who?

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Emoções diferentes invadem meu corpo. Angústia, preocupação, raiva, eu não sei ao certo. Aquela carta parecia ser de alguém perigoso... mas quem? Algo me diz que foi ele, justin. Com certeza ele estava fazendo algum daqueles joguinhos idiotas. Mas por que justamente uma carta? Estava confusa.
Cecília ainda me olhava curiosa, enquanto eu encarava o nada e amassava o papel em minhas mãos de maneira lenta.

— o que foi, menina? O que tem escrito? — ouço a voz de minha amiga ao fundo, mas não a respondo, pois estava completamente mergulhada em pensamentos. — Marie? Anda, diz de uma vez o que está escrito — a mão gélida da mulher toca o meu braço e eu saio dos meus devaneios, a olhando nos olhos. No momento em que abri os lábios para lhe dizer algo, o som irritante da companhia ecoa pela casa.

— deixe que eu atendo — digo, e antes mesmo dela me perguntar qualquer coisa, eu saí da cozinha, com a carta em mãos. Em longos passos eu cheguei até a porta e a abri de uma vez, sem olhar no olho mágico. Justin entra como um foguete na casa, esbarrando em mim com tudo.

— por quê diabos você tocou campainha? — questiono, fechando a porta e me virando para ele, que para no mesmo momento, de costas para  mim.

— me deixe em paz, garota. Eu faço o que eu bem entender. — sua voz soa arrastada e um tanto ameaçadora.

— eu vou te deixar em paz depois que me explicar o que é isso — seguro a carta amassada com uma das mãos, e ele se vira para mim, os olhos vermelhos sendo direcionados até os meus.

— não sei o que é isso — diz rapidamente, e eu solto uma pequena risada com aquilo.

— ah, Não? Pois eu tenho certeza que foi você quem me mandou essa coisa idiota — dou alguns passos a frente, batendo com a carta no peito dele. Ele me olha com raiva e põe a mão lentamente sobre o papel amassado, abrindo e então observando a mesma por poucos segundos.

— eu não escrevi isso — ele diz, entregando-me a carta novamente.

— não acredito em você. — cruzo os braços com o papel ainda entre meus dedos, a expressão dele é séria.

— Jamais precisei que acreditasse em qualquer coisa que eu disse — ele se vira, ficando na posição de retirada

— precisou que eu acreditasse em você para me tirar daquele lugar e me trazer aqui — penso rápido, sinto meu corpo se arrepiar ao me lembrar daquele dia. Justin não diz nada, apenas se dirige até as escadas e sobe degrau por degrau de maneira calma, eu bufo de raiva. O odiava e isso era nítido.

Voltei para cozinha, vendo Cecília colocar a comida na Travessa que estava em cima do grande balcão de mármore, com delicadeza e calma.

— ouvi apenas a sua voz. O que houve com o Justin? Estava mudo? — ela diz, e eu me aproximo, sentando no banco a sua frente e apoiando meu cotovelo no balcão e meu rosto em minha mão.

— acho que foi ele que me mandou a carta. — deixo o papel a massado no balcão, e a senhora a minha frente deixa a panela de lado e leva suas mãos curiosas até a carta, a abrindo e verificando.

— isso deve ser besteira, não ligue para isso — Cecília deixa o papel no mesmo lugar, e volta a arrumar a comida.

— você acha que foi ele quem escreveu?

— por que ele faria isso? — olho para longe, e suspiro baixo.

— eu não faço ideia...

(...)

01:06 AM. Ainda estava acordada. Não conseguia simplesmente pegar no sono pois meus pensamentos não me permitiam completar tal ato. Penso em como minha vida mudou, o quanto eu era feliz antes, e como tudo de repente se tornou um pesadelo. Também naquela carta. Não fazia sentido ser Justin, eu nem sei porquê o acusei. Minha cabeça estava confusa em relação a isso.

Sinto minha garganta totalmente seca, e me lembro de quase não ter bebido água naquele dia. Então simplesmente me levantei, estava vestida por uma camisola larga e confortável. Todos estavam dormindo naquele horário, então eu poderia descer sem que ninguém me visse. Caminhei até a porta e passei por ela após abri-la.

Olho para os lados, me certificando de que não havia ninguém além de mim naquele corredor escuro. Finalemente ando, então por impulso, olho para o quarto de Justin. As luzes estavam apagadas e era possível ouvir gritos vindo dali. Mas também eram gritos dele. Ou melhor, gemidos.

Rapidamente me afastei do local, era realmente nojento imagina-lo transando. Como alguém poderia transar com alguém como ele?
Desço as escadas, ainda é possível ouvir os gemidos, o que não me deixa prestar atenção nos degraus e eu quase caio, mas me seguro. Abro bem meus olhos, dessa vez prestando atenção.

Desço com cuidado e me direciono até a cozinha abrindo a geladeira e pegando uma garrafa de água, em seguida a viro na boca. Estava realmente com sede. Após isso, me retirei do local e subi as escadas novamete. Os gemidos me assustam e me fazem abraçar meus próprios braços, voltando para meu quarto. Eu só queria estar longe desse lugar e voltar a minha antiga vida.

Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora