41. Finn
New York-Presbyterian Hospital-Columbia e Cornell, de Nova Iorque, 2018 | 21h55pm
Costumava pensar na vida como algo a ser vivido de forma cautelosa e então tudo acabaria em um dado momento comigo sentada numa cadeira de balanço vendo o tempo passar com meus netos gritando a plenos pulmões na varanda da casa.
É engraçado lembrar desses pensamentos levando em conta a vida que venho levando desde que cruzei o caminho daquele que seria a minha maior perdição e motivo dos meus pecados sem redenção.
Sinto minha garganta seca e franzo o cenho antes de abrir os olhos e rapidamente me arrepender por isso. A claridade é cegante.
— Mamã? — uma vozinha soa ao meu lado e respiro fundo antes de levar minha atenção ao dono dela.
Vendo-o ali, tão perto de mim faz com que as lágrimas simplesmente brotem em meus olhos e escorram pelas minhas bochechas. Tento sentar na cama, mas uma forte dor no peito me faz desistir do ato e consequentemente levo a mão ao local da dor.
— Eu te amo. — abro um enorme sorriso na direção do garotinho de cabelos enrolados e o mesmo estende os bracinhos em minha direção.
— Colo mamã, colo. — suas mãozinhas balançando no ar me faz rir ainda mais.
Com um grande esforço me estico e tomo o garoto em meus braços, suas mãozinhas vão até o meu rosto e apertam minhas bochechas, como se conferindo se eu fosse mesmo real.
— Change mamã, tinha change aqui. — ele aponta em direção ao meu peito que agora só sinto uma sensação incômoda quando faço um grande esforço.
— Vejo que a senhorita acordou! — uma voz grossa em um entusiasmos invejável invade a sala chamando nossa atenção. — Como está se sentindo? — um homem alto em um jaleco branco se aproxima da cama e balanço a cabeça.
— Estou pronta para outra. — tento uma tirada humorada e ele olha a prancheta que até o momento não havia notado que estava pendurada sobre o ferro da cama.
— Deve está bem mesmo, está até fazendo piadas sobre levar um tiro novamente. — ele diz rindo e o Finn balança a cabeça com uma carranca estampando o lindo rostinho.
— Não, sem tilo na mamã. — ele faz bico ao cruzar os braços e o homem sorri bagunçando seus cachinhos.
— Como a senhorita se chama?
— Adrienne Wayne.
— Como a senhorita foi baleada?
— Eu estava saindo dos limites de Nova York com o meu filho quando alguns caras armados me mandaram parar e descer do carro, o meu neném estava no banco de trás e quando abri a porta para tira-lo de lá só senti o impacto em meu peito e um segundo depois tudo já estava escuro. — invento uma mentira e torço para que o médico acredite.
— Está cidade está mesmo um caos com toda essa violência. — ele suspira ao anotar algo nos papéis. — Um casal viu uma criança sentada no acostamento da rodovia e resolveu encostar para ver do que se tratava e foi aí que viram você caída perdendo muito sangue. — seus olhos enfim encontram o meu e um sorriso reconfortante me é dado. — Felizmente você chegou a tempo de fazermos tudo o que podíamos para salvar você.
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Outlaws
FanfictionEntre o amor e o ódio, eu escolho correr! Não da dor ou do medo, apenas correr. Me sentir livre! Sentimento mútuo que não tenho a algum tempo. Adenalina fazendo com minhas veias pulsassem mais rápido e o coração batendo mais forte dentro do peito. ...