Only a voice, just a voice

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 Marinette sentia-se muito bem ao longo daquela semana. Seu corpo havia se aliviado de tal forma depois do encontro que tivera no sábado que nada e nem ninguém conseguia tirá-la da sua paz de espírito.

As coisas ainda ficavam melhores porque sabia que assim como ela, ele também queria repetir a dose. Não podia negar, aquele sexo foi uma das melhores coisas que já tinha feito e não somente por causa da ação isolada em si, mas por todo o preparo, todas as coisas que cercaram os dois, desde o momento que recebeu a primeira mensagem dele sendo apenas mais um leitor dos seus contos eróticos e de como tudo foi evoluindo no teor das próprias mensagens que trocavam, das provocações, até o primeiro beijo da livraria.

Era uma experiência inédita, pois nunca havia feito algo parecido, mesmo que em seu intimo onde expressava apenas nos contos a vontade de viver aquela fantasia sexual, sempre fora algo vivo em sua mente.

E aquele homem lhe permitia ser quem quisesse ser, ele não a cobrava compostura muito menos um comportamento equivalente a de uma dama na sociedade, pois eles não precisavam disso para sustentar a relação.

Ambos sabiam o que buscavam, nada mais do que o prazer de uma transa, um corpo e uma noite. E para Marinette isso era simples e claro como a água, ela não queria nada além, somente sua companhia pelas mensagens e os encontros "às cegas", ele lhe bastava.

Sua vida estava perfeita da maneira que seguia, ela se bastava em si mesma, não precisava de ninguém para lhe dizer o que fazer, aonde ir ou o que vestir... só queria apenas extravasar as tensões do dia-a-dia num corpo gostoso de um homem acessível e o melhor, que não sabia do seu nome ou muito menos o que fazia.

Era perfeito.

Então decidiu que iriam jantar juntos na sexta, iriam num motel diferente, lugar escolhido por ele. Tudo bem, dessa vez iria deixá-lo conduzir o encontro e estava sendo muito excitante aquela expectativa toda pois ela mesma já tinha escolhido sua roupa, tanto a de cima quanto a de baixo.

Só que infelizmente, ainda tinha que aguentar mais uns dias até poder encontrá-lo e como se não bastasse, ao lado da ultima pessoa do mundo que gostaria de estar.

- Cheng, traga para mim os arquivos financeiros de 2015.

Aaah aquela voz maldita... Esse homem parecia que estava falando com uma empregada, não com uma colaboradora. Além disso ele era apenas um contador, nem era seu chefe direito... Marinette realmente não entendia aquela pose toda.

- Sim senhor, um momento. - Antes que pudesse se levantar o telefone a interrompeu fazendo com que voltasse a cadeira – Le Petit, Marinette boa tarde.

- Boa tarde, eu gostaria de falar com o senhor Couffaine, ele se encontra?

De repente os olhos azuis se arregalaram e sua fala sumiu.

O timbre daquela voz... o soar daquelas palavras... era algo que já tinha ouvido... mas onde?

- ...sim ele se encontra, quem gostaria?

- É Adrien Agreste quem fala, eu sou filho da senhora Emilie.

"Filho da dona da escola...? Ela tinha um filho... ? ... mas porque, porque essa voz lhe parecia tão familiar..?"

Fala mais, me pede mais... geme gostoso pra mim... que eu vou te fuder a noite inteira... porra.

Seu coração havia se apertado no peito e a visão se perdeu em um transe repentino, perdido, no flashback que se passava pela sua cabeça.

Era como se o homem no qual havia feito sexo estivesse ali... bem diante dos seus olhos... repetindo as mesmas palavras que proferiu enquanto a estocava com força... rosnando em seu ouvido por causa do prazer...

Podia até mesmo sentir o seu calor.

- ...Alô?

- Perdão senhor, eu irei transferir agora.

De forma automática Marinette avisou à Luka pelo ramal de quem se tratava e logo quando o outro ele atendeu, ela se levantou em seguida indo em direção ao banheiro. Chegando lá, lavou o rosto com água fria tentando recobrar o raciocínio lógico.

Mas que bobagem... no que estava pensando?

Era inacreditável que sua mente tinha realmente chegado naquele ponto... imaginando aquelas coisas... francamente, que coisa ridícula.

Ela mesmo não estava acreditando.

- Que idiotice a minha... é apenas uma coincidência... – Mirou-se ao espelho ainda com o rosto molhado – .... uma estranha coincidência.

Quando voltou, Luka já havia desligado o telefone e continuava digitando no computador. Sentou-se e voltou o olhar para a tela do seu próprio, mas seus olhos não a deixavam mentir, ainda estava pensando na incrível semelhança que as vozes tinham.

- Tudo bem Cheng?

Sentiu-se perturbar ao ouvir de Luka lhe falando, mas o respondeu sem esboçar expressão alguma- Sim senhor.

- Então onde estão os relatórios que eu te pedi? – Dessa vez ele a observou, mas logo franziu a testa ao ver o modo que o rosto de Marinette estava, completamente vago, como se estivesse em outro lugar.

- Perdão, eu já os trago imediatamente. – O tom dela transparecia seu estado.

Ele estreitou seus olhos a acompanhando sair pela sala e assim que ficou sozinho, bateu fortemente sobre a mesa limpando os olhos com uma das mãos.

- Droga...

Porque não conseguia ser mais maleável? Mais acessível?

Só estava afastando mais ainda qualquer possibilidade de ter algo com Marinette.

E porque diabos ela estava daquele jeito...? Merda... isso não importava.

Tinha que mudar o seu jeito imediatamente, antes... que fosse tarde demais. 

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