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Grego ⚡

Nem demorou muito pra outra dizer que tava com sono, me fazendo já parar de dar rolê com ela e levar ela pra casa.

O que eu sentia por ela era uma parada estranha, uma coisa boa mas que podia se tornar uma coisa ruim.

Não queria mostrar pra ela o que eu realmente sou, o que eu faço.

Mas uma hora ia ter que fazer isso, era foda esconder.

Enquanto a gente subia o elevador, ela olhava o celular e eu olhei o meu também.

Amanhã tinha missão das grandes, assaltar um banco do interior do Rio.

Iria ser o dia todo e eu queria o dia todo com ela.

Carol: O que foi? Você muda de expressão do nada...- Falou guardando o celular e o elevador abriu.

Grego: É que hoje eu tenho missão das grandes...- Falei andando do lado dela, que ficou calada.- Foi mal.

Carol: Você não pode faltar? Tipo, só uma...- Falou fazendo careta.

Grego: Além de que eu preciso da grana, eu que comando. Fica foda pra eu não ir.

Carol: Tudo bem. Mas nem à noite rola um jantar? Aqui em casa mesmo, sei lá...

Grego: Prometo te levar pro melhor lugar do mundo de noite...- Falei abraçando ela.

Carol: Tudo bem...- Beijou meu queixo.

Baixei a cabeça, beijando ela que me agarrou, quase subindo em cima de mim.

Coloquei ela no meu colo e me sentei no sofá, enquanto passava a mão pela  bunda dela.

Carol: Sabia que tem uma lista de coisas que a gente nunca fez juntos? - Falou se ajeitando no meu colo, colocando as pernas pra um lado, sentando com a bunda nas minhas pernas e apoiando o braço no sofá, fazendo o rosto apoiar no braço e me olhar.

Grego: Tipo o que? - Falei passando a mão na barriga dela.

Gostava demais dessa garotinha, era menina boa demais, do nada começava a chutar pra mim.

Mó parada louca, tio.

Carol: Dormir juntos, a gente nunca fez isso.

Grego: Naquele dia, a gente deitou aqui no sofá.

Carol: Tô falando de passar o dia juntos e dormir juntos, de noite.- Revirou os olhos, me fazendo sorrir de lado.- Também nunca passamos o dia todo juntos, sem interrupções.

Grego: Eu sempre chego depois do almoço e saio de noite daqui.

Carol: Não vale. Também nunca transamos, você é gay e eu sou só um experimento?

Grego: A gente mal tem tempo de ficar juntos, parceira.- Ela cerrou os olhos.- Prometo que um dia, eu te tiro de casa por uma semana inteira, só nós dois, distante dos meus compromissos.

Carol: Me iludiu fácil agora. Mas, vou tentar acreditar.- Falou me dando um selinho.- E aliás, o que a gente tem? - Fiquei calado.- Você fica com outras pessoas? - Continuei na minha, olhando pra ela.- Gregroti, você pode me responder?

Grego: Gregoti, Carol? - Falei mudando o assunto.

Carol: Bê, você fica com outras pessoas além de mim? - Falou ajeitando a postura.

Grego: O que você acha que a gente tem, saco de vento?

Carol: Eu acho que eu sou uma diversão pra você, que todo final de semana que você vem, você sabe que eu vou tá te esperando, então não se preocupa pelo resto da semana... que eu não sou a única na sua vida, assim como você é na minha. Que você vai dizer que nunca pediu nada sério, ou vai ter uma desculpa pedindo pra não rotular.

Grego: São poucas as vezes que eu não te ligo em dia de semana, sempre tô tentando ficar próximo de você.

Carol: Você as vezes liga, mas poucas vezes.

Grego: Eu sei que tu sempre vai tá aqui me esperando e isso é uma parada boa demais, porque eu sempre tô esperando o tempo pra ficar contigo. Acho que eu não fico felizão por outra coisa que não seja te ver.

Carol: Então me diz, o que temos? - Travei na hora, papo reto.

A questão é que eu não queria me envolver mais, mas já tava envolvido até o talo.

Carol não merecia passar, pelo o que eu ia oferecer a ela.

As humilhações, pegar cadeia, ser sequestrada, ter que matar pra não morrer.

E seria fodido se eu fosse egoísta pensando só em mim e assumindo uma parada agora.

Tava tudo calmo demais, fácil demais. Uma hora ou outra, eu ia explodir, acabar descontando toda minha raiva nela, acabar falando parada que magoa ela, só pra ver a tristeza e sentir prazer.

Eu era assim mermo e tentava no momento mostrar meu melhor pra ela, a qualquer momento o filho da puta, que minha mãe criou ia aparecer e foder com ela.

Florência sabe o que foram cinco anos, eu batia, eu chapava e descontava nela, fazia ela passar por humilhações, coisas que ela não merecia, mas eu ia fazer o que?

Coroa criou, diz ela ela que foi "pra enfrentar o mundo." Ela sempre diz que o mundo vai foder comigo, então eu tenho que foder o mundo.

Mas foder a Carol, ela muito fodido.

Carol: Bernardo? - Olhei pra ela, vendo ela me encarando com a cara triste dela.

Grego: Oi, o que foi?

Carol: Só me responde o que eu te perguntei. Se eu ficar com outra pessoa você vai se importar? Ou melhor, você já ficou com outra pessoa?

Encarei ela no retão e sorri falso pra caralho, me levantando e apenas abrindo a porta, pra ir embora.

Nem eu entendi minha ação, mas a parada foi que eu precisava pensar, longe dela.

Acaso No Morro.Onde histórias criam vida. Descubra agora