Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.

you know wassup

||Claire's point of view.||

Parada perante Troye com os braços cruzados e a postura rígida, o desafiei com o olhar, mesmo após o mesmo fazer ameaças vazias sobre me colocar para fora da casa. Com toda a certeza, ele tinha o dobro da minha força e tamanho, e poderia me colocar em um dos braços e me levar para onde quer que fosse; porém estava disposta a chutá-lo na região íntima se tentasse. O homem confiante de toda sua grandeza permaneceu imóvel em meu caminho, e quando ameacei contorná-lo, ele se moveu sutilmente, tomando meu campo de visão outra vez.

— você sabe que Tzar deseja minha presença mesmo que não suporte a ideia de me ter em sua frente — sorri, balançando a cabeça para afastar meus cabelos dos ombros. As sobrancelhas grossas de Troye se uniram, talvez tentando decifrar o que eu tanto queria com seu mestre. — acho melhor que me deixe passar, ou...— parei meu dedo indicador em seu ombro, como se pudesse furar as camadas grossas de seu uniforme até que chegasse à pele.

— ou o quê? — questionou-me, baixo demais, o que me fez sorrir mais abertamente, como a serpente que ele achava que eu era. Ou me tornei.

— sei que você roubou a jóia de Grace, a mesma jóia que até hoje Nate se questiona sobre o paradeiro, e anseia pelo momento em que colocar as mãos na pessoa que lhe roubou a última lembrança da noiva morta — deixei que as duas últimas palavras saíssem de forma mais lenta de meus lábios, e percebi a maneira como o homem robusto os encarou. — agora a única coisa que eu me pergunto é... foi para pagar dívidas suas ou para apagar as lembranças sobre Grace e ganhar seu parceiro de copo de volta?

Vi um músculo na bochecha de Troye ficar tenso e visível, e não precisei olhar para suas mãos para me certificar de que precionava a ponta dos seus dedos na palma, na esperança de que aquilo lhe traria algum conforto. Ou o livraria da crueldade de tzar se o próprio soubesse que seu melhor amigo foi o responsável por retirar sua única lembrança de paz.

Sem escolha e ainda surpreso por saber que eu sabia do seu segredo e poderia utilizá-lo em sua ruína, o segurança se moveu para o lado de modo que eu pudesse bater meus saltos até as escadas e quando me movi em direção a elas, dedos fortes e firmes envolveram meu braço, impedindo que eu desse mais um passo.

— me diga qual é seu preço — sussurrou ele, e me dei conta de que jamais o vi tão transtornado. Tinha algo mais que medo nos olhos, tinha... uma mistura de tristeza e ódio. Não de mim, mas dele próprio.

— por enquanto só que você tire suas mãos de mim e me deixe ir — um solavanco em meu braço foi o bastante para que eu pudesse me soltar e desfilar em direção às escadas, com um sorriso apoteótico que aumentava conforme seu rosto patético reprizava em minha mente, e ao final do último degrau se tornar uma risada reprimida.

"saber segredos do adversário faz com que você esteja a um passo à frente, cabe à você saber utilizar isto como uma vantagem própria" — high me disse uma vez, quando eu era tão ingênua que não conseguia compreender tamanha desconfiança com tudo e com todos. Sempre fora tão paranóico que me assustava, mas era admirável. Ele tinha a habilidade absurda de enxergar através do seu oponente, descobrindo suas fraquezas e segredos mais cruéis, para eventualmente utilizá-los em seus esquemas ou chantagens. E era esquisito como as mensagens que ele repetia, eram tão similares as do tzar.

Pensei nisso enquanto encarava a porta de carvalho a minha frente, e quando a indecisão começou a tomar conta de mim e dos meus atos, girei a maçaneta, surpreendendo-me por não estar trancada. Logo, a imagem do quarto bem organizado e com um forte cheiro amadeirado se formou a medida que a porta se abria, com grunhidos agudos.

Olhos florescentes me encararam e eu simplesmente não pude evitar reparar nos músculos molhados, cabelos bagunçados e encharcados caídos a testa pálida, dedos tão fortes e firmes que eu poderia sentir seus calos à alguns passos de distância. A toalha, preza a cintura, foi a responsável por me poupar de mais constrangimento.