Não fora precisa grande discussão quanto à estadia daquela noite. Depois de longas horas enfadonhas de viagem, todos concordaram que o melhor seria parar na cidade mais próxima. Seria impossível chegar à fronteira ainda naquele dia, sem descanso. Eugene conseguia ser mais deserta que Los Angeles, apesar de ainda terem alguns serviços disponíveis, mas com certeza que dispunha de melhores hotéis ou pousadas, bem diferentes do da noite anterior.
Decidiram-se por um pequeno hotel, perto da saída da autoestrada, que reunia todas as condições necessárias para uma estadia confortável. Para Rachel não importava, desde que pudesse desfrutar de uma cama e de um banho demorado.
Oh, e que bom era sentir o jato de água quente sobre si de novo. Não ousara tomar banho no motel e ansiara por aquele momento durante todo o dia. Queria uma noite diferente da anterior. Queria conseguir esquecer que rumo incerto tinha aquela viajem. Queria esquecer que fugiam da própria morte, apesar de não haver por onde fugir. Queria esquecer tudo o que não fosse normal na sua vida antes daquela doença ridícula que quase a matara.
Talvez depois daquele banho delicioso e demorado se enroscasse em David e lhe mostrasse como estava pronta para o amor de novo, que sentia saudades dos momentos de intimidade que partilharam inúmeras vezes antes de adoecer.
Quando a ideia lhe começou a parecer demasiado interessante, o sorriso sonhador desapareceu, abriu os olhos e guinchou em surpresa.
– Sou assim tão assustador?
David entrara na banheira sem que ela se apercebesse e depositara-lhe um beijo na nuca, o suficiente para que ela se virasse, assustada.
– Nunca mais faças isso! Ia tendo um ataque cardíaco – ralhou, sem conseguir manter a seriedade enquanto lhe batia repetidamente com as mãos cheias de espuma.
– Eu só te dei um beijinho. – Ele tornou a abraçá-la e empurrou-a na direção do chuveiro para lhe retirar a espuma do cabelo. – Ficas tão bem molhada, amor – comentou, erguendo o sobrolho e prometendo demasiado com o olhar.
– Eu acho muito seriamente que o meu coração parou de bater.
– Deixa cá ver. – David encostou-a aos azulejos frios, deleitando-se com a reação natural dos mamilos dela ao frio repentino. Sem lhes tocar, colocou a mão no peito dela, para sentir o bater desenfreado do coração dela. – Não. Está tudo a funcionar muito bem aqui – confirmou com um toque de profissionalismo falso, o que a fez sorrir. – Está tudo bem mesmo. – Lançou-lhe um olhar que ela depressa entendeu e tocou num dos mamilos arrepiados da namorada, com uma suavidade que a fez suspirar.
– O que é que estás a fazer? – Ela perguntou, apertando o dedo matreiro do rapaz, apesar de se dar por vencida ao sentir as mãos deslizarem pela sua pele escorregadia.
– Ora, estou a dar-te banho para que te despaches e possa tomar eu a seguir – disse, traçando um caminho de pequenos beijos no ombro dela, até ao pescoço molhado.
– Eu não sei o que tens hoje, mas estou a adorar essa atenção toda. – Ela riu e abraçou-o também, deixando de sentir a parede gélida atrás de si e concentrando-se no corpo nu que a estreitava.
– Que cheiro maravilhoso é este, Rachel Nolan? – E, pela primeira vez que iniciara aquela pequena sedução, beijou-a nos lábios. Ela correspondeu ao beijo, agradecendo mentalmente por aquele momento com ele. Enlaçou-o pelo pescoço, obrigando-o a curvar-se dada a diferença de alturas, e deleitou-se com os lábios escorregadios e suaves de David contra os seus, com a língua húmida e cálida que a provocava e a forçava a participar naquele beijo com igual ânsia.
Restos de espuma escorreram do cabelo dela, quando ele a puxou para si, para baixo do chuveiro, e ela sentiu-o levar as mãos ao próprio rosto e por fim terminar o beijo que a desarmara.
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UPRISING
Science FictionNum futuro não muito distante, uma nova estirpe viral ameaça exterminar a espécie humana da Terra. O estado máximo de alerta pandémico obriga ao êxodo das grandes cidades. Em Los Angeles, um grupo de amigos tenta ignorar o pânico geral da população...