3- Café?

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Acordei meio atrasada no dia seguinte, havia dormido tão bem que acabei perdendo a hora.

Desci as escadas ainda me vestindo, pude senti um cheiro de café fresco vindo da cozinha.

—Mãe? – Chamei indo até lá

O lugar estava vazio, ela deve ter chegado tarde e saído cedo... Já estava acostumada com essas coisas. Era bem raro nos encontrarmos em casa.

Coloquei o café em uma garrafa térmica e sai com a mochila nas costas.

Eu já havia perdido dois ônibus e o terceiro estava demorando tanto que eu quase considerei a hipótese de ir andando para o colégio. Mas eu morava tão longe que realmente não valeria apena, eu só acabaria me cansando.

Eu estava atrasada, deveria voltar pra cama... pensei nisso por longos minutos até que o ônibus apareceu.

Entrei no ônibus e mandei uma mensagem para Karen pedindo que ela me encontrasse na quadra.

Pelo horário, o portão já estaria fechado e ninguém me deixaria entrar. Então o jeito era pular o muro  e entrar por conta própria.

Não era algo tão difícil subir ali, sempre tinha a ajuda de uma arvore que ficava quase que grudada ao muro.

Subi com a ajuda da arvore e fiquei esperando a karen. O muro era meio alto pra pular então eu precisaria de  ajuda pra descer.

Não demorou muito para eu ver aquela garota baixinha de cabelos curtos e enrolados se aproximando.

—Eu me mato nesse muro pra sair da escola. E você se mata pra entrar? – Ela cruzou os braços – Juro que não te entendo... – Parou bem próxima a mim

Eu comecei a escorregar lentamente pelo muro me sustentando pelos braços para não cair.

—Pode soltar, eu te pego – Ela disse

Confiar numa pessoa que deve 1.50 de altura para te pegar no ar, não era um bom plano, admito. Mas eu não tinha outra escolha... Deveria ter chamado os gêmeos para me ajudar, João e Lucas eram bem maiores e mais fortes do que a Karen. Se bem que... qualquer um é maior e mais forte comparados com Karen.

Depois de uns cinco minutos questionando mentalmente a possibilidade da Karen não me pegar e eu cair de cara no chão, pensei seriamente em voltar para casa. Mas ela passaria o resto da semana falando que eu não confio nela. E eu preferia mil vezes quebrar a cara no chão do que aguentar a Karen fazendo drama.

Então eu pulei... E surpreendentemente ela conseguiu me pegar. Pegar uma pessoa no ar, nem era tão difícil... O problema vem quando a pessoa é maior que você e te faz perder o equilíbrio, que foi o que aconteceu.

Karen se desequilibrou e caiu para trás comigo em seu colo.

—Você ta bem? – Perguntei rindo já que havia caído no macio

—Tô sim... – Ela gemeu de dor – Agora me conta porque caralhos se atrasou? – Ela continuou deitada no chão. Apenas virou o rosto para me olhar em cima dela.

—Dormi de mais... Perdi a hora...

—Nossa... Se você perdeu a hora, o sonho deve ter sido bom, hein?

—Não sei... Não lembro... – Ah... eu lembrava... mas não iria contar para karen que havia sonhado com a minha professora de geografia.

—Karen e Jully, na sala da diretora, agora! – Essa era a nova inspetora de alunos, que provavelmente me faria levar uma suspensão por ter pulado o muro.

Nos levantamos e a seguimos até a sala da Carla. Ao me ver ela já levou as mão ate a cabeça se preparando para uma bomba.

—Por favor...Fala que você não colocou fogo em nada...

Uma lição de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora