Treze ✅

5.9K 619 257
                                    

Os seus comentários nos motivam; boa leitura.

Os seus comentários nos motivam; boa leitura

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Alisson Parker

A manhã de segunda-feira começara pelo dito popular: com o pé esquerdo. Antes das sete horas Alisson já estava de pé, alimentando a sua gata Diane e preparando um chá.

A mente da Parker está agitada, bebendo o chá ela começa a se questionar o porquê da sensação estranha, como se algo de ruim quisesse entrar em seu dia. Ela nunca foi uma mulher supersticiosa, mas naquela manhã temeu pelas aflições de alguma forma serem algum sinal.

Saindo pelas ruas da cidade, apertando seu casaquinho rosa mais ao corpo em busca de um calor, Alisson estranha pela primeira vez a calmaria, como se tudo cooperasse. Assim que chega no trabalho, não encontra como de costume a dona Vera.

Com o soar do sininho, ao entrar no estabelecimento, ela repreende qualquer pensamento ruim e foca no cheiro que tanto a acalmava: flores. O lugar está limpo, com certeza obra da Judith; uma  funcionária que cuida da limpeza. Ela costuma ajeitar os vasos, limpar o ambiente e o deixá-lo harmonioso.

As horas foram se arrastando, mesmo com o clima calmo, Alisson teve que ficar até depois do horário de almoço trabalhando com a clientela.

As quatro ela decide fazer uma surpresa ao namorado. Fecha a loja e pede um taxi até a empresa Miller. Ao chegar não precisa ser identificada, afinal, todos a conhecem pelos longos anos de namoro.

O que ela não reparou foram os olhares raivosos em sua direção e outros de pena...

Ao chegar no andar em que ficava a sala do namorado, um espaço bastante bonito, saiu do elevador deparando-se com um corredor largo. Quadros decoravam as paredes, uma recepção com sofá, poltronas acolchoadas e a mesa da secretária que no momento está vazia.

Sem anunciar ela abre a porta da sala do namorado e estanca, paralisada com a cena em sua frente.

— Scott... — o nome sai baixo pelos lábios dela.

Uma mulher loira que estava debruçada sobre a mesa dá um pulo levantando-se e olha para Alisson que não consegue tirar os olhos dela, com a blusa aberta mostrando todo o sutiã preto.

Scott que estava sentado na cadeira parece visivelmente nervoso.

—  Amor... não é isso que está pensando — ele levanta passando as mãos no cabelo, transtornado.

— Nunca é... como nos filmes, a moça boba e inocente sendo iludida — Alisson parece anestesiada, o que de fato está.

— Não, querida, por favor, me escute, ela...

O namorado tenta se aproximar, mas se surpreende com o grito da garota.

— Não! Quem é você afinal? — A pergunta é feita para a loira que tenta discretamente fechar os botões da blusa.

— Eu sou a secretária dele e você quem é? — A voz dela é pegajosa. Alisson não soube decifrar o que mais a irritou: o fato de ele ter trocado de secretária ou da loira não a conhecer.

— Eu sou a mulher dele e antes que eu te bote para fora, sugiro que saia! — A mulher arregala os olhos e rapidamente saí.

— Então você me entende, amor ? — Scott chega perto ao ponto de toca-la, mas a mesma sorri. Um sorriso frio e cheio de escarnio.

— Eu achei que você me conhecia.  Está tudo acabado.

— Querida? Não! Eu te amo, Alisson, não faça isso foi um engano, me deixe explicar, meu amor.

Os olhos dele se enchem de lágrimas e Alisson tem um deslize de quase acreditar no seu teatro, mas escuta pela primeira vez o conselho da mãe e se afasta.

— Não me procure Scott.

— Amor, não! Por favor... Alli. — Um Scott chorão se joga aos pés da Alisson, como se realmente se importasse e não tivesse com uma loira nua praticamente no seu colo.

Sem responder ela sai o deixando jogado no chão. A  indiferença acaba no momento em que ela entra no elevador e saí do prédio. Aos poucos sua visão embaça e com um sinal de mãos pega um taxi pedindo para a deixar na praia.

Olhando as ondas ela se permite chorar. Chorar pelos anos que passaram juntos, chorar por lembrar de todas as mancadas que ela perdoou, chorar por ter se dedicado tanto a troco de nada.

Sentada na areia ela abraça as pernas, e se permite relaxar em meio aos soluços.

— Posso me sentar aqui ?

Uma voz a tira do torpor e ela levanta o rosto encontrando uma mulher agachada em seu lado. Ela tenta falar mas sua voz parece sumir.

— Tenho te observado por algum tempo, não se assuste... Ok, isso foi estranho — O comentário arranca uma risada de ambas. — Não sei o que houve com você, posso estar sendo intrometida mas não deveria estar tão triste, nós somos poderosas e muito lindas para qualquer coisa nos tirar a paz — a estranha faz uma pausa e continua: — provavelmente está lhe machucando nesse momento, mas... pense no lado bom das coisas, hoje ainda é segunda... apenas se abrace e explore todos os sorrisos que você pode dar ainda essa semana.

Alisson não sabe o que falar, as palavras da mulher entram em seu coração de uma maneira esquisita a reconfortante. Ela lembrou-se do Vincent, será que tinha imã para estranhos?

— Bom, tenho que ir, mas cuide-se. E qual seu nome? Sou nova na cidade, quem sabe não nos encontramos por aí novamente.

— Alisson e bom...eu moro aqui — a voz dela sai rouca por conta do choro, mas a desconhecida parece ouvir, pois sorri para a mesma antes de falar.

— Eu sou a Lydia, prazer em conhece-la, Alisson.

Lydia sorri uma última vez antes de se afastar balançando seu cabelo longo e ruivo.

Alisson achou ter ouvido o sotaque dela em algum lugar, mas não recordara.

Olhando uma última vez para as ondas, ela lembra de quando acordou: talvez deveria mesmo ter acreditado na sua intuição.

Compensando o capítulo anterior

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Compensando o capítulo anterior.

Airon Bonucci Onde histórias criam vida. Descubra agora