Truce

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 A situação não poderia estar pior. Aquilo definitivamente tratava-se de alguma provação que deveria passar, algum estágio para o inferno ou algo parecido. Se havia alguma maneira de Luka ficar mais insuportável, essa barreira tinha ultrapassado justamente naquele dia. Até um determinado momento, ela conseguiu manter sua compostura, mas alguma merda tinha acontecido para tirar aquele homem do seu próprio controle - o que poderia haver com a reunião que estava a poucos dias para acontecer com os donos da escola - mas isso não era desculpa para ele surtar e, o pior, descontar nela mesma.

Os dois mal conseguiam se falar direito e a culpado de tudo era unicamente ele, que não sabia lhe falar sem parecer um estúpido, um grosseirão, um babaca. Por diversas vezes Marinette teve que sair as pressas da secretaria para não deferir um tapa na cara bem feita daquele idiota e acabar com sua amarra toda, fazê-lo entender que não estava falando com uma qualquer, mas sim com uma mulher a sua altura e que não aguentava desaforo por muito tempo.

- Alya, eu tô a ponto de matar esse cara... ele ta pedindo. - Mais uma vez tinha ido procurar a morena para despejar sua frustração e Alya a observava se mover para os lados, completamente transtornada. O pior de tudo era que a mesma não sabia mais o que fazer e muito menos o que dizer, estava de mãos e pés atados com relação aos dois.

A unica coisa que ainda tentava, era acalmar a mestiça - Marinette, eu sei que ta difícil, mas procure entender o lado do Luka também... ele está sobre pressão, existe muita coisa por trás disso tudo.

- Eu tô pouco me lixando Alya! Eu quero que ele se foda, vá pro quinto dos infernos com aquela arrogância toda!! - Marinette parecia que ia explodir. Seus olhos azuis estavam vidrados e sua pele uma vez branca, chegava a ponto do vermelho escarlate, principalmente na testa. - Você sabe que eu to aqui pra ajudar, mas aquela merda não consegue ver isso! Ele se senta naquela cadeira todo posudo como se fosse um rei e fica me mandando fazer as coisas como se EU fosse a empregadinha dele! É água, café, arquivos, relatórios... atenda o telefone Cheng, anote os recados, faça isso, você fez errado, refaça, me traga a calculadora, ligue para a puta que pariu!

- Calma Mari...

- Não me pede pra ter calma Alya... eu to muito puta, eu quero gritar eu quero sair correndo dessa escola e NUNCA mais ver esse homem na minha frente, nem pintado de ouro!!

- Mari... ai Deus... tenta se controlar mulher, você não é assim.

- Pois é Alya, mas escuta só o que eu to te falando, se ele vier com mais uma...só mais uma hoje, acabou! Eu largo tudo isso aqui e vou embora de uma vez por todas! Mas sem antes de mandar ele tomar no cu!

A mestiça não quis saber e saiu praticamente marchando para voltar à secretaria, ainda que Alya tivesse chamado seu nome duas vezes. Ela já estava decidida, se era sua demissão que Luka queria, ele a teria, mas não seria fácil. Porque se houvesse mais alguma provocação da parte dele, iria colocar as cartas na mesa e sairia daquela escola pela porta da frente depois de ter falado umas poucas e boas pra aquele idiota.

Caminhou mais um pouco, entrou decidida pela secretaria, mas chegando lá parecia não haver ninguém. Deu mais alguns passos até ouvir a porta bater atrás de si.

- Você realmente pensa aquilo tudo sobre mim?

Ao ouvir a voz fria, sentiu seu corpo inteiro gelar automaticamente. Um calafrio a fez tremer da cabeça aos pés e o seu coração descompassou no peito.

Merda, ele tinha ouvido tudo.

Ainda de costas permaneceu, tentando pensar e organizar palavras que pudessem explicar aquele desconforto todo mas... na verdade, era melhor ser sincera. Não haveria outro momento melhor.

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