25- Paixonite Passa

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Naquela tarde eu deixei o celular de lado para continuar lendo até que o barulho da porta abrindo chamou a minha atenção.

Bem no fundo eu torcia para ser Jenny me fazendo uma surpresa, mas as chances eram quase nulas...

Quando vi Nat passando pela porta eu até estranhei.

-Eu deveria perguntar o que você está fazendo? - Perguntei tirando os pés de cima da mesa e tentando fingir que eu era uma pessoa educada e profissional. Não que isso tenha funcionado de qualquer forma...

-Eu queria pegar um livro pra fazer um texto pra aula de inglês. Falei na secretaria e eles me mandaram subir...

-Você não pode levar os livros didáticos pra casa, mas pode fazer aqui. - Dei de ombros me levantando e indo até a prateleira onde ficavam os livros de inglês - Tenho esses aqui, pode pegar o que quiser, mas por favor, coloque de volta depois que usar, se não eu vou ter que ficar até depois do horário arrumando - Ela só acenava com a cabeça, o que eu achei estranho mas decidi ignorar - Pode escolher em que mesa vai ficar, eu vou pro meu cantinho, se precisar de ajudar pra achar algo, pode me chamar

Eu fui para trás do balcão com o meu livro em mãos. Ela se acomodou em uma mesa e poucos minutos depois eu pude a ver concentrada enquanto escrevia algo.

Eu sempre quis ser aquele tipo de aluna, dedicada e estudiosa, mas eu nunca fui, e nunca conseguiria ser...

Deixei ela quieta estudando enquanto eu continuava lendo meu livro, eu simplesmente consegui me apaixonar pela personagem mais filha da puta de todas... Mas também foi a personagem que meio que deu início a história da protagonista. Enfim, a questão é que eu estava bem entretida no livro quando notei o barulho da porta novamente. Era Nat saindo, ela não me disse nada, o material dela ainda estava na mesa, então conclui que ela iria voltar.

Saí de trás do balcão e fui até a mesa com o material espalhado e livros abertos, passei o olho pelo texto que ela estava escrevendo, parecia bom, mas o que mais me chamou a atenção foi um rabisco na mesa que eu sabia que não estava ali antes pois eu tinha que limpar as mesas e mantê-las limpas.

Era "Jenny + Nat = True Love" eu tirei uma foto daquilo, não sabia se eu estava brava, por que teria que lavar aquela mesa, ou se era só ciúmes. Mas eu voltei para trás do balcão e passei o restante da tarde lá.

Nat demorou uns cinco minutos para voltar, e eu apenas a observava de longe. Poderia culpa-la por estar com uma quedinha por Jenny? Claro que não, Jenny era realmente maravilhosa, estranho seria se as pessoas não gostassem dela.

Mas Jenny precisava saber sobre essa quedinha, afinal ela não tinha certeza sobre Nat, agora ela teria.

No final da tarde, Nat já tinha ido embora e eu mandei mensagem avisando que iria para a casa de Jenny assim que eu saísse da biblioteca.

Peguei o ônibus lotado por conta do horário, mas eu nem me importava, sabia que valia a pena ser esmagada no ônibus para poder vê-la em alguns minutos.

A porta estava destrancada então eu apenas entrei.

-Querida, cheguei! - Gritei da porta e eu tenho certeza que a ouvi rindo da cozinha

-Esta com fome? Fiz macarrão

Fui em direção a cozinha a encontrando mexendo em uma panela enquanto rebolava no ritmo da música que estava ouvindo.

-Eu estou morrendo de fome... - Comentei com o olhar fixo em sua bunda o que não passou despercebido por ela que devolvia aquele olhar malicioso.

Nós jantamos juntas, conversamos bastante e eu lembro de ter comentado que nós comiamos muita massa o que ela teve que concordar.

Quando estávamos tirando a mesa eu lembrei por que havia ido até lá primeiramente, então achei melhor tocar no assunto enquanto eu lembrava.

-Passei horas com a Nat na biblioteca hoje...

-E...?

-E agora eu sei que ela gosta de você...

-Ela te disse é?

-Não, mas ficou escrevendo o seu nome na mesa dizendo que vocês duas eram "amor verdadeiro"...

-É sério?

-Tô dizendo, aquela delinquente me fez lavar a mesa antes de sair.

-Delinquente? - Ela rio deixando tudo na pia e voltando a se sentar na cadeira

-Ela realmente gosta de você. O que não me surpreende, já falei o quanto você é maravilhosa?

-O que eu faço? - Perguntou me olhando de um jeito mais sério - Tento conversar com ela sobre isso? - Ela parecia perdida sobre o que fazer

-Não - Neguei com a cabeça e continuei lavando a louça - Você vai agir normalmente, só vai tomar mais cuidado com o que fala porque ela parece ser do tipo que interpreta as coisas do jeito que ela quer... Resumidamente você vai fingir demência até essa paixonite passar

-Acha que vai passar? - Eu até abri a boca para responder, mas ela foi mais rápida - Quero dizer, se eu não tivesse cedido as suas investidas, também passaria o que sentia por mim?

-Eu não sei, acho que nunca saberemos...

-Eu espero que passe... - Falou desviando o olhar e nesse momento eu não senti firmeza que era sobre Nat que ela estava falando, mas era melhor não tocar no assunto.

Uma lição de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora