M'allumer

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o fogo que aprisionava minha emancipação

Vivemos em eterna imodéstia e bufonaria com nós mesmos, você se destrói, arranca selvagemente pedaços de você, por uma única força, acreditando em falsas esperanças que alguém irá fazer o mesmo com você.

Você se arrasta, se doa, se esgota, e se cansa de tentar, se reconstrói pra alguém acabar com você de novo.
Eu acho facinante a capacidade que a maioria das pessoas tem de enxergar as outras como meros títeres, apenas peças de xadrez enquanto elas estão prestes a dar o xeque-mate.

Você é destituido do poder de seu próprio corpo, de sua alma e seus sentimentos. E ele, bom, seu corpo se torna apenas uma marionete, para a pessoa usá-lo da forma que sempre desejar, você se torna um brinquedo sexual, não passa e nunca vai passar apenas um objeto pra pessoa, descartável.

Mas você tá apaixonada, você a ama. Ou apenas tem a ilusão de que a ama, você está acorrentada, com corpo e alma, aquela pessoa. E seu conjure sempre será de poder dela. É doentio, é nefasto, é noscivo, mas você gosta, ou acha que gosta, já que suas vontades já não são mais suas, uma mera diversão temporária. E depois eu sou chamada de louca por dizer que o amor é uma força irracional e fatal.

Você se torna líquido e em seu peito e se acumula a angústia, enquanto observa sua emancipação escorrer como lava para longe de você.
Você dança no fogo fervendo em seu sangue, você se delicia com as chamas transbordando de seu tormento.
Incendeia-me. Incendeia-me. Incendeia-me.
Seus ossos estão clamando por mais. As amargas lágrimas da dor deslizam de seus olhos. A dor o vicia. A agonia te oprime.

Essa ácida força te possui, e agora você está queimando de prazer na puerilidade. Incendeia-me, suas veias gritam, rasgando todos seus sentimentos. Incendeia-me.
M'allumer d'amour.

— Kami Ortiz.

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Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora