31- Presas

3.8K 260 59
                                    

Desespero? Desespero é pouco para dizer o que eu estava sentido naquele momento.

Jenny procurou as chaves da algema pelo quarto inteiro mas depois de uns dez minutos ela desistiu e começou a forçar o aço como se àquilo de alguma forma fosse funcionar.

-Essa é provavelmente a algema de sexyshop mais resistente que eu já vi... - Resmungou ela enquanto fazia força

-Talvez porque não seja uma algema de sexyshop

-É o que? - Ela parou de fazer força e arqueou a sobrancelha

-Minha mãe é policial, lembra? - Dei de ombros como se fosse a coisa mais natural do mundo - Ela sempre tem algemas em casa.

-E o que eu faço? Chamo os bombeiros? - Jenny se sentou na cama me olhando desesperada

-Ligar pra minha mãe? - Falei meio incerta

-Eu prefiro chamar os bombeiros

-Eu estou algemada na cama, ainda sem roupas, não quero os bombeiros vendo essa cena

-Mas quer a sua mãe?

-Bom argumento... - Abaixei o olhar completamente perdida

Jenny sugeriu chamarmos um chaveiro, mas a ideia de um estranho me ver em determinadas condições não me agradava muito. Então digamos que eu fiquei um bom tempo presa na cama até conseguir convencer Jenny a ligar para a minha mãe.

O que não foi nada fácil, mas eu acabei conseguindo. Eu não sei porque eu achei que ela que falaria ao telefone, assim que a minha mãe atendeu, ela colocou o telefone na minha orelha.

-Alô? - Ouvia a voz do outro lado da linha um tanto quanto impaciente

-Oi mãe... - Falei com a voz meio fraca - Tudo bem..?

-Ta com voz de quem fez merda...

-Eu?

-Não, Jully, Eu - Eu tenho quase certeza que ela revirou os olhos. Ela odiava quando eu ligava pra ela no trabalho - Ligou por quê?

-Eu tenho uma perguntinha...

-Anda logo, tô em horário de trabalho, filha

-Sabe aquela algema que você tem no quarto?

-Você não fez o que eu acho que fez...

-Claro que não. Só queria saber onde está a chave...

-Não tem chave. Eu perdi, por isso elas estão na minha gaveta, são algemas aposentadas. - Eu fiquei tão pálida naquele momento que o olhar de Jenny de constrangimento de repente se tornou um olhar preocupado - Você fez o que eu acho que fez né?

-Talvez...

-Então a professorinha tá presa algemada aí em casa? - Eu ri de sua dedução, e sinceramente não tive coragem pra dizer que eu é que estava presa

-Uhum... - Afirmei ao telefone.

-Eu pagaria pra ver isso, mas tô ocupada... Vem pra delegacia, eu tenho uma chavinha que serve, mas ela tá bem tortinha, vai dar trabalho pra abrir. - Ouvi alguém a chamando no fundo - Tenho que desligar, vem buscar a chave. - Foi tudo o que disse antes de desligar na minha cara

-E então? - Perguntou Jenny afastando o celular do meu rosto.

-Você vai ter que ir buscar a chave...

Nem preciso dizer que ela não gostou nada disso. Mas depois de lamentar um pouquinho ela foi.

Meus braços já estavam dormentes, minhas mãos formigando e como se isso não bastasse eu também estava com fome...

Uma lição de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora