27- Nem tão Convincente

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Ficamos mais algum tempo naquela pracinha tomando café, o braço de Jenny estava sobre o meu ombro, ela me abraçava o tempo todo, e eu me sentia incrivelmente bem.

Quando estávamos voltando para casa, estranhamente as minhas pernas não estavam mais doendo.

Eu andava brincando no meio da rua, afinal o bairro era tranquilo e quase não passava carro ali.

-Que foi? - Eu perguntava para ela ao perceber seu olhar sobre mim

-Meu instinto protetor está me deixando louca te vendo no meio da rua... - confessou saindo da calçada e vindo até mim

-Então resolveu vir correr o risco ao meu lado?  - Olhei para ambos os lados para ter certeza que não estava vindo carro em nenhuma das direções

-Tipo isso... Mas eu sinto que se eu estiver do seu lado, nada de ruim vai acontecer com você.

-Minha protetora… minha heroína... - Sorri para ela antes de beijar suavemente seus lábios

Ela sorriu, pegando na minha mão e me levando de volta para a calçada para que pudéssemos continuar a caminhada para casa.

-Sabe... Eu ainda não acredito que eu dormi na noite passada - Confessei de cabeça baixa - Eu meio que tinha planos...

-Eu também tinha... - Confessou sem olhar para mim

-Tinha é? - Mordi o lábio inferior parando de andar a fazendo olhar para mim - Me conta, quais eram os seus planos?

Ela deu dois passos na minha direção e se inclinou um pouco, ficando com os lábios rentes a minha orelha, eu podia sentir a sua respiração na minha pele, e aquilo me deixava extremamente arrepiada.

-Meus planos... - Ela repetiu dessa vez mais baixo como num sussurro só para mim - Eu ia te puxar pela cintura... Te colocar em cima daquela mesa... Ia começar beijando o seu pescoço, porque eu sei que é o seu ponto fraco e você fica toda mole quando eu o beijo... - Ela parou de falar, mas não se afastou, eu só sentia a sua respiração em mim

-E depois... - Falei com a voz fraca quase implorando para que ela continuasse

-E depois... - Ela rio me deixando mais arrepiada do que nunca - Depois eu ia me afastar pois tinha muitos trabalhos pra corrigir - Disse se afastando com um sorriso sacana no rosto enquanto eu estava com a minha cara de indignação.

-Isso foi maldade - Resmunguei enquanto ia atrás dela que voltou a andar a caminho de casa

-Foi?

-Foi, e pode apostar que vai ter volta. - Falei firme, o que fez Jenny olhar para mim

-Vai se vingar?

-Pode apostar que vou...

-To ferrada... Tem data e hora pra eu me preparar?

-Eu não vou deixar você se preparar

-Não? - Senti suas mãos em minha cintura e logo seu corpo colado em minhas costas - Vai me pegar de surpresa, amor? - Ela sussurrou a última parte me deixando completamente louca - Pois isso é muita covardia - Falou se afastando

-Talvez seja covardia... Mas você vai adorar

Eu vi ela respirar fundo naquele momento, e eu me senti vitoriosa com aquilo.

Quando chegamos em casa e eu pude pegar meu telefone eu vi que haviam varias ligações perdidas da minha mãe, o que me fez ligar para ela correndo.

-O que estava fazendo que demorou tanto pra responder? - Perguntou ela mas antes que eu pudesse responder ela se adiantou - Quer saber? Eu prefiro não saber dos detalhes...

-Boa escolha... - Ri em resposta

-Vou cozinhar, e quero você aqui para jantar. Trás a professora se quiser, mas já avisa que eu não quero peças de roupa pelos meus corredores.

-Pode deixar, eu falo sim...

-Beijos, até mais tarde. Volte a fazer o que estavam fazendo... - Ela desligou o telefone e Jenny me olhava curiosa

-Temos um jantar na casa da minha mãe - Falei como se fosse a coisa mais natural do mundo, mas pela cara de Jenny, não era...

Ela não queria ir, disse que já tinha passado vergonha suficiente na frente da minha mãe, mas depois de muita insistência da minha parte, ela acabou aceitando.

Nós passamos a tarde corrigindo o restante dos trabalhos, quando terminamos fomos tomar um banho rápido para ir para a casa da minha mãe.

Eu vesti as roupas de Jenny, já sentia como se fossem metade minhas e ela sempre dizia que amava me ver com as roupas dela.

Fomos de carro até a minha casa, Jenny parecia tão nervosa, e ela simplesmente não conseguia disfarçar. Foi o caminho inteiro suando frio.

Quando chegamos em casa, eu apenas ouvi um grito da minha mãe.

-Jully, é você? - Ela gritava do andar de cima

-Não, sou um ladrão que tem a própria chave - Gritei de volta enquanto pendurava as minhas chaves

-Tô saindo do banho, fica de olho no fogão pra mim - Ela gritou e eu apenas segui com Jenny para a cozinha.

-Melhor você ficar de olho no fogão, eu sou conhecida aqui em casa por queimar a comida - Falei passando pelo fogão e sentando na frente dele em cima do balcão

-Acho melhor... - Disse ela se aproximando do fogão e olhando discretamente para mim.

Eu estava com uma camisa de botão sua, e havia deixado de abotoar alguns propositalmente pois sabia que Jenny ficaria tentada a olhar.

Ela pegou uma colher e começou a mexer o molho enquanto olhava pra mim. Eu passei a mão por todos os botões e soltei mais um, eu podia ver as suas mãos apertando o cabo da colher enquanto ela me olhava e isso só me fez soltar outro botão, e depois outro...

-Para... - Jenny pedia mas sua voz era tão fraca

-Esse seu "para" não foi muito convincente - Provoquei saindo de cima do balcão

-Não? - Ela me acompanhava com o olhar enquanto eu andava pela cozinha dando a volta no balcão - E como eu tenho que pedir para parecer mais convincente?

-Você vai ter que me abraçar por trás - Eu me coloquei atrás dela com o seu corpo colado ao meu, eu joguei o seu cabelo para o lado para pode chegar bem perto de sua orelha - Vai ter que me pedir… quase implorar, surrando assim, no meu ouvido - Falei dando uma leve mordida no lóbulo de sua orelha antes de me afastar vendo como eu havia mexido com ela - Parece bem mais convincente pra mim... - Falei observando como ela estava arrepiada, como sua respiração estava pesada e como ela demorou uns dois minutos para conseguir me responder.

-É vingança por mais cedo né? - Ela concluiu finalmente olhando pra mim

-Você está ansiosa por isso não é? Quer mais essa vingança do que eu...

-Garota esperta... Me pegou... - Ela abaixou a cabeça - Quero ver o que está guardando para mim

Uma lição de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora