Tzar

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|| Marie's point of view. ||

Meus sentidos retornam vagorosamente, um por vez, e a dor em minha cabeça é a primeira delas. Aperto os olhos. O mundo parece girar ao meu redor antes mesmo que eu soubesse em que parte dele eu estava. Tento abrir os olhos, me adaptar ao ambiente, e aos poucos vem se tornando mais fácil visualizar e identificar o espaço onde eu me encontrava.

Meus lábios se abrem para formar a primeira palavra que me veio à mente, mas a própria se perde no vazio de meu cérebro. Olho para os lados vagorosamente, sentindo meu corpo ainda doer; aquilo era sem dúvidas um sonho. Precisava acordar, com urgência.

Apertei os lenções de seda na cama alta abaixo de mim, e visualizei os detalhes do grande quarto com cautela, procurando por saídas e respostas para perguntas que foram feitas antes que eu apagasse.

Duas imensas poltronas igualadas na cor dourada; um tapete que cobria a maior parte do chão de mármore chamava a atenção por conta de suas junções de tons diferenciados de azul e dourado. Uma penteadeira a minha esquerda a alguns passos de distância era uma das coisas mais belas que já tinha visto, seu tom de branco, azul e dourado combinava com o resto do enorme cômodo. Quando meus olhos chegaram ao teto, perdi o fôlego por um segundo quando me deparei com um grande lustre, que brilhava como pequenas constelações na imensidão decorada daquela parte superior. Incrivel, hipnotizante e sombrio; palavras que podem definir aquele lugar da maneira mais adequada possível.

Quando olhei para o meu corpo, eu não estava sangrando. Minhas vestes ainda continuavam as mesmas apesar de estarem um pouco mais sujas. Alguns pequenos curativos foram feitos em minhas pernas, para tapar os cortes que o acidente ocasionou. Confusa, levei a mão à cabeça, e a dor parece acalmar após aquele ato. Será que alguém havia de fato me salvado e precisava de alguma informação que me levasse de volta para a casa? Mas por que precisariam me fazer desmaiar?

Quase pulo da cama ao ouvir a porta ranger quando é aberta, e uma forma masculina adentra o quarto de modo silencioso, dando alguns passos calculados para se ajustar a uma longa distância de mim e onde eu pudesse o ver por inteiro. Meus olhos se fixaram em seu rosto, memorizando cada mínima parte dele; olhos verdes e cabelos tão pretos que quase não refletia luz. Ele usava e abusava da cor escura; uma calça de couro negro e uma blusa da mesma cor. Ele me lança o que parece ser um sorriso amigável, e coloca os braços atrás do próprio corpo.

- bom dia, senhorita... - ainda estava pela manhã? Não haviam janelas próximas para que eu pudesse notar isso. - sou tzar. Acho que não nos conhecemos; na verdade, posso dizer com convicção que você é quem não me conhece. - sua voz é um tanto grave e séria, apesar do sorriso se formando certas vezes no canto dos lábios. Por mais que fosse absurdamente bonito, era assustador.

- onde está minha amiga? - foi a primeira coisa que pensei, mantendo-me imóvel quando na verdade estava uma pilha de nervos.

- oh, aquela velha?! - questiona como se fosse óbvio, soltando uma risada baixa e rouca com o olhar baixo, como uma forma pífia de esconde-la de meus olhos. - está em segurança, não se preocupe com isso.

- quando poderei ir para casa? Quais são as suas intenções comigo e por que me tirou de perto dela? - emendei, desejando que o medo ainda permanecesse neutro. Era a última emoção que eu poderia demonstrar naquele momento.

- são muitas perguntas, você não acha? Mas respondendo a maior delas: você vai para a casa em breve. Ou melhor, voltará aos serviços do Bieber em breve. - um frio percorreu minha espinha. Como ele sabia da existência de high? Como ele poderia adivinhar que eu trabalhava para ele? Ou talvez nunca precisou adivinhar.

Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora