Nós estávamos dormindo quando ouvi meu celular vibrando. Eu resolvi ignorar, eram umas três da madrugada, nada poderia ser tão importante para me acordar de madrugada. Pelo menos eu pensei assim, mas ele vibrou de novo e novo... E eu já estava começando a me irritar com aquilo. Então antes que eu lançasse o telefone pela janela, eu achei melhor atender o abençoado que estava me ligando.
Haviam várias chamadas perdidas, entre elas eu reconheci os números de Gabriel, da minha mãe e se eu não estivesse completamente doida creio que o número de Carla também.
Retornei a ligação da minha mãe e sai da cama de Jenny tentando não fazer barulho. Fui para a sala pra conseguir falar no telefone sem medo de acordar Jenny que por sinal era a coisa mais linda dormindo.
-Jully? - O número era da minha mãe, mas aquela voz não era a da minha
-Quem é?
-É o Gabriel - Me surpreendia com o quão fina era a voz daquele garoto...
-Por que você está com o telefone da minha mãe? - Arqueei a sombrancelha Curiosa e tentando não criar teorias na minha cabeça
-Mano, é sério! Vem pra casa da Karen! - Exigiu antes de desligar
Eu pensei em retornar e pedir uma explicação, mas parecia que precisavam de mim... Então eu apenas troquei de roupa, dei um beijo em Jenny que ainda dormia e lhe deixei um bilhete dizendo algo como "precisei ir na Karen. Caso eu não volte, te vejo no colégio S2"
Eu tentei chamar um táxi... ninguém respondia. Tentei um Uber... Estava mais caro do que eu poderia pagar. O solução que encontrei foi ir andando. Levei uns 20 minutos para chegar até lá, e bem no comecinho da rua eu já podia ouvir a gritaria.
Assim que me aproximei, perguntei o que estava acontecendo.
-Ainda bem que você chegou... - Um dos meninos disse
-A Karen apanhou... - Eu não fiquei tão surpresa, não havia sido a primeira vez que batiam em Karen, sem sombra de dúvidas não seria a última. Eu queria ajudar ela de alguma forma. Mas eu nunca soube como ajudar.
De qualquer modo, aquela confusão toda não fazia sentido na minha cabeça. Se todo mundo estava ali, era porque Karen pediu ajuda. E a Karen não era de pedir ajuda. Muito menos por ter apanhado da mãe, quando eu a questionava sobre isso ela dizia que estava até acostumada com o tipo de agressão que sofria.
Era como se faltassem pedaços da história. Alguns vizinhos estavam na janela tentando entender a discussão. Se eu que estava no meio não tinha entendido, imagine os curiosos da janela...
Minha mãe gritava, a mãe de Karen gritava, e eu percebi que ficaríamos ali a madrugada inteira se eu não fizesse nada.
Então eu me afastei, da confusão, pulei o muro do vizinho e então consegui pular o muro do quintal da Karen pra entrar no terreno. De lá eu só precisei entrar pela porta da cozinha e subir as escadas até o quarto de Karen.
Ela chorava com as mãos na cabeça, estava mais pálida que o normal... Quando me viu ela não conseguiu nem reagir. Eu muito menos... Os hematomas por seu corpo eram evidentes. Eu não precisava saber mais nada. Ela tinha que sair daquela casa.
-Vem comigo - Falei indo até ela para ajudá-la a se levantar mas ela não conseguia, estava tão fraca que parecia que não comia fazia alguns dias, ou parecia que estava drogada... - Karen? - Chamei e a mesma me olhava com dificuldade, como se fosse difícil manter os olhos abertos. Seu olhar estava tão distante que me assustava - O que você tomou? - Perguntei mas antes que eu pudesse procurar o frasco ou a embalagem do remédio eu fui impedida por Karen vomitando no chão.
Eu a segurei com cuidado tentando prender seu cabelo. Mas mesmo com todo o cuidado do mundo, eu ainda podia a ouvir resmungando de dor quando eu a segurava.
Esperei ela colocar tudo pra fora antes de tentar levanta-la. Ela passou seu braço em volta do meu pescoço enquanto eu a segurava pela cintura. Da escada eu podia ouvir nossas mães discutindo.
-Quem você pensa que é pra vir na minha casa falar esse monte de merda?
-A mulher que vem cuidando da sua filha toda vez que você coloca ela pra fora de casa e saí espalhando mentiras sobre a menina. - Minha mãe gritou de volta e eu vi a a mãe de Karen espantada afinal os vizinhos estavam ouvindo a discussão.
-Você não vai tirar a minha filha de mim!
-Você já não é a mãe dela a muito tempo!
-Você não pode chegar aqui me dizendo como educar a droga da minha filha!
-Você não está educando, está espancando, colocando a garota em perigo!
-Você não sabe o que fala! Eu sei o que é melhor pra minha filha! - Ela enfatizava o "minha filha" como se por isso ela tivesse o direito de fazer o que quisesse com Karen.
-Ela já é maior de idade, ela mesma pode dizer o que é melhor pra ela! Se ela quiser ir comigo, ela vai ir comigo e você não pode impedir
-Quer pagar pra ver? - Nesse momento, eu vi que tinha que sair dali o mais rápido possível.
Levei Karen para a cozinha para sairmos por lá. E então demos a volta na casa saindo no portão da frente.
Era impossível que a mãe dela não nos visse saindo por lá. Mas eu não conseguiria pular o muro com a Karen no estado que estava, então tínhamos que passar por ali.
-O que pensa que está fazendo? - Ela veio como um foguete na nossa direção
Karen fechou os olhos e me abraçou mais forte, era perceptível o medo que ela sentia da mãe.
E sinceramente se não fosse pela minha mãe ter corrido na nossa direção e ficado entre nós e aquela mulher eu não sei o que teria acontecido.
-Se quiser encostar um dedo na minha filha, vai ter que passar por cima do meu cadáver antes - E nesse momento eu vi ela levantando um pouco a camisa mostrando seu distintivo da polícia.
Se olhares matassem, todas nós estaríamos mortas...
A mulher não disse mais nada, nos conseguimos ir pro carro e então levamos Karen direto para o hospital.
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Gente, perdoa a demora. Eu tive um trabalho enorme para escrever para minha aula e simplesmente não conseguia fazer mais nada esses dias.
Espero que entendam, vou voltar mais rápido dessa vez.
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Uma lição de amor
Storie d'amoreJully já tinha tido problemas demais naquele colégio é por isso que esse ano ela decidiu que deixaria as coisas o mais simples possível. Isso até poderia ter acontecido se ela não tivesse conhecido Jennifer, a sua mais nova professora.