" - Sim "
A féerica exclamou em resposta diante do macho ajoelhado a sua frente, com a jóia em suas mãos. Adara levou ambas as suas aos próprios lábios, sem conseguir esboçar qualquer outra reação, pela primeira vez em sua vida.
Quando praticamente obrigara o illyriano a dançar com ela, já havia sido uma grande surpresa que esse houvesse aceitado. Adara balançava os pés de um lado ao outro, acompanhando o ritmo da dança conforme Azriel a tomava em seus braços, silencioso como o luar que os iluminava. O único som a sua volta, vinha dos instrumentos abafados devido a distância, em harmonia com o tilintar das jóias e adereços das sacerdotizas e concubinas que celebravam o baile a distância. Após um longo período, a féerica arqueou uma sobrancelha, empunhando as próprias mãos antes de acertar o próprio parceiro no peitorial levemente exposto. O espião gargalhou diante daquilo, de modo que a enfurecesse ainda mais e tivesse de pressionar os braços contra sua cintura. Azriel a encarou pelo que pareceu uma eternidade, quando decidiu finalmente afrouxar o aperto e se afastar, vagando pelo jardim antes de abrir as asas, estendendo a mão em direção a princesa, que agora sorria em desconfiança a sua frente, o acompanhando ao abrir as longas e pálidas asas, aceitando a mão exposta de seu parceiro ao franzir o cenho, em curiosidade.
" - O que isso significa? "
" - Que vamos dar uma volta, ao que parece. "
O espião murmurou antes de ser acertado novamente pela princesa, que pairava nos céus com uma carranca em seu rosto. Ainda assim, Azriel sorriu, um gesto tão simples, e tão íntimo. Adara não se recordava de quaisquer momentos que o havia visto daquela forma, se não a sua frente. Quando o conhecera, ao que parecera milênios atrás, Azriel não passava de uma sombra, sempre tão silencioso que em alguns momentos ela duvidara que ele pudesse, de fato, falar. E quando este depositou um beijo em sua testa, ela relaxou ao fechar os olhos, tornando a abri-los somente quando ele se afastou, subindo aos céus a uma curta distância.
" - Confia em mim? "
" - Com minha vida. "
Respondeu automaticamente, exibindo um longo sorriso logo em seguida. E dessa vez, a féerica não hesitou ao levar a própria mão a do illyriano, acompanhando-o durante o vôo noturno
Agora, Adara encontrava-se no telhado de uma grande torre de pedra, observando a distância a visão do seu próprio reino, e as luzes que este exibia. Era deslumbrante. As longas torres e casas extendiam-se entre praças e vielas, adornando o longo mercado, que crescia até o caminho do palácio. Sua casa. Seu lar. E agora, dele também. Se assim desejasse. Quando retornou o olhar ao próprio reino, e seu povo que agora dormia em paz, a visão fez com que a féerica perdesse o fôlego, antes de finalmente desviar o olhar, diante da ameaça das lágrimas que pairavam sob seus olhos. Pelos deuses, como amava aquele lugar. O protegeria com sua própria vida. Adara não conseguia expor em palavras. Levando uma das mãos ao próprio rosto, enxugou as lágrimas, ao lado do encantador que pousava a mão sob sua cintura, e com a outra, carinhosa e delicadamente removia alguns fios rebeldes que insistiam em lhe cobrir a visão.
" - Preciso que abra os olhos " O espião murmurou tempos após depositar um beijo em seu rosto úmido e corado. A féerica seguia com as mãos acobertando a visão, envergonhada devido as lágrimas que lhe escapavam na frente dele. Adara nunca, em tantos anos, havia derramado uma gota sequer na frente de alguém. De qualquer um.
" - Dara. "
Talvez fosse o modo como ele a havia chamado, ou a delicadeza em sua fala, que fez com que Adara finalmente exibisse o rosto, totalmente ruborizado e úmido devido ao estado em que se estava. Azriel encontrava-se de joelhos sob o terraço, sem sequer queixar-se dos pedregulhos que perfuravam seus joelhos, protegidos somente pelo traje fino que cobria seu corpo. O espião pairava em silêncio, com uma jóia entre as mãos completamente destruídas e envoltas de sombras. Foi quando Adara finalmente percebeu a presença do anel que pairava ali. A féerica lentamente, afastou um passo. E então abriu a boca, apontando pra preciosidade entre o toque de seu parceiro, ainda a sua espera. Adara não conseguia falar, ou sequer pensar. E quando esqueceu-se de respirar, o encantador finalmente revirou os olhos, quase impaciente, embora seus olhos se iluminassem como a noite que recaía sobre eles.
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𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑾𝒊𝒏𝒅 𝒂𝒏𝒅 𝑺𝒂𝒏𝒅
Fanfiction" Meu pai certa vez comprou e vendeu um pingente dourado com lápis-lazúli que vinha das ruínas de um reino árido no sudeste, onde os féericos governavam como deuses em meio a tamareiras oscilantes e palácios varridos pela areia. " [ Feyre Archeron...