𝔔𝔲𝔦𝔫𝔷𝔢

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Adara se ergueu após a elegante reverência, conforme Rhyssand sorria e ambos se abraçavam levemente. Um rosto familiar, e um amigo também. A féerica foi surpreendida pelo capitão, que lhe cumprimentara formalmente antes de puxar sua longa trança em provocação, lhe retirando um sorriso.

- Cassian, recordo-me de ouvir sussurros no oriente sob seu desejo de entrar em batalha comigo.. claro que além de derrubá-lo facilmente, sei que quase ficou cego sem a luz de minha beleza... a guerreira deu de ombros, exibindo os dentes enquanto o féerico ao seu lado declarava guerra, obviamente animado com a proposta. Apesar das brincadeiras, adara tinha de admitir que gostava do guerreiro. Era um bom homem, e merecia o posto que tinha.

Foi quando Azriel adentrou na sala junto a uma criatura pálida, uma fêmea de cabelos curtos e traje cinza. Adara desviou o olhar dela para o seu parceiro, que se aproximava calmamente. Pelos deuses, ela se esquecera da parceria. A sensação que era estar sequer no mesmo cômodo que ele. Não se lembrava de que fosse tão forte, o laço parecia funcionar como um imã, a atraindo pra que se aproximasse do encantador, que agora a observava com uma postura tranquila, ainda silencioso. O espião finalmente levou seu olhar ao dela.

Adara retribuiu um olhar com faíscas antes de dar de ombros levemente, como se estivesse discutindo sobre qualquer futilidade do dia a dia, e arremessou a lâmina do seu parceiro no ar.

O illyriano finalmente sorriu, com as sombras se intensificando as suas costas quando capturou a adaga, girando-a entre os dedos. Azriel parecia pela primeira vez, não se importar em avaliar o estado em que ela se encontrava, arremessando o anel da princesa em uma troca. Dando de ombros, o encantador das sombras se aproximou, a observando frente a frente.

Adara ergueu o queixo conforme colocava o anel em seu dedo, não ousando quebrar aquele olhar quando deu um passo a frente. - É sempre um prazer, encantador.

Ambos foram interrompidos por Amren, a criatura que agora parecia haver um nome. A féerica pigarreou, observando ambos antes de desviar os olhos pro guerreiro - Não sabia que havia encontrado uma parceira.

E pelos deuses, o sorriso dela faziam as entranhas de Adara se revirarem, mas isso não era o bastante. A princesa arqueou a sobrancelha, desviando o olhar pra fêmea. - Interrompo?

Independente do que esperasse ao revê-lo, quando seu parceiro entrou ao lado da fêmea.. a sensação era a mesma de levar um soco em seu estômago. E Adara conhecia aquela sensação perfeitamente, levara mais surras do que poderia contar.

Amren ainda sorria, e pro seu alívio, finalmente desviou sua atenção de volta ao livro em seu colo. Mas a agitação já estava ali, a consumindo. Provocando-a de modo que se uma pena caísse no chão, Adara provavelmente apunhalaria a primeira pessoa a sua frente. O illyriano a encarava com uma expressão confusa, embora rapidamente esta sumisse e o rumo da conversa mudasse, com Rhyssand pigarreando e Cassian ao seu lado, que parecia estar com uma tosse extremamente fingida.

Quando se sentou, decidiu que por hora contaria uma parte do que sabia a Rhyssand, que tamborilava na mesa inquietamente. Cassian mencionava algumas bibliotecas e arquivos, se oferecendo pra levá-la quando se sentisse descansada pra procurar. O illyriano estava ao seu lado, em silêncio, a observando fixamente enquanto Adara refletia, mordiscando o lábio inferior. - Você a conhecia? Mesmo que supercicialmente.

Gentilmente, Rhyssand negou com a cabeça, sorrindo levemente antes de estender um papel com uma longa lista. - Adara, querida, me ofende pensar que eu seja tão antigo assim. Mas são uns lugares por onde pode começar a procurar. Se precisar de ajuda, pode contar com qualquer um de nós. Mas imagino que minha parceira ou Cassian sejam a melhor opção de ajuda que possa ter por agora.

Em menção do seu nome, o capitão se virou extremamente ofendido, levando uma das mãos até o próprio peito enquanto discutia com seu grão senhor - Espere aí, o que você quer dizer com e Cassian? Achei que eu fosse seu parceiro.

Adara sorriu, e apesar da lista em suas mãos, ainda parecia se divertir com a conversa a sua volta. Cassian e Rhyssand pareciam ter entrado em alguma discussão, porque o féerico de olhos violeta erguia as longas mãos para cima, tentando se render das diversas acusações de um Cassian muito, muito ofendido. A lista não era tão enorme quanto em suas expectativas, mas era o bastante para que pelo menos achasse algum resquício da lembrança de sua mãe. Adara não precisava abrir nenhum livro pra saber da grande mulher que ela deveria ser. Dobrando cuidadosamente o papel, decidiu guardá-lo no seu manto, desviando o olhar para as mãos do encantador. Nem mesmo quando o conhecera, se chocara com o estado das mãos de seu parceiro. Não sentia pena dele, ou surpresa. E muito menos o julgava. Em sua mente, as mãos destruídas do espião era apenas uma peça que o completava, e não poderia simplesmente rejeitar aquele pedaço. Era parte de quem ele era, e as vezes, nos seus piores medos, a guerreira temia quando o pensamento de que, quando observava o quebra- cabeça como um todo, gostava do que via. Foi quando percebeu a marca em seu dedo mindinho, provavelmente feita pela exposição ao sol e ao tempo, mas uma pequena faixa da pele, estava mais clara que as demais. A guerreira finalmente encarou aquela imensidão escura, em um desafio claro. E demoradamente, permitiu que ele entrasse em sua mente, sentindo as barreiras da mente do encantador cederam juntamente. Rapidamente, desviou sua atenção para a mão dele, fazendo menção do que via. - Vejo que tomou posse das minhas jóias.
O guerreiro não quebrou o contato, dando de ombros levemente. - Posso dizer o mesmo, espiã.

Adara sorriu, repetindo o gesto antes de ambos desviarem a atenção para os acontecimentos a sua volta.

Feyre e Morrigan observavam a cena com curiosidade, como se uma conversa silenciosa se passasse entre ambas. Aquilo gesto fez o peito da princesa apertar, recordando-a de sua dama, a milhares de distância dali. Sentia falta de Cassandra, e as vezes, na maior parte do dia, queria que ela estivesse ali para animá-la, ouvi-la enquanto a princesa contava suas aventuras. Ambas pareciam não estar a parte da situação, quando Rhyssand simplesmente revirou os olhos, gesticulando pra Adara e o espião ao seu lado. - Feyre querida, isso. Não tente entender. Quanto menos tentar compreender, melhor.

A grã-senhora franziu o cenho, não parecendo acreditar muito nas palavras do próprio parceiro quando Amren interrompeu, erguendo finalmente o rosto do livro. A imediata estava deitada confortavelmente de lado em um sofá vermelho, aparentando estar realmente incomodada com o barulho que os machos faziam. - Azriel arrumou uma parceira. Foi tudo que disse antes de retornar as páginas amareladas, ignorando o resto do grupo. O espião automaticamente levara a mão ao rosto, apertando a região entre os olhos, com os mesmos fechados, claramente aborrecido. Adara desviou o olhar para a criatura no canto da sala, arqueando uma sobrancelha. - Você não é pertence a este mundo. Não era uma pergunta. A sala inteira ficou tensa, quando Amren se ergueu, aproximando-se da mesa. - E acredita que os seus dons venham dele?

Antes que ela pudesse responder, Amren a interrompeu, erguendo o dedo com as unhas pontiagudas enquanto sorria, apontando para a princesa. - Você. Gosto de você.

Adara abriu um sorriso sombrio, que mesmo os mais corajosos soldados do seu território não a desafiariam para vê-lo. No entanto, a imediata sorriu novamente, finalmente saindo da sala e permitindo que a porta batesse. Era recíproco, então. A guerreira concluiu antes de virar-se para o círculo íntimo que a observava com surpresa.




𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑾𝒊𝒏𝒅 𝒂𝒏𝒅 𝑺𝒂𝒏𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora