Utan Dig

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40. Utan Dig

New York, Auburn — Condado de Cayuga, Auburn Prison | 2017


— Boa tarde! — o detetive Max nos cumprimenta assim que entra na sala de interrogatório acompanhado pela promotora.

— Boa tarde! — Flores os cumprimenta com um aperto de mãos.

— Oi... — e como da última vez, isso foi tudo o que falei antes da policial Martha soltar as algemas que prendiam meus braços e sento-me em uma das cadeiras ao redor da mesa.

— Começaremos o interrogatório de hoje com Adrienne Wayne, detenta número 000506-3985. K482620-418. Quem conduz o depoimento é o detetive inspetor chefe, Nilsson Max e a promotora do Estado Josephine Sanden. Também presente o advogado de defesa, Humberto Flores. A data é 11 de setembro de 2017, e a agora são 15h00. — e como da última vez o Flores assentiu ao conferir o horário em seu próprio relógio dourado. — Vamos dar início ao interrogatório! — o Max fala por fim e a promotor Sanden arruma sua postura ao limpar a garganta.

— Como você se sente hoje, Adrienne? — sua falsa gentileza é tão nítida.

— Melhor, obrigada por perguntar. — digo e ela balança a cabeça abrindo uma das pastas amarelas a sua frente.

— Poderia nos falar sobre o Brian Scott. — ela me olha e sinto o desconforto se instalar dentro do meu ser.

— O Brian e eu namoramos por um curto período de tempo. — me mecho na cadeira tentando buscar uma posição mais agradável. — O Justin não apoiava nossa relação e era justamente por essa razão que só nos encontrávamos as escondidas. — sorri ao lembrar-me da noite em que ele invadiu a casa do Justin no meio da madrugada só para poder me da um beijo.

— Você o amava? — olho para meus próprios dedos e logo sem seguida para o Flores, o mesmo me da um sorriso gentil e suspirei.

— Eu ainda sinto um carinho muito grande pelo Brian, ele foi uma pessoa muito importante na minha vida. — digo e a promotora meche em seus papéis.

— Essas são algumas fotos tiradas de uma van preta que encontramos no meio de uma mata fechada ao sul da rodovia 77 em Manhattan. — a promotora desliza as fotos sobre a mesa e assim que meus olhos focam em seu conteúdo sinto todo o meu corpo arrepiar.

Ao notar minha reação as fotos, Flores rapidamente as cobre com as mãos e as empurra de volta para a promotora, sua expressão séria e chateada mostram o quanto que aquele tipo de coisa era inapropriada e sinto todo o meu corpo estremecer ao ter flashes cortantes em minha mente da noite em que o Brian morreu.

Seu olhar sôfrego e quase sem vida me encarando, sua voz inaudível e arrastada tentando me pedir perdão pelas coisas que me fez, seu corpo gélido e todo o sangue em minhas roupas e pele.

Tanto sangue. Havia tanto tom vermelho manchando tudo o que encostava. Ele estava lá, sangrando até a morte.

Um grito de horror me é emitido e os olhares assustados de todos se voltam para mim, sinto meu coração ser esmagado a cada nova lembrança que tanto trabalhei para oprimir e enterrar no fundo do meu subconsciente.

Todos aqueles momentos de dor e alegria me acertavam como facadas sendo proferidas a mim. Eu queria gritar. Então eu gritei. O mais alto e forte que meus pulmões foram capazes de aguentar. Eu queria chorar. Então eu chorei. O tanto quanto me foi permitido.

Os braços fortes dos policiais tentavam a todo custo se envolverem a volta do meu corpo e eu relutei. Eu lutei com todas as minhas forças contra todos aqueles que tentavam me silenciar perante ao meu luto em relação a morte do Brian.

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