32- Comer e Relaxar

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Quanto mais o tempo passava mais eu ficava louca por Jenny. As coisas entre nós pareciam estar evoluindo...Isso se nós ignorarmos que ela passou a evitar a minha casa por vergonha (ou medo) da minha mãe, mas fora isso estava tudo ótimo.

O aniversário de Karen não demorou a chegar... Dezoito anos... Toda vez que penso sobre isso fico um pouco decepcionada.

Quando somos adolescentes, tudo o que mais queremos é fazer dezoito anos, pensar que teremos liberdade, independência... Era algo de fato atrativo. A questão é que é uma idade em que você aposta todas as suas fichas, e com Karen não foi diferente. Creio que desde os 15 nós planejavamos como seria aquela festa, com o passar dos anos, acho que percebemos que seria impossível fazer uma festa como a que queríamos sem ajuda financeira. Então nós convertemos a ideia da festa em: Comprar pizza, tomar cerveja e ouvir música com alguns amigos. Simples e significativo.

Eu realmente achei que daria certo, mas dois dias antes a mãe da Karen a deixou de castigo por um motivo que nem a própria Karen sabia. Então ela não poderia sair de casa pela próxima semana. Os gêmeos incistiram que ela mudaria de ideia no dia do aniversário, mas eu já a conhecia a muito tempo... Vi aquele episódio várias e várias vezes.

De qualquer forma, nós fomos pra casa da Karen no dia do aniversário, cantamos parabéns da calçada bem alto, ela apareceu na janela por alguns segundos, e foi tudo o que tivemos dela naquele dia.

Os garotos queriam sair pra comemorar sem ela, mas para mim não tinha mais sentido.

Eu sentia o quão decepcionada ela estava, e aquilo partia o meu coração.

Eu encontrei com Carla naquela noite, ela disse algo sobre querer ir até Karen, mas eu a convenci que isso só iria piorar as coisas pois a mãe dela era meio louca.

Meio... Karen desde pequena sempre odiou levar a gente pra casa dela. Ela sempre ia dormir na minha casa mas eu poderia contar nos dedos as vezes que ela me chamou para a casa dela. Demorei um bom tempo pra descobrir o que acontecia naquela casa.

De qualquer modo era uma situação um tanto quanto complicada, Karen nunca quis falar sobre o assunto, e eu nunca quis perguntar. Até porque eu já vi a Karen e a mãe dela em momentos ótimos juntos.

Eu conversei com a minha mãe aquela noite... Ou melhor, madrugada.

Eu fiz um café forte e fiquei na sala até ela chegar do trabalho.

Contei sobre toda a coisa com Karen e ela me disse algo que eu pretendia levar para a vida.

"Não se pode viver de momentos"

Do que adianta ter alguns momentos felizes com alguém se no restante do tempo aquela pessoa te machuca?
De nada...

Eu fui me deitar tão chateada, tão pra baixo... Eu tentei ligar para Jenny, sabia que ela era a única que poderia me animar um pouco, mas ela não atendeu. Não posso culpa-lá estava de madrugada.

Karen não foi ao colégio nos dias seguintes, e ninguém conseguia falar com ela. Eu tentei por um bom tempo, mas aquela altura eu não podia fazer muita coisa.

Estava na biblioteca, o professor de sociologia havia faltado e eu preferia ficar na biblioteca do que no pátio com o resto da turma.

Minha cabeça estava quase explodindo, mas quando vi Jenny entrar por aquela porta, foi como se todos os problemas tivessem desaparecido.

-Que carinha é essa? - Perguntou fechando a porta

-A cara de boba apaixonada? - Perguntei brincando

-Não, a que você estava antes

-Ah... Não quero falar sobre isso. Preciso me distrair, e não ficar mais preocupada

-Se distrair é?

-Uhum... E eu tenho uma ótima idéia

-Ta com a cara pervertida

-Não estou não.

-Claro que está

-Essa é a minha cara normal, não tenho culpa se tenho cara de pervertida.

-Então não vai me pedir para trancar a porta da biblioteca?

-É isso que você quer?

-Tive a impressão de que era isso que você queria

-Eu sempre quero... Mas estava pensando em um jantar...

-Essa é a sua idéia de distração?

-Na verdade sim. Comer me relaxa...

-Ah, isso tem vários sentidos

-Acho que trocamos de lugar hoje - Comento rindo um pouco - Mas eu realmente gostaria de te levar pra jantar...

-É um convite?

-Acho que sim. Mas só se você for aceitar

-E quando foi que eu já neguei algo pra você?

-Te busco mais tarde então?

-Agora estou curiosa... Vai roubar uma viatura do trabalho da sua mãe?

-Que tal eu não te responder e te fazer uma surpresa?

-Você tem habilitação? - É... Eu não tinha, eu só me calei e sorri para ela - Tenho que ligar para ver se o seguro  cobre acidente de carro...

Uma lição de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora