eyes of fear

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Alguns minutos foram o bastante para eu já estar em meu destino. O motor se acalmou, meus dedos cheios de anéis luzidios se relaxaram no volante a minha frente, solto o ar de maneira pesada e só então olho para a minha direita, vendo através do vidro fumê, o balcão abandonado em que minha gang costumava atuar. Um sorriso brinca na pequena fenda de meus lábios, ao lembrar-me das coisas insanas que fazíamos naquele lugar. Matar e induzir a morte, eram as coisas não trivais que me satisfaziam.

Direcionei o carro até uma área escondida atrás da grande construção inacabada no meio do mato, um lugar escondido e longe da cidade, onde ninguém seria capaz de ir por puro medo ou falta de interesse.
Permiti que a porta se abrisse para cima, e assim saí do veículo, ajeitando meu terno em meu corpo. Podia-se ouvir as vozes dos meninos do lado externo das paredes cheias de desenhos estranhos, enquanto eu caminhava para a entrada da grande "casa mortal", como eu costumava chamar.

Passei pela porta sem precisar abri-la, e ali vi uma grande mesa no canto, com um grande armamento pesado. Um sofá velho e grande, que sustentava o corpo preguiçoso de Ryan e Alfredo. Christian, como de costume, jogava um joguinho qualquer em seu aparelho celular, em uma cadeira no centro do local. Bem mais ao fundo, analiso o que são duas belas garotas, com panos nos lábios e os braços para trás; o corpo sentado a cadeira de ferro, os pés também presos. Ambas eram loiras e tinham um bom físico, pelo menos vistas de longe.

– onde está Chaz? – questiono em voz alta, caminhando para o centro da enorme sala, vejo que chamo a atenção de todos eles, que ficam de pé ligeiramente e formam uma bela postura.

– high! – Ryan é o primeiro a vir em minha direção, meus olhos estão grudados nas meninas e quase não percebo quando está perto demais, prestes a abraçar-me. Ergui um de meus dedos na direção do homem, fazendo o próprio parar antes de completar o ato. Nada de demonstrações de afeto, ele já deveria saber disso. Travo o maxilar e continuo a minha caminhada em direção às jovens, atraindo olhares confusos.

– eu perguntei onde estar Chaz. Será que dá para alguém me responder? – falo calmamente, de costas para eles e de frente para as meninas que me encaravam com os olhos chorosos. Ambas tinham olhos demasiamente claros, era possível ver sardas na região do nariz empinado que elas tinham. Aposto que a morte adoraria encontrá-las. Silencio. Ninguém pronuncia nenhuma palavra e aquilo me irrita profundamente.

– EU PERGUNTEI ONDE ESTÁ O CHARLES, PORRA! – grito em bom som, me virando para todos eles, que formam uma linha imperfeita com seus corpos. Apesar de não demonstrarem tanto, consigo sentir o cheiro do medo.

– ele foi para o Canadá, teve que resolver problemas familiares. – Christian é quem fala, e eu me mantenho em silêncio analisando a ideia.

– qual é, Justin! Não precisa ficar irritado com isso, cara. Ele só foi resolver umas coisas e já volta – Alfredo fala, caminhando e parando em uma distância de um braço de mim, ele sabia que não gostava de estar muito próximo de alguém. Um sorriso brinca em meus lábios novamente, e eu solto uma breve risada um tanto rouca.

– não estou irritado – menti. Ainda sustentando aquele sorriso estranho, levei uma de minhas mãos até o queixo de uma das jovens, fazendo a mesma olhar para eles mas não poder dizer nada, pois o pano a impedia. – hoje é dia de festa, galera! – alargo um pouco mais meus lábios, minhas bochechas doem e eu paro. Os garotos sorriam, meus olhos acompanham Ryan saindo de seu lugar e indo em direção a uma caixa de isopor, onde obviamente estavam as bebidas.

Me virei novamente para as garotas, que me olham assustadas e com os olhos marejados. Meu dedo indicador faz um pequeno caminho na ponta do queixo de uma delas, e eu abaixo o pano incardido para baixo, tendo a deslumbrante visão de seus lábios volumosos e rosados.

Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora