4. Sould I?

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— Marie? — a voz serena de Cecília invade o local, e eu viro naquela direção lentamente, encarando a metade de seu rosto que estava para dentro do quarto, enquanto o resto de seu corpo localizava-se no lado de fora do cômodo.

— Sim? — minha voz soou baixa, e um tanto rouca pela falta de uso desde que obriguei-me a levantar da cama.

— O senhor Justin solícita a sua presença na sala de jantar — sua voz soa no mesmo tom que a minha, me levando a questionar se ela gemia a minha resposta.

— Não estou com fome — digo calmamente, virando meu rosto novamente, dessa vez a fitar o teto, como se tivesse algo interessante ali.

— Ele mandou dizer que não perguntou se está com fome, e quer a sua presença lá embaixo — franzi o cenho diante do recado, perplexa por ele ter deduzido minhas palavras e formulado um debate para tal. Depois disso, decidi não contrariá-lo e apenas fazer o que ele queria. É só um jantar; eu disse a mim mesma, acalmando-me internamente.

— Já vou — disse para Cecília, que depois desapareceu ao fechar a porta.

Eu estava vestida com uma camisola de seda na cor branca, cuja dona eu já sabia quem era. Caminhei preguiçosamente até o closet, onde pude procurar por vestimentas adequadas. Optei por usar uma calça jeans, e uma blusa regata por cima de "meu" sutiã, que tinha uma ilustração qualquer em preto. Em meus pés, sapatilhas confortáveis e até agradáveis visualmente.

Já vestida, direcionei-me para fora do quarto, a revirar os olhos quando me lembrei quem eu certamente teria que lidar. Desci as escadas quase sem fazer barulho, e então segui para a sala de jantar.

Quando cheguei no local, vi que Justin não pareceu notar minha presença pois seus olhos permaneciam fixos em um ponto que olhei em direção involuntamente, percebendo que ele encarava a parede branca, completamente submerso em seus pensamentos.

Fiz um barulho com a garganta, para assim chamar sua atenção, e o mesmo virou-se com suavidade para mim, utilizando de uma só expressão; a mesma de ontem, exalando monotonia e sobriedade.

— Que bom que veio. Sente-se, por favor — sua voz rouca ecoa, e minha única reação e soltar o ar de meus pulmões e sentar-me diante da mesa.

— Como se eu tivesse escolha — digo baixo, mas ele parece me ouvir da mesma forma, pois seus olhos se focaram nos meus atentamente.

A mesa era um pouco menor comparada a outra que estava ali mais cedo, parecia que eles tinham uma mesa para cada ocasião, o que era estranho. Tinham diversas coisas ali, e eu podia sentir meu estômago ronquejar somente de admirar todas as comidas fumegantes.

— Então... diga-me um pouco mais sobre você — disse ele, a puxar um jornal que antes estava em seu colo, abrindo-o e passando deus olhos ligeiramente pelas letras minúsculas.

— Não tenho nada a dizer.

— Você tem. Conte-me o que você sabe sobre si mesma — uni as sobrancelhas em minha testa, fazendo jus a uma expressão de ronceirismo eminente.

— Como assim o que sei de mim mesma? Eu me conheço muito bem — digo, a alterar minha voz um pouco, e sua atenção deslocou-se do papel impresso para meu rosto confuso e irritado.

— É mesmo? — uma de suas sobrancelhas se ergue, e minha posição na cadeira causou desconforto assim de que a frase dita soou muito mais como um desafio. — diga onde nasceu. — e os olhos cor de bronze recaem outra vez sobre as notícias escritas.

— Texas.

— Errado. Você é de Nova York, nasceu lá, mas seu pai a levou para o Texas quando bebê. — meus batimentos cardíacos corresponderam a agitação dos meus neurônios, enquanto muitas perguntas formaram-se em minha mente, e eu mantia-me calada diante delas, sabendo que não teria soluções eficientes para nenhuma delas. Eram dezenas. Milhares. — Como eu sei disso? — ele diz, antes mesmo que eu pudesse proferir qualquer palavra. — Através de suas verdadeiras documentações. Como consegui isso? Através de investigações minuciosas, não posso pôr uma desconhecida em minha casa.

Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora