unknown world

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three weeks later
-três semanas depois-

Os dias se passaram como um sopro de vento contra o meu rosto. Eu estava naquela casa a muitos dias, mas ainda não tinha me acostumado com a minha "nova vida". Acordava todos os dias na esperança de que poderia acordar do sonho, ou pesadelo, que era viver naquela casa. Cecília melhorava os meus dias. Na verdade, ela era a única pessoa que se importava comigo naquele lugar.

Mason ia me visitar algumas vezes, principalmente nos fins de semana. Depois de nossa conversa a alguns dias atrás, nos tornamos bons amigos. Mas só nos falavamos bem longe dos olhos de Justin. Parece que os dois não se davam muito bem, e ele não me disse o motivo.

Alguns dias atrás,coisas viam acontecendo com meu corpo. Algumas... sentia-me estranha e extremamente enjoada. Não podia sentir o cheiro de nada ou comer nada, que tinha que sair correndo para o banheiro, colocando tudo para fora. Cecília me ajudou, claro, deduzindo o que poderia ser uma virose ou alguma coisa estragada que eu tinha comido.

Naquele momento, eu estava deitada em "minha" cama, passando as páginas de um bom livro que tinha encontrado na biblioteca. Sim, na grande mansão do Justin Bieber tinha uma biblioteca. A verdade é que eu sempre gostei de ler, principalmente aqueles que falavam sobre magia e contos de fadas. Sempre gostei de acreditar em mundos que não fosse o real. O real era cruel e machucava as pessoas sem nenhuma lástima.

Lembro-me da primeira vez que ganhei o meu primeiro livro. A felicidade em meu rosto, as risadas que dei lendo aquele conteúdo que hoje em dia não sei o nome, mas sei que li. As vezes em que meu pai leu para mim, e chorou comigo quando chegou ao fim. O final era trágico demais para duas "manteigas derretidas" como eu e ele. 

Sempre questionava o que aconteceu para que ele tomasse a decisão de me vender, que eu me lembre, nunca fui uma filha ruim ou algo do gênero. Acho que nunca vou entender o verdadeiro motivo, talvez odia-lo seja o melhor a fazer.

O barulho da porta chama minha atenção e eu fecho o livro com calma, deixando em minhas pernas cobertas pelo edredom. Era sábado e eu não tinha absolutamente nada para fazer. Virei meu rosto lentamente naquela direção, vendo apenas a metade do corpo de Cecília para dentro do quarto.

— vim aqui só para entregar uma boa sopa para você — ela sorriu para mim e eu sorri também, logo a mulher adentra o quarto com suas vestes triviais, com uma bandeja que possuía um prato branco em cima. Fiquei um tempo pensando se eu deveria comer ou não aquilo, pois estava com medo de vomitar novamente.

— o cheiro está ótimo — e de fato estava. Cecília tinha um dom para culinaria que nem eu mesma entendia, ela era incrível.

— espero que o gosto também esteja — sorri agradecida quando minha amiga pôs a bandeja em meu colo, a sopa era verde, então presumi que seria de ervilhas, e eu realmente adorava.

— aposto que está, é a melhor cozinheira que eu já vi — ela se senta na beirada da cama e ri da maneira com que falei, eu pego a colher ao lado e coloco um pouco de sopa na mesma, logo levando até os lábios e tomando daquilo. Estava incrível.

— e então, aprovada? — a mulher questiona mesmo sabendo a resposta, e eu sorrio com a colher próxima da boca.

— aprovada! — falei alto, colocando a sopa de lado e me curvando um pouco na cama para assim poder beijar a bochecha de Cecília como uma forma de agradecimento. Ela sorriu ainda mais boba com aquilo, e me deu um abraço apertado. Era incrível como eu me sentia bem ao lado dela.
Voltei a minha posição normal quando me lembrei de uma coisa.

— não foi visitar sua filha? Hoje é sábado e você está livre — disse "você" porque houve vezes em que Cecília quase me bateu por chama-la de "senhora". Ela me pareceu triste quando fiz o questionamento.

Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora