Adara já podia sentir seu poder esvaindo-se quando não restavam mais criaturas, os redemoinhos cessaram, e sua visão havia entrado em foco. Podia sentir seu corpo ardendo em febre. Havia ido fundo demais em sua magia daquela vez. E aparentemente, não havia sido a única a ter tido um surto de poder, pois o encantador das sombras a segurava no colo até que pousassem no chão, se afastando dela. Mas adara percebia os olhares dele, como se quisesse certificar-se de que estava tudo bem, ela estava salvo. Sabia porque fizera o mesmo com ele, por mais que ferisse seu orgulho ter de admitir aquilo. O illyriano a cobriu com um pedaço de tecido que jazia no chão. A féerica desviou o olhar pro lado, envergonhada com a exposição do próprio corpo. O grande vestido não lhe servira de nada. Tudo que restavam eram fagalhos. As coxas dela estavam expostas, junto aos ombros e um decote escandaloso que o tecido agora cobria. - obrigada. murmurou em um baixo e rouco, desviando o olhar pras janelas ensanguentadas e quebradas. As paredes brancas agora estavam manchadas de sangue, um cenário perfeito para a pilha de corpos no chão. O macho pigarreou, chamando sua atenção enquanto franzia a testa, aparentando confusão. - Desde quando, você sabe. O brilho, o voo..
Isso retirou um sorriso da féerica, que agora o encarava ainda mais próxima. Pelos deuses, o que ela estava fazendo? E o que ele estava fazendo? O illyriano parecia ter aceitado a provocação daquela vez, sentado a centímetros dela com a mão apoiada no chão de mármore, a observando. Adara conseguia sentir a respiração dele. - Curioso? Foi tudo que disse antes de sorrir novamente, observando os olhos escuros dele.
Azriel dera de ombros, como se fosse extremamente comum féericas voarem e explodirem em chamas e areia todos os dias em sua vida. No entanto, o encantador das sombras não desviou o olhar, com o nariz quase encostado ao dela e uma expressão desafiadora. - E se estiver?
Antes que Adara pudesse responder, as portas se abriram - ou melhor, despencaram. Os grãos senhores estavam impecáveis, enquanto o capitão atrás dele, banhado de sangue. Ela preferia não saber o que acontecera. Se fosse sincera, admitiria que não conseguia pensar em nada além de se afastar do seu parceiro, que fizera o mesmo. Exibindo a melhor máscara que podia em seu rosto, ergueu-se e saiu desfilando, parando do lado dos féericos poderosos ao seu lado, que a olhavam de cima a baixo. A princesa tinha certeza que parecia um gato de rua após uma briga. - Aguardarei agradecimentos no jantar.
E saiu, como se nada tivesse acontecido.
Quando chegou ao seu quarto, fechou as portas num único chute. Cassandra a observava sem nenhuma reação, já indo até o armário em busca de roupas novas, dando-lhe a privacidade que queria. Adara entrou no banheiro as pressas, andando de um lado para o outro enquanto a banheira era preenchida com água morna. O que diabos ela estava pensando? Provocar o illyriano daquela forma, atirando-se em cima dele.
Isso não significava que ele não tivesse gostado. Dentro de si, a féerica se questionava sobre o que aconteceria se não tivessem sido interrompidos. Estúpido. Muito, muito estúpido.
Retirou as roupas e entrou na banheira, fechando os olhos enquanto afundava na água quente. Precisava lavar seu corpo, e talvez a própria alma. Em algum momento, a féerica apagou de exaustão. Acordou na cama ao por do sol, vestida com um traje preto em bordados de prata e um casaco branco de lã. Pela primeira vez em muitos anos, estava chovendo. Como se até mesmo os deuses quisessem retirar o sangue que fora espalhado ali.
- Hadij -
O sultão estava em seus aposentos, observando o por do sol enquanto seus pensamentos vagavam a milhares de quilômetros de distância.
Ele sabia porque o grão senhor da corte primaveril atacara. No início, Tamlin aceitara a aliança, aproveitando-se da ajuda que recebia para reconstruir sua corte. Mas quando a refez, tornou-se o mesmo que sempre fora, tentando passar por cima de todas as cortes, e atacando a sua desde que decidira cortar qualquer laço com a primaveril. Não enviaria suas comidas, seus soldados, e nenhuma jovem de alto patamar deveria se casar com algum féerico da corte Primaveril. Ele sabia, que fora a medida certa. Mas Tamlin não aceitaria ficar por baixo, prometendo atacar seu palácio muito em breve.
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𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑾𝒊𝒏𝒅 𝒂𝒏𝒅 𝑺𝒂𝒏𝒅
Fanfiction" Meu pai certa vez comprou e vendeu um pingente dourado com lápis-lazúli que vinha das ruínas de um reino árido no sudeste, onde os féericos governavam como deuses em meio a tamareiras oscilantes e palácios varridos pela areia. " [ Feyre Archeron...