𝔙𝔦𝔫𝔱𝔢

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Adara encontrava-se sentada no parapeito de uma das grandes janelas, observando o nascer do sol a sua frente. Fechando os olhos, pediu aos deuses que limpassem sua alma, e que cuidassem de seus protegidos. Ela havia feito um trato com Lyria, e retornaria em uma semana, após a poeira finalmente abaixar e a tempestade se acalmar. Pela sua própria segurança, e a das fêmeas que se encontravam ali, deveria ficar entre as sombras. Exatamente como seu parceiro fazia. Ela finalmente permitiu que seus pensamentos vagassem rumo ao espião. Da última vez que o vira, seus olhos se encontraram aos dele em meio ao campo de batalha, antes de explodir em feixes de luz. Ela sabia que ele permanecia vivo, sabia dentro de si. Só não sabia se ele desejava que ela estivesse.

A féerica fechou os próprios olhos, exalando um longo suspiro de exaustão, quando surpreendeu-se com a voz as suas costas. - É um prazer revê-la novamente, majestade.

Adara seguiu a direção de onde a voz surgia, deparando-se com Benjamin. O guerreiro estava de braços cruzados, cobrindo a armadura dourada com uma expressão preguiçosa e tranquila em seu rosto, conforme se sentara ao lado dela. - Então.. está viva. De certa forma, é um alívio.

A princesa arqueou uma sobrancelha, ainda mais bela diante da luz do sol, que agora erguia-se no céu e iluminava seu rosto, acobertando-a como sua escolhida. - Ordeno explicações. Ambos os féericos sorriam, Benjamin havia se aproximado, sentado ao lado de sua senhora antes de desviar o olhar ao campo abaixo, onde diversas illyrianas agora voavam e treinavam, finalmente livres. Ele engoliu em seco, evitando o olhar de sua senhora. - Após a batalha.. tudo que soube foi sobre o caos. Quando sua mãe teve de partir, seu pai confiou somente a mim o posto de visitá-la, e compartilharem todas as informações necessárias. Quando os rumores sobre sua morte chegaram ao oriente.. o sultão ficou fora de si. Foi uma tragédia, Adara. Aumentaram as guardas, nosso povo se ofereceu em buscas, feiticeiras e sacerdotizas pareciam dispostas a trazê-la de volta. Não importava o custo. Nosso reino ficou.. vulnerável. No início, as criaturas atacaram, mas o povo se cansou. Se reergueu. Eu vi crianças empunharem lâminas, majestade. E apesar dos sacrifícios, houveram pouquíssimas baixas. Você inspirou eles, Adara. Não só os machos. Mas as mulheres também. E sabe o quê mais? Muitas delas formaram um grupo. " In lu servientes "

- Servidoras da luz, Adara completou antes de desviar o olhar pro campo a alguns metros. O guerreiro concordou com a cabeça, finalmente avaliando-a - Sim. Começaram a treinar, fossem mães, guerreiras, até mesmo crianças. E estando viva ou não pra todos eles, você agora é a nossa grã senhora. E é meu dever protegê-la. Não importa o preço. Se sua vontade for ficar.. manterei o segredo. Ficarei ao seu lado, tão silencioso como uma pedra se assim desejar. Mas se resolver partir, terá de aceitar seu posto não somente rainha, mas como grã senhora também. E depois disso, não haverá volta.

Adara perdeu o fôlego, desviando o olhar pro guerreiro, que agora encontrava-se de joelhos aos seus pés, com a espada em suas mãos. A féerica engoliu em seco. Pelos deuses. Não esperava por aquilo, não esperava por nada.. e uma grã senhora.. e apesar disso, uma vozinha em sua cabeça sussurrava, tão baixa que somente seu coração poderia ouvir. Como rainha e como grã senhora, poderia soldar um mundo novo. Um mundo melhor. Um mundo de justiça e liberdade.

Sorrindo, a guerreira encarou o servo a sua frente antes de abrir as próprias asas e partir até seus aposentos. Após tantos dias ali, não teria tempo de se despedir de sua mãe. Ou talvez.. não tivesse forças para o que a situação exigia. Não teria forças para se despedir de qualquer uma ali. puxando um papel de pergaminho que jazia na escrivaninha de carvalho, escreveu uma rápida despedida antes de deixá-lo em sua cama. Quando retornou, usando a própria armadura e com as longas asas brancas amostra, Benjamin não precisou de qualquer ordem pra compreender o que aconteceria, esperando-a de pé na grande sacada. o guerreiro e ela trocaram um olhar silencioso. Adara havia deixado apenas um bilhete. " Tive de partir, tomarei o que é meu com luz e chamas se for preciso. Encontre-o, e viva com ele o que tiveram de perder por todos esses anos. "

𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑾𝒊𝒏𝒅 𝒂𝒏𝒅 𝑺𝒂𝒏𝒅Onde histórias criam vida. Descubra agora