O resto do período foi uma droga, não tive uma aula que me interessasse e por mais que eu tivesse tentado, não encontrei Jenny em lugar nenhum depois que saímos da biblioteca.
—Jully? – Eu estava quase saindo da escola quando ouvi alguém chamar meu nome.
Ao me virar me deparei com Carla vindo em minha direção
—Sim? – Geralmente quando ela queria falar comigo que estava encrencada. Mas dessa vem eu não me lembrava de ter feito nada de errado
—Preciso de um favor... – Começou a falar
—Lá vem... – Revirei os olhos em demonstração da minha força de vontade em ajuda-la
—Olha, eu sei que você pulou o muro, sei que matou metade das aulas hoje e toda a escola está falando que você estava se agarrando com a Karen. Então eu acho que você me deve um favor – Ela poderia me punir, mas não puniu... então sim, eu devia um favor a ela.
—O que eu tenho que fazer?
—Trazer a Karen para a festa
—Sabe que ela odeia essas festas né?
—Sei... mas sei também que ela não nega nada para você.
—Tá... Eu trago, mas você vai ter que dar um jeito de faze-la desgrudar de mim
—Obrigada – Ela sorriu
Ver Carla sorrindo depois de tudo que aconteceu entre ela e Karen era realmente raro. Sorri de volta e sai antes que ela pedisse mais alguma coisa.
No estacionamento da escola avistei Jenny encostada no carro.
—Perdeu o ônibus...
—É... acho que perdi... – Me aproximei dela – Topa um cachorro quente?
—Acho que não...
—Achei que tivesse gostado de ontem...
—Eu não disse que não gostei. Só estou querendo te levar para comer comida de verdade.
—Está dizendo que meu cachorro quente favorito não é comida de verdade? – Disse já tomando a liberdade de entrar no carro como uma forma de aceitar seu convite.
Ela sorriu e entrou no carro
—Só estou dizendo que poderia ter coisa melhor – Ela ligou o carro
—O que é melhor que cachorro quente?
—Lasanha
—Você tem bons argumentos – Roubei-lhe um sorriso – Para onde estamos indo?
—Segredo...
—Está me sequestrando, Jenny?
—Não, eu não estou te sequestrando.
—Que pena... – Fiz um bico infantil que logo se transformou num sorriso
—Gosta da ideia de ser sequestrada?
—Por você? Sim – Confesso – Principalmente se for me amarrar na cama e não for pedir o resgate
Ela corou e eu sorri vitoriosa
Paramos em frente a uma casa simples num bairro que eu realmente não conhecia.
—Chegamos – Ela disse já saindo do carro
—-Chegamos onde?
—Na minha casa...
—Na sua casa, é? – Finalmente sai do carro
—Achei que te chamar pra vir aqui para casa iria soar muito pretensioso...
—Então me chamou para almoçar...
—É...
—Os dois soam meio pretensiosos na verdade...
—E você veio mesmo assim
—Gosto de coisas pretensiosas
—Só veio por que meu convite pareceu pretensioso?
—Eu vim porque você falou em lasanha – Ri tentando anima-la
—Ah... Claro... – Ela abaixou a cabeça
—Eu estou aqui porque você que me chamou. Eu não recusaria um convite seu...
E ela novamente corou, adorava deixa-la assim
Ao entrar em sua casa, não pude deixar de notar os porta-retratos espalhados por todo canto. Vários rostos diferentes, mas havia um que estava em quase todas as fotos. Um Homem, alto com o cabelo curto e escuro.
—Quem é esse? – Peguei um dos porta-retratos –Seu primo? Irmão? Namorado...?
—Te chamei para almoçar, não para me interrogar – Ela pegou a foto a colocando na estante
—Desculpe... – Voltei a observar sua estante – Você tem muitos jogos...
—Gosto de videogames
—Eu sou uma lesada para essas coisas, simplesmente não sei jogar nada – Comentei mexendo nas coisas
—Posso te ensinar se quiser...
—Vai acabar se estressando
—Não vou não – Ela sorrio – Eu sou professora lembra? Sou treinada para ensinar as coisas
—Marca um dia para a aula, que eu te mostro para que eu fui treinada
—Para que foi treinada?
—Só vai descobrir depois que marcar a aula...
—Acho que vou ter que marcar essa aula o mais rápido possível. Odeio ficar curiosa...
—Não consegue imaginar nada?
—Esse é o problema, eu consigo imaginar muitas coisas... – Ela fechou os olhos e respirou fundo me fazendo sorrir – Eu... Eu vou colocar a lasanha no fogo. Tem uma caixa de cds ali do lado, vê se acha algo que te agrade... – Ela deu as costas e foi em direção a cozinha
Fiz o que ela sugeriu e comecei a mexer na pilha de cds, achando vários que eu gostava, mas acabei por colocar um cd que não tinha nome para tocar. A primeira música foi Kiss-me Sixpence None The Richer
— Você não é muito nova para conhecer essa música? – Jenny apareceu na porta – Digo, essa música é da minha época, não da sua...
—Eu não sou tão nova e você não é tão velha
—´´Tão velha''? – Ela arqueou a sobrancelha – Acabou de admitir que eu sou velha
—Não foi isso que eu disse. Você tem o que? 25?
—Menos...
—Viu, você não é velha – Caminhei até ela e estendi a mão
—O que é isso? – Ela olhou para a minha mão e depois levantou o olhar encontrando meus olhos
—Estou te chamando pra dançar – Peguei sua mão e a puxei para o meio da sala
—Estamos dançando ou estamos girando?
—Estamos girando. Daqui a pouco eu fico tonta e caio – Foi eu fechar a boca que pude sentir suas mãos em minha cintura
— Não vou deixar você cair – Ela puxou meu corpo para mais perto e continuamos girando, até que nossas pernas se entrelaçaram e nos fizeram cair em cima do sofá
—Achei que não me deixaria cair – Comecei a rir
—Caiu em cima de mim, ta reclamando do que? – Ela gargalhou ainda me segurando pela cintura
—Ta sentindo esse cheiro?
—Que cheiro?
—Não sei... cheiro de alguma coisa queimando...
—Ai meu Deus... A lasanha...
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Uma lição de amor
Roman d'amourJully já tinha tido problemas demais naquele colégio é por isso que esse ano ela decidiu que deixaria as coisas o mais simples possível. Isso até poderia ter acontecido se ela não tivesse conhecido Jennifer, a sua mais nova professora.