel, Brucy – Falei usando o apelido que dei para ele, me virei na cadeira de rodinhas e encarei o cientista amável que só eu conhecia de verdade – O povo enlouqueceu e matou um monte de mulheres inocentes porque não sabiam lidar com o inesperado e achavam que elas eram culpadas das doenças, poxa, porque a humanidade é tão burra! Se eu for defender a idade média vou tirar zero porque eu queria era entrar lá e espalhar um monte de cascudo nessa gente idiota!

Meus daddies vingadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora