Vésperas

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  Respirei fundo ao tocar a campainha de Steve naquela noite.

Era tecnicamente minha despedida de solteiro, amanha de manhã eu casava e ainda estava em transe em como aquelas duas semanas passaram voando. Eu não devia estar ali, mas não queria mais dormir sozinho, já tinha ido além da minha tolerância, mesmo, e aquela noite eu ia dormir com meu bombeiro ele quisesse ou não.

Suspirei.

Duas semanas antes eu tive um intensivo com o tio do Chenchen sobre babies, submissos, e relacionamentos poli em geral, foi uma super aula, uma super tarde e eu fiquei feliz que aprendi e entendi melhor que minha vida não era tão anormal assim. Aprendi que tinha que dar aquelas duas semanas aos meus noivos porque eles também estavam se adaptando uns com os outros, diferente da família do Chenchen que a maioria dos relacionamentos era o baby com irmãos, e por isso eu devia também dar espaço, e eu dei, mesmo, só que agora...

Eu estava muito nervoso para dormir sozinho.

Amanhã eu me casava.

Todos nós nos mudaríamos para minha casinha linda e já toda prontinha, íamos ser uma família, íamos ter um casamento no jardim, íamos ser felizes, eu tinha absoluta certeza e por isso eu quebrei a regra e estava ali na casa do Steve na maior cara de pau, era minha despedida de solteiro, ele não ia me expulsar né...

Mas quando a porta abriu e eu vi uma pessoa que nunca vi na vida, ali, sem camisa e rindo como se estivesse bem alcoolizado. Eu fiquei congelado, estático, chocado mesmo. O homem era alto como o Steve e loiro como ele também, muito bonito e me sorriu curioso antes de gritar:

— Você tem um bebê na sua porta, amorzinho, venha ver!

Eu empalideci quando ouvi a voz do Steve lá de dentro soar muito risonha:

— Para de graça, Clint. Sério, hoje eu só quero relaxar e dormir bem...

— Achei que ia dormir só de manhã. Afinal eu não vim para sua despedida de solteiro para te ver dormir, amorzinho, eu vim para outra coisa!

Ele gritou em resposta e eu já nem sabia direito o que estava fazendo, sai dali correndo dobrando a esquina na velocidade da luz e ligando para o Step ao mesmo tempo em que pulava uma cerca e caia na casa de um dos vizinhos que aquela hora já estava dormindo. Cheguei na minha rua em tempo recorde e fui em direção ao metrô com o coração a milhão. Não... Steve não...

Stephen atendeu no sexto toque e falou com voz sonolenta:

— Coração... Tudo bem? Achei que já estava dormindo a essas horas...

— Step, onde você está? Por favor me diga que está no hotel ou pelo menos sozinho!

Perguntei aflito sentido choro em minha voz e entrando no trem, me encostando em um cantinho e tentando parar de tremer. Mas minha mão tremia tanto que eu temi deixar o telefone cair. Step pareceu se dar conta que alguma coisa acontecia porque eu ouvi um farfalhar de cobertas – Ele estava dormindo? - e quando ele falou a voz estava mais longe, ele tinha colocado no viva voz:

— Estou no hotel que sempre fico em Manhattan, onde mais eu estaria coração? Me diz onde você está, agora.

— Eu entrei no primeiro metrô... Não sei, espera – Ergui os olhos e vi. Acabei sorrindo aliviado – Estou na linha azul e ela passa por Manhattan, onde...?

— Desça na 96 St, eu te espero lá e Peter, fique calmo, tudo bem?

— T-tá...

Respirei fundo e desliguei o celular respirando quase em pânico, mas ainda tentando raciocinar, tinha um estranho na casa do meu quase marido o chamando de amorzinho e sem camisa em uma despedida de solteiro. Podia ser só uma coincidência, claro que era... Steve não me trairia... Não mesmo, não e não!

Meus daddies vingadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora