you again?

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||Marie's point of view.||

Era sábado, e apesar de ser um daqueles dias que trabalhamos mesmo no fim de semana, Justin preferiu dar folga para todos, o que era bem estranho. Ele não costumava fazer aquilo, de maneira alguma. Cecília permaneceu na casa junto a mim, apesar de todos terem ido passar o dia na casa de familiares e amigos próximos. Estar na companhia dela era sem dúvidas, a melhor parte do meu dia. Nós conversávamos sobre tudo.

— preciso te contar uma coisa...— sussurrei em um tom baixo, mas o bastante para que a mulher pudesse ouvir. Nós estávamos no quarto e ela estava sentada a minha frente, com os olhos curiosos para saber o que eu iria dizer.

— pode contar, querida — me encoraja, passando os dedos pálidos e um tanto enrugados na lateral de meu braço. Encarei seus olhos esverdeados e levei uma de minhas mãos até meus cabelos, colocando uma mecha para trás da orelha enquanto tentava achar palavras certas para se encaixar de maneira perfeita em uma frase.

— eu...— dou uma pausa. A cena do beijo repete em meu cérebro outra vez, me atormentando. Eu paraliso. Aquilo repete. De novo. De novo. De novo. Justin e Jeremy. Jeremy e Justin. Trocavam de personagem mas o roteiro era o mesmo. Olho para Cecília, seu olhar é de preocupação. — estou tendo uns enjoos fortes, você tem algum remédio para isso? — pelo menos nao menti. Perdi as contas de quantas vezes fiquei enjoada essa semana.

— na verdade isso é normal no começo da gravidez, depois para...ou você se acostuma. — me lançou uma piscadela ao terminar, um pequeno sorriso se forma no início de seus lábios avermelhados. Mordo as pelinhas de minha bochecha, não queria adiar aquilo. — tem mais alguma coisa que queira me contar, querida? — ela fala suavemente, percebendo o meu nervosismo diante de sua presença.

— não é nada, é só...— me ergo, passando minhas mãos trêmulas por meus fios castanhos. Paro meu olhar na mulher, eu precisava colocar aquilo para fora. Estava cansada de falar sozinha. — eu sou tão nova para ter um bebê...— soltei o ar durante a fala. Não era aquilo o que eu queria dizer. Caminho até o espelho e encaro meu reflexo. Um pequeno ovinho já estava visível em minha barriga e aquilo era assustador.

— Marie...você vai sofrer mais se tirar essa criança...

— eu não vou. — A enterrompo, a olhando por cima do ombro brevemente.

Encaro meu corpo no espelho. Fecho os olhos mais uma vez e imagino aquilo. A maneira como ele me tocou e me levou para sua cama sem nem perguntar se realmente era aquilo o que eu queria. Quando encontrou a pele sensível de meu pescoço e eu fechei os olhos, mas quando os abri...vi seu pai. O seu retrato vivo. O pai do meu filho ou filha. Creio que sentiria ainda mais nojo de mim mesma se permitisse que ele retirasse minhas vestes.

— está tudo bem, querida? — dessa vez, a voz de Cecília soa mais próxima a mim, e eu volto a abrir meus olhos, me assustando um pouco com sua imagem refletida no vidro. Ela alisa meus braços, como se quisesse me consolar.

— não...— sussurro baixinho, olho para meus olhos, aos poucos o azul se torna mais intenso na medida que os mesmo se enchem d'água.

— oh, mas o que aconteceu, meu bem? — seu tom de voz é preocupante. Me virei para ela e a abracei, sem dizer absolutamente nada. Lágrimas inúteis insistem em cair de meus olhos, me fazendo apertar o corpo de minha amiga ainda mais. Ela retribui, sem dizer nada. Eu precisava daquilo.

— Justin me beijou, outra vez...E-Ele me levou para a cama d-dele e nós...— ela interrompe o abraço, olhando profundamente em meus olhos marejados e percebendo minha aparência chorosa. — eu o impedi de continuar...— sussurrei quando percebi que não tinha terminado, ela me pareceu aliviada.

Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora