O sábado amanhecia frio como a noite anterior. Dia perfeito para arrumar a casa, colocar as coisas no lugar, lavar roupa e tirar o restante da tarde vendo filmes ou quem sabe ouvindo música... tanto faz.
O ponto era curtir seu espaço e seu tempo livre. Era do que mais gostava.
Nunca foi problema morar sozinha, aliás, desde muito pequena aprendeu a lidar com a solidão pois seu pais trabalhavam fora e ela tinha que se virar para cuidar das suas próprias necessidades. O que lhe rendeu uma independência muito cedo e por isso tratou logo de fazer uma faculdade, arranjar um emprego e ter um lugar para si mesma.
Inclusive, aquele apartamento foi um achado, era perfeito. Perto de tudo, ficava bem no centro da cidade de Paris e o mais importante, da escola onde trabalhava como secretária.
Um emprego simples para uma vida simples. Tudo certo e nas conformidades para uma moça solteira de 28 anos que cursava sua pós-graduação em administração contábil.
Só que às vezes, toda aquela monotonia da rotina lhe causava uma espécie de inquietação. Como era sozinha e tinha poucos amigos, além de ser uma pessoa reservada e digamos – tímida, ou até antipática como alguns costumavam lhe dizer – não costumava sair para ficar na rua.
E na verdade, não curtia nem um pouco estar na presença de estranhos, porque de estranha, ela mesma se bastava.
Então procurou diversas maneira de extravasar seus pensamentos e desejos, porque além de suas peculiaridades, aquele corpo era o mesmo de qualquer mulher normal e tinha vontades das quais, não poderia satisfazer nas mãos de qualquer homem.
Porque simplesmente não era do seu feitio se envolver de maneira superficial com as pessoas. Se alguém entrasse na sua vida, tinha que ser pra vale, tinha que marcar, acrescentar, somar! Caso contrário, era descartado como papel de bala no lixo.
Simples assim.
Já que estava difícil encontrar um homem disposto a isso, o jeito era fantasiar com um, ou com vários, em diversas situações.
E foi na escrita que depositou todas as suas fantasias reprimidas.
Naqueles contos eróticos onde ninguém sabia o seu nome ou quantos anos tinha, onde morava ou o que fazia... ela se deixava soltar.
Soltava toda a sua imaginação escrevendo sobre casais que se perdiam no amor e no sexo de maneira descontrolada e cheia de paixão. Claro que de primeira, sentiu-se um pouco desconfortável escrevendo coisas tão depravadas assim, mas depois foi ficando gostoso... viciante... e a cada leitor que aparecia lhe pedindo mais, se sentia tão desejada como aquelas mulheres dos seus contos.
O melhor de tudo, era não estar presa às conformidades da realidade. Naquelas histórias podia escrever livremente, fazer as pessoas se entenderem de forma simples e juntá-las sem nenhum problema... nenhuma barreira para impedi-los de se amar.
E assim, todas as noites, depois de chegar do trabalho, tomar um banho e se alimentar, começava seu ritual.Era como se fosse um encontro às cegas. Aquelas pessoas que liam suas histórias não a conheciam e ela também não os conhecia, mas eles compartilhavam da mesma sensação de prazer em ler cada palavra daquele contexto sexual e quente.
E não seria diferente naquele sábado, já estava pronta. Era só fazer um chá... desligar as luzes da sala e deixar somente o abajur ligado... colocar uma roupa confortável e começar...
"Cheguei à empresa no dia seguinte com dificuldade. Minhas pernas mal conseguiam se mover pela intensidade da noite passada. Brian foi incrível, ele é um homem de verdade e sabe muito bem como agradar uma mulher. Eu vi estrelas naquele quarto de motel... mas não foi o bastante. Eu ainda 'tô querendo mais desse homem... ele ta me levando a loucura e eu 'tô adorando."
Mais um pouco... só mais um pouco...
"Era só a gente se ver... era só os nossos olhos se encontrarem novamente e tudo voltava a pegar fogo. Sentia de imediato a minha buceta ficar molhadinha ao ver aquelas costas largas presas no paletó bem alinhado e caro. Sem contar seus olhos verdes... seus cabelos loiros e lisos... seu maxilar firme e de homem, sabe? Bem másculo... Só de pensar que essa boca passou a noite passada inteira me beijando toda, me fazia querer mais, me fazia pedir, implorar por ele em cima de mim de novo, me comendo gostoso, me fazendo mulher... eu precisava mandar uma mensagem, apenas para informá-lo do quanto estava mexendo comigo."
- Será que ele vai te responder, Lis? – Ela sorriu maliciosa iluminada apenas pela luz do computador.
"Mas é claro que me responderia no mesmo instante. Era óbvio. Eu tinha o mesmo efeito sobre o seu corpo, a mesma necessidade... sabia muito bem disso. A gente foi feito um para o outro e como ele bem me disse aqui na mensagem de resposta - "eu quero te fuder inteirinha hoje a noite de novo, vamo?" - Era muito simples de entender que a nossa paixão era recíproca".
A história permanecia nesse tom até pegar fogo na hora do sexo, onde Marinette adorava abusar das preliminares, das posições e fazia o casal protagonista pegar fogo na cama.
Ela queimava junto.
No fim bastava revisar, abrir o site e postar. Pronto. E lá vinham os comentários seguidos de pedidos por mais, sempre por mais!
Isso inflamava o seu ego, pois sabia que aquelas pessoas estavam "subindo as paredes" por sua causa. De certa forma, era como se todos tivessem assistido ela fazendo amor com um homem.
Estranho e ao mesmo tempo... interessante pensar assim.
E por um momento, lembrou-se do seu leitor novo, será que ele tinha gostado?
- Bom, vamos perguntar...
Lady_in_red: Boa noite. Vim apenas saber se você gostou do capítulo de hoje.
Não demorou muito e ele apareceu.
Chat_Noir: Acabei de ler agora. Uma delícia. Você sabe descrever muito bem o que uma mulher deve fazer para agradar um homem na cama. Parabéns.
Lady_in_red: Muito obrigada pelo elogio... fico feliz que tenha gostado.
Chat_Noir: Eu adorei... aliás, estava curioso para saber, você tem experiência pra escrever tão bem assim sobre... esses assuntos?
- Nossa, que abusado. – Debochou.
Mas até que aquela brincadeira estava ficando divertida.
Lady_in_red: É um assunto privado, mas vou deixar você imaginar se sim ou não.
Chat_Noir: Uhnn... então vou pensar que sim e inclusive vou sonhar com isso. Estarei te aguardando no próximo capítulo. Boa noite my lady.
Lady_in_red: Tenha sonhos deliciosos. Boa noite pra você também gatinho.
- Mas que gato safadinho esse não? – Ela riu enquanto deixava seu corpo cair pela cadeira.
Se fosse homem ou mulher aquele user, não importava, só estava gostando de como aquela pessoa a provocava de maneira sublime e interessante, além de tornar ainda mais divertido, escrever seus contos.
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Private
RomanceMarinette é uma solteirona de 28 anos que reside sozinha em um apartamento na cidade de Paris. Durante o dia ela é apenas uma simples secretária de uma escola de educação infantil, mas a noite dedica o seu tempo na escrita de contos eróticos cheios...