29- Em Sintonia

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Passei cerca de duas horas na sala com a minha mãe, ela queria porque queria falar sobre o jogo, mas eu não entendia nada de futebol. Talvez se Jenny tivesse ficado lá em casa a conversa poderia ter fluido melhor. Afinal minha mãe falava sem parar e eu simplesmente sorria e acenava com a cabeça fingindo que estava entendendo tudo. Pior... Entendendo e concordando com tudo o que ela falava.

Acho que depois de longas horas ela percebeu que eu não estava interagindo muito e então ela subiu para dormir. Eu tentei encontrar algo na tv para poder assistir, mas no final acabei desistindo e subindo para o quarto também.

Já estava deitada na cama quando a tela do meu celular acendeu mostrando a ligação de Jenny.

-Saudades? - Perguntei ironicamente assim que atendi a ligação

-Eu sempre estou com saudades... Não posso ficar sem você - Confessou com a voz um pouco rouca

-Esta muito cansada? - Perguntei notando o seu tom de voz meio sonolento

-Eu queria dizer que não e ficar conversando com você a noite toda... Mas estou morta de sono. Só liguei pra te dar boa noite, queria ouvir sua voz antes de dormir...

-Boa noite, Jenny - Falei quase sussurrando ao telefone - Sonhe comigo

-É perigoso eu sonhar mesmo...

-Me conte amanhã - Sorri e sabia que se ela estivesse por perto ela comentaria algo sobre o meu sorriso.

-Boa noite, meu amor... - Disse antes de desligar

Eu não demorei muito para dormir depois disso. Foi como se tudo o que eu precisasse para dormir, fosse falar com ela, nem que por cinco minutos. Isso me deixava mais leve, mais tranquila... Mais feliz. Seria sempre feliz com ela, eu tinha absoluta certeza disso.

Na manhã seguinte a primeira coisa que fiz quando acordei foi gravar uma mensagem de voz para Jenny dando bom dia para que fosse a primeira coisa que ela ouvisse pela manhã. Afinal ela já havia me dito que amava acordar com o meu "bom dia" e por mais que eu odiasse acordar cedo, eu acordaria sempre mais cedo para garantir que ela recebesse o meu "bom dia" do jeito que ela gostava.

Tomei um banho para tentar acordar e então fui para a sala ver se minha mãe ainda estava em casa. No final descobri que ela iria pegar o turno da noite pois estava muito cansada para ir cedo.

Passamos o dia juntas, ela tirou um karaokê da garagem pra gente cantar, mas a verdade é que ficamos mais tempo tentando instalar aquele negócio do que usando ele.

Foram trinta minutos desfazendo os nós daqueles cabos, depois uns vinte pra conectar os cabos nos lugares certos pois estavam descascados e nós não sabíamos qual era a cor deles... Quase uma hora de trabalho... E nós cantamos três músicas.

Por sinal eu acho que nunca vou tirar da minha cabeça minha mãe dançando e cantando "Abra as suas asas, solte suas feras"

Se eu não me engano, cantamos juntas Ragatanga, o que também foi vergonhoso, mas eu me orgulho de saber a letra inteira.

E é claro que não podia faltar Evidências... Essa eu tenho vergonha de não saber cantar inteira, porque parece que absolutamente todo brasileiro sabe cantar essa música. Eu, em compensação... Enrolo até chegar no refrão, mas quando chega no refrão... Eu roubo a cena no "E nessa loucura, de dizer que não te quero..."  Lindo de ver...

O karaokê estava contando pontos, como a única música que eu sabia cantar inteira era Ragatanga, eu obviamente perdi a competição. Mas confesso que foi divertida.

Eu não sei o que me possuiu naquela tarde, mas eu resolvi fazer o almoço. Eu chamei um Uber no cartão da minha mãe e fui direto para o mercado pois segundo ela estava estressada de mais para dirigir.

Uma lição de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora