𝔔𝔲𝔞𝔱𝔬𝔯𝔷𝔢

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Adara se surpreendeu na reunião, quando seu Grão senhor decidiu enviá-la para a Corte Noturna. Quando ele revelou seus planos ao círculo íntimo, a féerica e a metamorfa trocaram olhares a menção sobre alguém ter de ir a corte buscar informações. Adara sabia o que sua conselheira pensava. Após a partida do encantador, Adara prosseguiu sua vida no palácio, embora saísse a noite logo após o jantar. O sultão parecia prestes a ter um colapso quando sua filha lhe revelou a verdade sobre as saídas, embora aquele fosse o menor dos problemas. E apesar disso poderia lhes ser útil naquele momento. Foi quando decidiram que Adara partiria após o jantar, dia após dia e colocaria um dos guerreiros do rei como líder do grupo. Quando o sultão havia lhe revelado isso, Adara o observava com uma sobrancelha arqueada, em questionamento. - E qual será meu papel nisso tudo?

Seu pai continuou de pé, com o queixo erguido e firme, suas mãos posicionadas cima de um mapa enrugado e amarelado, que se estendia de uma borda da mesa a outra. - Você irá a corte noturna.

Fora uma das poucas vezes que a féerica fora realmente surpreendida. Por um segundo, tão rápido que até mesmo o sultão não possuía certeza sobre o que vira, surpresa estampava o rosto de sua primogênita. Não choque, não decepção ou alegria. Mas ela não esperava que seu pai a escolhesse e a enviasse para lá, porque embora que quando o encantador tivesse partido junto aos seus e adara não tenha esboçado uma mísera gota de tristeza, todos da corte, até mesmo Cassandra, esperavam que ela surtasse. Passaram-se dias, meses, e ainda assim, alguns deles a encaravam como se fosse uma espécie de bomba relógio, prestes a explodir a qualquer instante e espalhar os estilhaços por todos os lados. Consciente dos olhares calculados sob si, a princesa apenas abaixou a cabeça e fez uma reverência, sem dizer uma palavra. Como um bom soldado.

Quando chegou aos seus aposentos pela madrugada, já traçava um plano, calculando, pensando em como seria a melhor forma de descobrir sobre o passado de Lyria, sua mãe. Tudo o que sabia, era que era uma féerica da Corte Noturna, filha de um general e que partira por alguma razão. No entanto, quanto perguntara ao seu pai sobre a razão da partida, o grão senhor reapareceu ali, desviando o olhar e encerrando a conversa tão firmemente que ela não ousou questionar.

Adara iria a Corte Noturna, então. Iria a Velaris, iria encarar Rhyssand, Cassian, e quando chegasse ao seu parceiro.. não saberia como agir. Adara suspirou, levando uma das mãos até o próprio rosto enquanto deslizava as costas da própria mão pelo olho. Estava exausta. Durante a viagem, decidiu que descansaria o máximo possível. Afastou suas anotações e guardou dentro dos preparativos, deixando o pequeno castiçal em seu criado mudo enquanto finalmente deitava. Soprando a vela, Adara apagou qualquer sinal de luz em seu quarto, entregando-se a escuridão e aos sonhos que a esperavam.

🥀 Cassandra.

A noite anterior havia sido..turbulenta. A metamorfa não sabia se deveria ignorar os pensamentos que havia tido antes de adormecer, ou se realmente deveria tomar um rumo em sua vida. Balançando a cabeça, voltou a erguer o queixo, concentrada em seu posto, protegendo uma das portas de marfim. Uma máscara, não era nada mais que isso. A expressão séria e dura tomava seu rosto, disfarçando a gota de beleza que lhe fora dada pelos deuses, enquanto a fêmea prosseguia imóvel como uma pedra. O único sinal de vida foi quando as portas se abriram e o grão senhor passou pelo corredor, em companhia de seu pai, o capitão, e o conselheiro. Cassandra se curvou quando atravessaram por ela, embora fosse nada mais que um fantasma ali. Não seria notada. a não ser que fosse preciso. Com um suspiro, observou os três féericos sumindo pelo corredor. A fêmea abaixou a cabeça, formando uma expressão carrancuda em seu rosto. - Belo uniforme.
Amim encontrava-se encostado nas portas com os braços cruzados, encarando a féerica com um sorrisinho malicioso em seus lábios . Cassandra apenas revirou os olhos, levando uma das mãos até o rosto antes de voltar a sua posição e sussurrar. - Me pegue desprevenida novamente, e ganhará um belo de um olho roxo. Alertou rosnando. O guerreiro agora sorria, se aproximando dela e ficando frente a frente. Pelos deuses, ela parecia patética. Amim possuía o dobro do tamanho e largura de Cassandra, com os bíceps a mostra, destacando-se na pele quase negra enquanto a encarava, farejando. Tudo que a féerica pedia, era que o rubor não chegasse ao seu rosto. Formando uma expressão séria, arqueou a sobrancelha e ergueu o dedo, mantendo o tom de voz firme em uma ameaça clara. - Saia.

No entanto, o guerreiro não parecia ouvi-la, pois havia se inclinado de encontro a ela, apoiando o peso do corpo em um dos braços, recostado a parede conforme a observava, olho no olho. Cassandra retribuiu o olhar, encarando aquela imensidão em um tom de mel profundo. Segundos se passaram, quando o guerreiro decidiu quebrar o contato, já caminhando pelo corredor. Cassandra pressionou um lábio contra o outro, e em um único movimento veloz, agora segurava o pulso do guerreiro.

O féerico virou-se abruptamente, como se não estivesse acostumado a ser tocado. Sua expressão era brutal, embora que quando parecesse notar as mãos delicadas e firmes, seus olhos se suavizaram, e logo ele estava de volta. O guerreiro levou uma das mãos até os cabelos, penteando as tranças escuras enquanto exibia um sorriso reluzente. - Me chamou, querida?

Cassandra o acertou em um soco certeiro, atingindo o queixo, de modo que o féerico cambaleasse por um segundo antes de avançar em frente a ela.

- Me encontre após o jantar. Não se atrase. Foi tudo que teve coragem de dizer antes de desviar o olhar. E lá estava de volta a sua máscara, enquanto a filha do capitão observava o movimento com um olhar morto e petrificado, vazio. Amin pareceu voltar a si, finalmente compreendendo o significado e cuspindo sangue no chão antes de levar a mão firme até o maxilar e sair, caminhando calmamente como se nada tivesse acontecido, assobiando em um bom humor que não parecia estar ali antes. - Belo soco, soldado.

E pela primeira vez em meses, Cassandra sorriu.

☀️ Adara

Logo quando se distanciaram da suas terras, o sol parecia esfriar cada vez mais. Adara revisava seus planos no convés, sentada no piso de madeira entre alguns sacos de alimentos. Traçava rotas, e em uma conversa com um dos semi-féericos no navio, descobrira todas as bibliotecas existentes em Velaris. Quando terminou sua revisão e se certificou de que tudo estava em seu devido lugar, Adara decidiu tirar um cochilo, apoiando as próprias costas em uma mochila de couro e fechando os olhos, agarrada a lâmina illyriana em sua mão. Parecia que quanto mais se aproximava de Prythian, mais a ausência do espião era perceptível. Fosse dentro do seu peito, ou ao seu redor. Então a féerica ocupava seu tempo lendo, revisando, traçando rotas, procurando informações e puxando conversa com a tripulação, conduzindo a conversa pra pontos em que lhe seriam úteis. Já faziam dias que estavam no mar, levou um mês exato para que conseguissem finalmente chegar a Prythian. Talvez pela rota ou pelo tempo, ela não saberia dizer qual dos dois dificultava mais. Enquanto os mares do oriente eram calmos e tranquilos, os de Prythian eram um território perigoso, com a água de uma coloração tão densa e azul, que escondia qualquer ameaça que estivesse escondida ali. A guerreira decidiu que não se envolveria naquilo, e que o que quer que se escondesse ali, cercando o barco em algumas noites, ficaria ali.

Adara acordou com a notícia de que haviam chegado. A féerica se recompôs, e logo estava gritando ordens de um lado ao outro no convés. Parecia não ser a única com uma grande agitação dentro de si. E quanto mais se aproximaram, perto das terras de Velaris o suficiente para que ela pudesse ver a cidade, Adara não tinha palavras. Mesmo os boatos que ouvira, nenhum deles chegava tão perto de capturar metade da beleza daquele lugar. A cidade era banhada pela luz do sol, que parecia abraçar as casas que se estendiam pelo longo caminho, misturando-se com as lojas. A féerica caminhava pelas ruas ladrilhadas com um olhar atento, ciente dos olhares sob si. Uma estrangeira. E essa era a mensagem que ela fazia questão de transmitir. Usava a armadura feita por Cassandra, um traje de couro marrom-queimado com bordados em fios de ouro, que formavam espirais desenhando os símbolos de sua corte. Os cabelos estavam presos em uma longa trança negra, que descia até suas costas em uma longa linha, exceto pelas curtas mechas que balançavam em seu rosto, embora a féerica não se incomodasse. Sua espada estava presa sob as costas, enquanto a lâmina illyriana seguia amarrada em sua coxa esquerda.

Adara optou por ignorar os olhares e gestos até que chegassem a casa dos ventos. Pelo que um dos guerreiros mencionara, apenas o círculo íntimo do grão senhor teria permissão de estar lá, além de convidado, servos e criadas. Permanecendo em silêncio, a féerica encarou o próprio reflexo pelo vidro da janela. Pelos deuses, seu poder circulava seu corpo, clamando para que fosse liberto. O motivo, a princesa decidiu que não pensaria nele por hora.

As portas foram abertas, e Adara seguiu até a grande mesa em que o grão senhor se encontrava. O lugar era..encantador. Durante todo o trajeto, ainda não conseguia pensar numa palavra que captasse a essência e beleza daquele local.

Adara saiu do transe, abrindo um sorriso de canto antes de curvar-se diante do grão senhor a sua frente.

𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑾𝒊𝒏𝒅 𝒂𝒏𝒅 𝑺𝒂𝒏𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora