all with the same letter

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Meus olhos estavam fixos em um lado sombrio do quarto, minhas pálpebras estavam erguidas e se recusavam a descer e se manter naquela posição até que o sono pudesse me tomar por completo. O vento batia contra a janela e emitia um som não tão agradável aos meus ouvidos, por isso eu tapava os próprios com a mão, para que assim pudesse pegar no sono de uma vez. Falho.

Levo meu olhar até o relógio no criado mudo, o mesmo marcava 5:23 da manhã. Liberei um breve suspiro e me sentei na cama, passando as mãos por meus cabelos, escuros pela falta de luz, e os prendendo em um coque despojado. Permiti que meus pés tocassem o chão gélido, e um breve arrepio percorreu minha espinha pelo choque do quente e frio. Me ergui, indo em direção a porta e me retirando.

A casa estava um completo breu, abracei meu próprio corpo quando uma corrente de ar passou por mim, dando outro passo a frente.
Apressei meus passos e cheguei as escadas, dessa vez eu precisava de atenção para tentar enxergar pelo menos um palmo frente de meu nariz. Desci calmante, chegando ao primeiro piso da casa.

No escuro, era difícil a locomoção, ainda mais em uma casa tão grande como aquela, com diversos moveis espalhados; não queria esbarrar e quebrar nada. Sabia que todas as peças ali eram de valor, jamais poderia pagar nem se quer um alfinete a meu chefe.

Ao chegar na cozinha, a primeira coisa que faço é tentar localizar a geladeira. Quando finalmente a localizo, aporta da própria, a luz de dentro me permite ver o que tinha ali. Torta de limão, coisas em latadas, legumes e verduras e diversas garrafas de vidro, que quantia bebida alcoólica dentro.

Pego uma garrafa de água, tomando um grande gole e sinto o líquido escorrer rapidamente por minha garganta de maneira refrescante. Quando o objeto se encontra vazio, afasto de meus lábios e jogo na lixeira, me apressando em sair daquele lugar.

Já tinha memorizado o caminho que percorri quando passei pela sala, por isso apenas repeti o mesmo, chegando às escadas mais rápido do que tinha chegado à cozinha. Subi degrau por degrau de maneira silenciosa, não queria acordar ninguém e fazer com que me odiassem.

— ainda acordada, Marie? — meus olhos vão diretamente para a direção que vinha aquela voz arrastada e baixa, que quase me fez pular de susto. Bieber estava ali. Seus cabelos loiros bagunçados, caídos para trás, destacando seus olhos castanhos brilhantes. Estava sem a camisa, mas ainda com a veste de baixo, nada muito íntimo. Era difícil ve-lo daquela forma, por isso a estranheza.

— não estava conseguindo dormir, fui beber água e agora vou tentar novamente. — digo rapidamente, me colocando em posição de retirada.

— espere. — meu corpo paralisa no mesmo momento. Sinto um frio passar por mim, não me atrevo a virar.

— não tenho nada para falar com o senhor — dou ênfase ao "senhor", queria ver como estava sua cara, mas me recusei a isso.

— não há motivos para agir rispidamente comigo, Stewart. — dessa vez, me viro rapidamente, o encarando com um sorriso sarcástico no rosto.

— não há motivos para agir dessa maneira com você?! — me esqueço que todos estão dormindo, deixando que meu tom fique um pouco mais elevado. — você é um...— Seus lábios se unem aos meus, e com isso ele consegue me calar, mas eu me afasto de maneira rápida. — o que você está fazendo? Você é um...— outra vez, ele me beija. Sua língua procura a minha, ele me suga, seu gosto é bom mas eu me sinto na necessidade de me manter longe. — eu não quero...— e de novo, sua boca está na minha.

Minha mão se abre e se ergue na altura de seu rosto, mas desiste de se chocar contra ele quando seus dedos me apertam para si. Por um momento, esqueço quem ele é. Ou melhor, esqueço aquele lado sórdido que ele tinha, e lembro-me apenas de seu lado afável. Seus lábios encaixam com os meus tão bem como um quebra cabeça, seu gosto é implacável e irresistível. O que ele está tentando fazer comigo? Quero me afastar, mas meu corpo não obedece aos meus comandos.

Why should I care about you? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora