Capítulo 41

146 19 4
                                    


"Eu vi meu filho ser jogado para o alto como um boneco e posteriormente cair ao chão desfalecido, Hudson não parou, ele fugiu deixando Max no chão. Corri até meu filho, Max estava imóvel no chão, seu peito estava igualmente parado, ele não mais respirava."

–///

Me ajoelhei no chão e segurei o corpo do meu filho no colo, seus sinais vitais eram zero, seu coração não batia em seu peito e seu pulmão não mais o fazia respirar, seu corpo estava mole.

Eu lembro perfeitamente do dia que soube que estava grávida, eu tinha passado uma semana inteira com náuseas e no início eu pensei que era apenas o fato de eu ter abusado da bebida no fim de semana, porém aquela sensação não era de ressaca e nem tão pouco passou na segunda-feira. Todos os cheiros me davam ânsia de vomito ou dor de cabeça, foi assim durante cinco dias, então na sexta-feira minha amiga Liz, se ofereceu para ir comigo ao médico, eu fui ao médico pensando que estava com algum tipo de intoxicação alimentar, não entendi quando a primeira coisa que ele sugeriu que eu fizesse fosse um exame de sangue, mas ele era médico, óbvio que não o contestei, apenas fui ao laboratório e coletaram meu sangue.

Uma hora de espera naquele frio ambiente hospitalar e novamente fui chamada ao consultório, sentei-me na cadeira frente ao médico, Liz estava comigo e sentou na cadeira ao lado da minha.

"Senhora Dilaurentis" O médico que devia ter a minha idade disse-me assim que sentei a sua frente, pensei em corrigir o senhora, afinal eu era tão nova quanto ele e não era uma mulher casada, porém não o fiz "Eu tenho uma boa notícia para a senhora" O jovem médico disse com um sorriso amigável no rosto, eu não entendia nada.

"O que é?" Perguntei curiosa e o médico aumentou o seu sorriso antes de me responder.

"A senhora será mãe, você está gravida"

Mãe ... você ... grávida ... eu ...

As palavras se repetiam no meu ouvido, inicialmente foi um susto, olhei para Liz, ela me olhava como se esperasse minha reação para poder ter uma reação também, ela estava pálida e imóvel, sorri para ela e ela então sorriu para mim, ela se levantou e me abraçou, meus olhos eram úmidos, emocionados.

Max não foi um filho planejado, entretanto foi um filho muito desejado. Eu era sozinha de família, minha mãe nunca me entendia, meu irmão era bem mais velho que eu, eu tinha apenas meus amigos e, agora, enfim eu teria alguém biológico comigo, ter um filho é para sempre, certo? Eu nunca mais estaria sozinha, certo? Foi o que pensei assim que soube da notícia.

Após saber que estava grávida acabei voltando com Hudson, estávamos brigados, mas agora nada importava, afinal eu teria um bebê.

Já parou para pensar que quando um bebê nasce ele está em branco? Essa, acredito eu, é a grande magia da vida, nascemos cru, como um caderno sem informações e aí cabe principalmente a nossos pais e a sociedade nos preencher. Eu teria um bebê, um ser puro e ingênuo ao qual eu iria molda-lo ao meu modo. Desde o momento que sai do hospital comecei a pensar em planos para o meu bebê, que até então, eu nem sabia se seria um menino ou uma menina, porém quem se importa com isso?

Meu filho ou filha seria uma pessoa que eu iria criar lhe ensinando as melhores coisas do mundo, eu iria o ensinar a respeitar e a amar as pessoas independente de qualquer coisa, esse bebê iria crescer, a vida é feita de caminhos difusos e eu sabia que ele iria tropeçar em alguns momentos, ele iria errar, porém eu iria estar ao seu lado para o apoiar. Eu seria sua mãe e acima de tudo, eu seria sua amiga.

Sempre fui vaidosa e gostava de me cuidar, algumas pessoas julgavam que eu iria surtar assim que minha barriga crescesse, segundo eles eu ficaria gorda e iria enlouquecer com isso. Nenhuma dessas pessoas que pensavam isso realmente me conheciam, pois eu lembro que a cada aumentar do meu ventre eu me emocionava com isso, a primeira calça que não fechou me fez ficar feliz, era meu filho se mostrando presente dentro de mim. Eu amava ficar sozinha em casa e olhar minha barriga no espelho, passava quase que o dia todo fazendo carinho na barriga e sempre que me via sozinha, falava com meu bebê.

Cada ultrassonografia me fazia chorar, ver meu bebê e constatar que ele realmente estava em mim era emocionante, lembro-me que quando descobrir que era um menino me senti realmente completa e logo escolhi seu nome.

Agora eu definitivamente já não mais estava sozinha no mundo, eu teria para sempre aquele homem ao meu lado. Max, meu filho, para sempre estaria comigo, certo?

A primeira vez que ele se mexeu em meu ventre eu estava dormindo a noite, acordei pensando que tinha sido imaginação minha, resultado de um estado irreal de sono, porém logo em seguida ele se mexeu novamente. Meu filho. Meu bebê. Meu homem.

Quando Max nasceu era um dia de sol, a claridade iluminava cada espaço das ruas e deixava tudo bonito e reluzente, ele não podia ter nascido em uma dia mais lindo. Segurar meu filho em meu colo foi a melhor sensação que eu já senti até hoje, fiquei minutos apenas o olhando e analisando cada detalhe, seu pequeno nariz, seus olhos amendoados, seu cabelo levemente claro, ele era tão como eu e eu já podia sentir isso, Max seria meu espelho.

A medida que ele foi crescendo eu me sentia mais orgulhosa dele, seu primeiro sorriso foi dedicado a mim, seu primeiro dentinho me fez derreter, sua primeira noite de febre fez-me desesperada, seus choros no início me faziam chorar junto dele. Quando Max engatinhou pela primeira vez fiquei feliz, porém seu primeiro passinho me fez ir para o paraíso, seu primeiro passo, seu primeiro andar para o mundo.

Quando ele fez um ano lembro-me que passei o dia todo em nostalgia, lembrando-me de cada dia que tinha passado junto dele, cada conquista e cada angustia.

Em minha mente agora veio todos os seus sorrisos, como em um filme, vi seu sorriso feliz e seus gritinhos de felicidade quando ele brincava com Jack ou corria na pracinha ou parque.

Fui tirada de minhas memórias quando senti o corpo de Max ser puxado do meu colo, olhei para o lado, as minhas lágrimas deixavam tudo embaçado, apertei o máximo a visão para poder ver quem tirava de mim meu filho, era um homem alto e robusto, fardado como policial. O homem deitou Max sobre a grama, meu filho estava imóvel, realmente morto.

O policial fardado lhe deu um soco sobre o peito de Max, a força bruta com que o homem realizou o gesto fez o corpinho de Max pular, entretanto ele não reagiu, continuou morto sobre a grama.

Eu fui feita pra vocêWhere stories live. Discover now