Private

Jealous

A reunião dava sua continuidade normalmente e tanto Emilie quanto o restante das pessoas estavam completamente alheias à tensão silenciosa que se formava naquela sala.

Em seu intimo, Marinette tentava relutar contra si e seus próprios pensamentos com relação ao filho da dona da escola. Ela parecia incapaz de acreditar que justamente aquele homem, seria o mesmo no qual vinha se encontrando pelas ultimas semanas.

"Não é possível... só pode ser brincadeira... dentre 7 bilhões de pessoas espalhadas no mundo, tem que ser justamente ele..? Isso é impossível...mas, as semelhança são muito fortes... esses olhos verdes, os cabelos loiros... até o formato do seu rosto é o mesmo! Que merda....!"

E para Adrien a situação era a mesma. Ele analisava Marinette com cuidado, observado seus traços enquanto a vestida sobre a mascara vermelha, assim não teve dúvidas... tratava-se da mesma mulher na qual vinha tendo relações sexuais tórridas e sem nenhum pudor. Aquela mesma que não conseguia sair da sua cabeça desde a primeira vez que se encontraram.

E para ele, compreender aquilo tudo não estava sendo nada difícil de lidar, no fundo até se sentia um pouco... contente, digamos assim. Já fazia um tempo que planejava acabar com a brincadeira de pique-esconde entre os dois, porque na verdade, queria conhecer a verdadeira identidade da sua amante para poder saber exatamente por onde ela andava, o que fazia e sempre que quisesse puder encontrá-la quando sentisse vontade.

Se de fato Marinette fosse realmente essa mulher, nada mais conveniente em tê-la trabalhando bem ali pertinho e quem sabe os dois não poderiam ficar mais próximos do que chefe e empregada?

Por um outro lado, sabia que era absurdo ficar pensando dessa maneira sem mesmo ter confirmado suas suspeitas, mas se esse era o detalhe que faltava, iria ter que por um fim nessa história.

Mas infelizmente, Adrien mal suspeitava que essa mesma mulher já estava sendo rondada por alguém muito próximo, e ele não fazia ideia de que havia dormido com a pessoa no qual o seu melhor amigo estava apaixonado. Inclusive o mesmo estava ali o assistindo devora-la somente com os olhos.

Luka estava completamente desconfortável. Na verdade ele começava a se irritar com a situação, mas não era um louco. Adrien não sabia que amava Marinette e talvez ele também somente tivesse notado na beleza que ela tinha, o que era impossível de não ver. Mas isso não deixava de ser injusto! Porque justamente com essa mulher? Poderia ser com qualquer outra MENOS com Marinette.

Não podia deixar que as coisas piorassem porque se Adrien realmente estivesse tendo algum tipo de interesse na mestiça, precisava ser sincero e conversar com ele. Falar com todas as palavras que Marinette era a tal mulher na qual ele mesmo ouviu falar tantas vezes e que inclusive deu conselhos para ajudá-lo. De todo o coração, não queria criar nenhum tipo de atrito com seu amigo de longa data, mas não podia perder Marinette, não agora, não quando ela tinha aceitado de saírem juntos.

Era tarde demais para Adrien... ele havia chegado depois.

Mas era Luka que não sabia que tinha sido ele mesmo que tinha chegado muito tarde.

Assim, quando a reunião acabou Emilie fez questão de apresentar cada funcionário individualmente para seu filho e quando este se aproximou de Marinette, finalmente os olhos dos dois se encontraram, um direto no outro.

- Adrien, essa é Marinette, nossa secretária. É uma profissional de muita competência e sabe muito da secretaria, com certeza ela irá te ajudar.

- Prazer Senhor Agreste... pode contar comigo.

Adrien apenas deu um sorriso fechado enquanto apertava firme uma de suas mãos – O prazer é meu. Conto com você para trabalharmos juntos.

"O mesmo toque... a mesma sensação de calor nesse corpo... o mesmo cheiro... a mesma pessoa...".

- Inclusive, Marinette, peço que me chame somente de Adrien, assim como... todos aqui, certo?

As pessoas ao redor confirmaram com a cabeça junto com Marinette que não conseguia desgrudar seus olhos daquele homem. Seu coração estava apertado no peito e uma falta de começava a consumir, precisava sair daquela sala, ir para fora e tomar um ar fresco.... recobrar o raciocínio e se recompor.

Então, esperou mais um pouco e quando conseguiu uma brecha foi direto para o banheiro. Na pia lavou o rosto, respirou fundo e foi se acamando.

- Por Deus... como vai ser de agora em diante...? – sussurrou para si enquanto se mirava no espelho.

De qualquer forma, tinha que se manter tranquila. Afinal, talvez, aquilo tudo não passasse de uma mera consciência e que ao longo dos dias fosse descobrindo que Adrien não era de fato a mesma pessoa que estava achando que fosse.

Talvez sim, fosse tudo bobagem da sua cabeça.

Apenas isso.

Era o que queria acreditar e desejava tanto que sabia bem no fundo, que todos esses pensamentos não passavam de uma mentira.

Não tinha como negar. Não tinha como não notar.

Adrien tinha todas as linhas, todas as formas, as cores, o perfume e mesmo que (ainda) não tivesse provado, o mesmo sabor.

Infelizmente as coisas eram assim. E agora, ela não sabia o que fazer. Apenas se moveria em modo automático até poder tomar alguma decisão concreta, mas jamais falaria abertamente com esse homem. Se tivessem que conversar, era ele que deveria vir. Então, deixaria as coisas acontecerem aos poucos... até que ficasse insuportável de lidar com essa mentira.

Estava tão vidrada nesses pensamentos que nem percebeu quando saiu do banheiro o homem parado a porta a espreitando.

- Algum problema Cheng?

A voz de Luka a fez cair na real como um balde de água fria, então virou-se para falar com ele – Luka... quero dizer, desculpe senhor... é... não, não.... quero dizer, está tudo bem.

- Fiquei preocupado já que tinha saída a um tempo e não voltado mais.... vim ver se estava tudo bem.

Ela sorriu sem graça, afastando uma mecha de cabelo para trás da orelha – Obrigada... mas eu estou bem.

- Que bom. Vamos voltar? A Emilie está indo embora e quer se despedir de todos.

- Sim.

Os dois começaram a caminhar juntos pelo corredor até que se depararam com Adrien a porta da sala da reunião, como se ele estivesse os esperando. E ele os olhava de forma hostil, como se não estivesse gostando do vê-los juntos daquela maneira.