" - Então você se casou. "
Rhyssand repetiu, pelo que parecia ser a milésima vez. E ainda assim, o grão senhor e seu irmão não parecia assimilar o que havia ocorrido. No entanto, o encantador concordou novamente, com tamanha paciência que só ele mesmo seria capaz, atrás de um Cassian extremamente aborrecido, que resmungava de um lado ao outro após a reunião. O encontro com todos fora de um clima tenso e cauteloso, e ainda assim, Adara parecia possuir o destino de sua corte sob total controle, ao lado dos próprios guardas e sua Dália. Pelos deuses, pensou. Adara sequer precisava de título para ser uma grã senhora e sultana. Não precisava disso, ou de qualquer papel ou aprovação, porque ela exalava isso. Exalava isso em todo seu corpo, alma. Na postura relaxada, ao mesmo que com uma firmeza tão grande que nem mesmo ele seria capaz de questioná-la. Quando esse pensamento lhe ocorreu, Azriel deixou escapar um sorriso conforme se erguia, desfazendo o apoio da escrivaninha e finalmente vagando pelo grande salão. Após a reunião, sua parceira havia partido junto a seu círculo íntimo, enquanto o sultão e a rainha haviam desaparecido dentre os corredores do longo palácio. No fim, restaram apenas os três illyrianos.
O espião entreolhava de um irmão ao outro, esperando até ver qual deles daria a primeira queixa. Um desafio.
E foi finalmente a vez de Cassian falar. O novo general cruzara os braços, exibindo os dentes junto a expressão de impaciência que transparecia em seu rosto. No entanto, pra surpresa - ou desgosto - de Azriel, tudo que saíra dos lábios do illyriano fora uma provocação tão baixa, que praguejou mentalmente, de modo que até mesmo adara questionasse pelo laço. Cassian finalmente sorriu, apoiando o próprio corpo sob a mesa antes de questionar, sem qualquer demonstração de interesse ao observar as próprias unhas. - Como vai Adara?
Azriel rosnou segundos antes de relaxar a postura e cruzava os braços, pela primeira vez em toda sua existência, exibidos para que qualquer um visse. Seus músculos, suas cicatrizes, a pele que bronzeara e escurecera ainda mais diante do clima daquela corte, além das longas tatuagens com ramos que espalhavam-se pelo seu ombro, uma nova brotara ali. Com a tintura em tons de vermelho-vivo, ramos seguiam dentre seu pulso, como se o acolhessem. Como se o aceitassem. Assim como sua parceira havia o aceitado, após tanto tempo. Junto aos longos ramos, pequenos grãos espalhavam-se entre a as linhas curvadas, até que uma imagem do sol fosse exposta no centro. O símbolo da corte de sua parceira. E agora, sua corte também. E pelos deuses, ele ainda não obtivera tempo de ver o que ela havia feito, e toda vez que ousava questioná-la, a desgraçada esgueirava-se de seu toque, com um sorrisinho esperto o suficiente para que o guerreiro perdesse a linha. E como se soubesse, a princesa havia finalmente enviado pelo laço " interrompendo seus pensamentos, espião? "
E azriel precisou de todo seu esforço para não perder o controle ali mesmo. Sorrindo internamente, o espião apenas respondeu " meus pensamentos interrompidos não serão nada perto do que farei ao anoitecer. " e pelos deuses, ele podia sentir e saber. Sabia dentro de si, sem sequer precisar questionar, que a princesa agora mordiscara os próprios lábios na escrivaninha, encolhendo os próprios pés diante da excitação.
" Controle-se. "
E ainda assim, ele não sabia pra quem era o conselho quando finalmente apoiou suas mãos diante da longa mesa, arqueando uma sobrancelha ao questionar - Como vai Nesta?
E rápido como um clarão, foi o bastante para Cassian avançar e arremessá-lo pela varanda, enquanto o grão-senhor da corte noturna levara uma das mãos a testa em desaprovação, revirando os olhos. Diplomacia e Seriedade. Eles sabiam muito bem onde enfiar aquilo.
E horas após o ocorrido, os três illyrianos encontravam-se sentados no parapeito de pedra da grande varanda, sujos e machucados como gatos de rua ao observarem o horizonte que se extendia além do sol, que finalmente se punha.
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𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑾𝒊𝒏𝒅 𝒂𝒏𝒅 𝑺𝒂𝒏𝒅
Fanfiction" Meu pai certa vez comprou e vendeu um pingente dourado com lápis-lazúli que vinha das ruínas de um reino árido no sudeste, onde os féericos governavam como deuses em meio a tamareiras oscilantes e palácios varridos pela areia. " [ Feyre Archeron...