Acordei na manhã seguinte atrasada, peguei o ônibus correndo e durante o percurso tentava arrumar minhas roupas, inclusive havia vestido a camiseta pelo avesso na pressa, mas como não daria para arrumar no meio do ônibus resolvi jogar uma blusa por cima e arrumar quando chegasse na escola.
Entrei pela secretaria sem problemas, e mesmo atrasada estava indo para a sala de aula, mas assim que dobrei a esquina esbarrei em Carla que não estava com um olhar nada feliz
-Não veio trabalhar... - Ela falou o óbvio mas eu não estava em posição debater, talvez eu devesse ter percebido isso antes de abrir a boca
-Mas eu deixei tudo arrumado - Tentei inutilmente me defender
-Então se eu vier aqui, passar todo o conteúdo do semestre em um dia no seu conceito eu não preciso vir trabalhar pelos próximos seis meses?
Assim que ela fechou a boca percebi que havia feito merda.
-Uma coisa não compensa a outra... Entendi - Abaixei a cabeça antes que falasse mais alguma burrice
-Vai entrar mais cedo hoje - Eu apenas concordei, estava errada, não poderia reclamar - Agora some da minha frente - Revirou os olhos me mandando embora
Uma parte de mim achava que ela havia se frustrado pois não a rebati como de costume. Mas apenas ignorei e fui para a sala dando a desculpa de que estava com a Carla o que não era cem por cento mentira, mas também não era totalmente verdade. O fato é que ninguém me impediria de entrar na sala com essa desculpa e eu tinha total certeza disso. Essa foi uma das coisas que aprendi com a Karen.
A aula se arrastou por um longo tempo, quem inventou que duas aulas seguidas de matemática são uma boa ideia certamente estava planejando torturar os alunos desde o começo.
Depois da sessão de tortura tivemos uma de artes, que foi bem tranquila, se eu descartar a obsessão da professora por me fazer pintar o desenho que eu havia feito. Eu não gosto de coisas muito coloridas quando desenho mas depois de tanto ela me pertubar, transformei o meu desenho gótico numa espécie de carnaval. Eu não estava contente com o resultado, mas a professora... Ela ficou. Acho que ficou mais feliz por ter me convencido a pintar do que com o desenho em si.
Quando o sinal para o intervalo tocou os alunos saíram correndo como se não houvesse amanhã.
-Parace que não comem a dias... - Resmunguei sozinha na sala depois que o último louco saiu correndo.
Estava guardando meu material na bolsa quando ouvi a voz de Jenny me chamando
-Oi - Sorri para ela enquanto fechava o zíper
-Soube que a dona Carla te pegou de jeito hoje... - Disse na porta da sala me esperando sair
-Olha... Ela bem que queria - Falei passando por ela e recebendo um olhar de surpresa que me fez rir - É brincadeira, eu não faço o tipo da Carla
-E qual seria o tipo da Carla?
-Ela gosta daquelas que tem cara de que vai foder com a sua vida
-E você não é esse tipo...? - Perguntou sem ter certeza e recebeu apenas uma cara de indignação em resposta
-Eu tenho cara de que vai te levar aos céus
-Isso é tão sugestivo...
-Você não faz ideia... - Respondo deixando Jenny para trás e indo para o pátio onde encontrei os gêmeos com Karen
-Olha só... Já tô sabendo que Carla te deu uma bela de uma comida de rabo
-Não da pra falar só que ela brigou comigo? - Sentei perto de João - Essa frase ficou muito sugestiva
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Uma lição de amor
عاطفيةJully já tinha tido problemas demais naquele colégio é por isso que esse ano ela decidiu que deixaria as coisas o mais simples possível. Isso até poderia ter acontecido se ela não tivesse conhecido Jennifer, a sua mais nova professora.