tears and more tears

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Marie's point of view.

Meus dedos tremiam com o pequeno objeto que Cecília comprou para mim, era possível ver o seu balanço prestes a escorregar de minha mão. Eu rezava mentalmente para aquele teste não dizer positivo, ele não poderia dizer. Mesmo assim, lágrimas devoraram os meus olhos, se esticando sobre minhas bochechas que já tinham o seu tom avermelhado por não ser a primeira vez que eu chorava naquele dia. Estava sentada no vaso sanitário e não tinha forças para me levantar dali, tão pouco tinha vontade de fazer xixi e realizar aquele teste. E se der positivo, como fica a minha vida? Eu não tenho idade para cuidar de uma criança, não tenho dinheiro e muito menos saúde mental para isso.

Algo em mim me disse para relaxar, e eu respirei fundo, fechando os olhos com uma certa força e expulsando qualquer vestígio de água que queira cair de meus olhos. Abri minhas pernas e coloquei o teste por baixo de minha intimidade, tento relaxar ao máximo e pensar na possibilidade de não dar certo. Respirei meio trêmulo e só então consegui urinar no ponto certo do pequeno objeto, esperei alguns minutos ainda de olhos fechados e o retirei lentamente.

Senti meu corpo paralisar ao ver aqueles dois tracinhos vermelhos, não conseguia simplesmente respirar, parecia que o céu caía sobre minha cabeça ou o chão me faltava. Tentava dizer algo a mim mesma, gritar que não era verdade, mas qualquer reação sumiu do meu corpo.

Quando percebo, a lágrimas escorrendo de meus olhos e se estendendo por minhas bochechas, soluços me tomam e eu jogo o pequeno objeto para longe, me curvando e apoiando meus cotovelos sobre as pernas e as mãos sob meu rosto choroso.

Naquele momento, tudo parecia estar perdido, eu estava perdida. O que eu faria? Nem eu a resposta. Tudo poderia ser uma grande mentira, mas meu corpo sabia a verdade.

E então, tudo parece estar caindo
A dor é intensa e eu não consigo fazer parar
A vida passa, pessoas se vão e eu continuo ali
Tudo parece estar piorando, a dias atrás eu não sabia que seria assim

Aos dezesseis, toda menina quer um carro, e eu só queria a minha inocência de volta.

Não sei exatamente quais são os planos de Deus para mim, mas imagino que seja a prostituição a noite e a boa mãe ao dia. Talvez eu nem pudesse criar o meu filho. Talvez ele só fosse mais uma criança prestes a ser abandonada em em uma caixa de papel na rua, pois eu nunca teria condições financeiras e psicológicas para cria-lo.

Chorei, pela milésima vez, eu chorei.
Queria colocar aquilo para fora, queria punir a mim mesma por ter confiado em meu pai. Afinal, tudo aquilo era culpa dele.

Meus dedos ligeiros encontram meu braço, e eu arrasto as minhas unhas por minha carne, me satisfazendo com a dor aguda dos arranhões. Tento gritar, mas nenhum som se atreve a sair, apenas lágrimas e mais lágrimas. A cabeça tombada para trás e a garganta apontada para o teto me parece uma ótima posição para chorar, eu me sinto envergonhada diante do futuro, o que eu faria com essa criança?

Perguntas me rodeiam e eu só sou capaz de chorar, arranhando a mim mesma como se aquilo me fizesse morrer espontaneamente. Quando tudo dá errado, você só anseia a morte.

Veja agora, meus pulsos estão cortados
Eu grito e ninguém consegue ouvir
Lágrimas são cortantes e amargas, eu queria poder esfaquear meu coração para que ele sangre até sua última batida, sua última batida.

Juntei forças e me ergui, subindo minhas calças e limpando as minhas lágrimas de maneira rápida. Ninguém estava me chamando, eu só queria me ver longe daquele lugar sufocante e por um fim em todo aquele drama. Abri a porta do banheiro e puxei o ar para os meus pulmões, um vento frio passa por meu rosto e arrepia a minha pele.

Me viro naquela direção e vejo a janela aberta, com as cortinas arreganhadas. Dou passos ligeiros até ela e seguro o vidro, encarando a altura daquele local. O que aconteceria se eu pulasse? Não era extremamente alta, talvez eu só quebrasse alguns ossos e perderia o bebê. Talvez eu só quebrasse o pescoço e morreria de uma vez. Os "talvezes" Sempre me deixam confusa.

Algo me diz que eu deveria fazer aquilo, mas outra parte de mim me diz que eu deveria me afastar e descansar. As duas partes entrem em conflito, não sei qual ouvir, meus olhos estão presos no gramado do jardim, que está a metros de profundidade de onde estou.

Meus pés tocam o batente gélido da janela, ganho impulso para cima e me ajeito ali, ficando curvada. O gramado parece me chamar, parece estar de braços a abertos para mim. Uma pontada em minha cabeça me implora para descer dali, mas não é isso o que meu coração quer. Ele sabe que eu nunca seria capaz de vencer essa batalha, ele sabe que sou falho.

Fecho os olhos e solto uma das mãos, inclinando um pouco para frente, respiro fundo e tento me acalmar, soltando a outra mão. Meus batimentos aceleram quando vou para frente, mas algo me toma pela cintura, braços fortes me envolvem e me puxam para dentro antes que eu seja capaz de pular.

Abro meus olhos, encontrando uns castanhos vividos e incrivelmente brilhantes, estavam arregalados e ele me apertava com medo. Tinha a respiração ofegante assim como a minha, seu terno estava perfeitamente ajustado ao corpo e seus cabelos já não estavam tão arrumados. Era ele. Justin me salvou da morte e só naquele momento me dei conta, da besteira que faria.

Em relação ao capítulo 17 e 18:

Lembrando que: sou apenas uma garota de 14 anos que entende muito pouco sobre armamento ou mortes, então qualquer erro, me desculpem. Obrigado a todos que leram, principalmente aqueles que me incentivam a continuar. Bem, eu fico por aqui, até outro dia e não se esqueçam de votar!

Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora