the past haunts you

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the next day...
*o próximo dia...

Justin's point of view.

Estava a caminho de minha boate, o trânsito estava ao meu favor. Minhas roupas eram formais, apesar do calor intenso fora daquele veículo em movimento. As janelas de vidro fumê se encontravam fechadas, não permitindo que meus cabelos saíssem de sua ordem ou até mesmo, alguém do lado externo pudesse vê a minha face que esbanjava a sua monotonia.

Apesar do ar frio sendo cuspido contra o meu rosto e corpo bem-posto, minhas mãos soavam por algum motivo sigiloso. Penso que aquilo poderia fazer parte da minha rotina, já que acontecia com uma frequência surreal. Um homem das aos gélidas e suadas, parecia algo até mesmo irônico.

Meu aparelho móvel vibra no bolso de minha calça social denegrida, meus olhos reviram ao imaginar ser Jeremy. Paro o veículo diante do sinal vermelho e aproveito para levar a minha mão até a vibração insistente, colocando em meu membro auditivo após deslizar o dedo preguiçosamente pela tela, pousando meu olhar em uma senhora corcunda e sua bengala, a lentidão que ela caminha me irrita.

Ligação on

— o que deseja? — a rouquidão estava presente em minha voz, pela falta de utilização da própria nas horas anteriores. Passei a apertar o volante com a mão oposta, preparando meu corpo para ir mais rápido quando a estúpida senhora se retirasse de meu campo de visão.

— Meu filho! Que saudade! O que tem feito? — meu cérebro identifica a voz alterada de Jeremy Bieber, e eu me pego rolando os olhos novamente.

— não compreendo a necessidade dessa reação exacerbada — dessa vez, por mais que não seja a minha intenção, minha voz soa rude, mas nada do que ele não esteja acostumado. O carro volta a se mover em uma velocidade considerável, e eu lembro a mim mesmo de responder sua pergunta. — estou indo para a boate agora, parece que algumas coisas não estão indo muito bem por lá. O que deseja? — refaço a pergunta calmamente, meus olhos fixos na rua extensa a minha frente.

— desejo que venha até mim, em minha residência...

— o que deseja que eu faça em sua residência? — o interrompo rapidamente, percebendo que minha sobrancelha se ergueu sem a minha permissão imediata.

— tenho uma surpresa para você — seu tom é animado, podia dizer que estava bêbado.

— não gosto de surpresas. Adiante-se. — mantive a tranquilidade e a monotonia diante da situação, passando direto de minha boate para seguir o destino até a casa de meu pai.

— você vai gostar dessa surpresa, por favor não demore. — ele desliga, não me dando tempo para respostas.

Ligação off

Algo em seu tom de voz me deixa desconfiado, Jeremy não costumava fazer "surpresas" para o filho tão amado. Na verdade, amor foi tudo o que ele não me propôs. Eram regras atrás de regras, por fim, acabei criando as minhas próprias, ditando-as repetidas vezes em minha cabeça. O passado ainda me assombra, a doença torna tudo mais real e impossível de fugir. Quando penso que minha saúde mental está estabilizada, então novas venetas acontecem.

Flash back on.

Canada, Ontario, Stratford. 12/17/2007.

Já tinham se passado cinco dias desde a minha fuga de casa. Nem sinal de Jeremy atrás de mim, o que era bom. Estava feliz, apesar de minha única companhia ser um instrumento de cordas e corpo formoso e escultural.
A fome não se atreveu a me perturbar, os shows que fazia em frente ao Avon Theater me trazia pequenos lucros, utilizava o próprio para comprar alimento ou até mesmo tomar banho em um pequeno bar na esquina. Ryan, filho de uma amiga de minha falecida mãe, ajudou-me em questões de moradia, escondendo-me em sua garagem em noites frias, mas nem sempre era possível, pois sua mãe achava minha figura um tanto questionável.

Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora