Capítulo 72

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Se antes eu estava receosa em voltar para a fazenda, agora eu estava impaciente, não via a hora de voltar ali, eu tinha certeza que tudo estava igual, desde o curral dos animais, até aquela velha laranjeira com o balanço de pneu pendurado nela, os cães soltos por todo o terreno, o miquinho que sempre vinha roubar comida na mesa da varanda, e ao fim de uma longa trilha, aquela lagoa que ainda tinha suas águas limpas e conservadas.

Eu queria ir lá e mostrar cada parte daquele mundo para Alison, mas principalmente para Max, eu lembro que quando era criança como ele, ficava louca com aquilo lá, a fazenda é grande, mas para os miúdos, ela se torna maior ainda, é como se fosse um mundo inteiro, coberto de gramas, animais e com sol e brisa ao mesmo tempo. Ele iria amar, me perguntei se ele já tinha montado a cavalo alguma vez, provavelmente não, ele realmente iria amar montar em um cavalo de verdade e não naquele seu esdruxulo animal laranja que simulava um hibrido cavalo.

O dia parecia não ter fim, se arrastava vagarosamente em oposição a minha ansiedade que corria de forma vertiginosa.

Resolvi sair da ONG depois do almoço e ir para o apartamento na esperança que lá minha apreensão diminuísse, foi em vão, eu continuava igual, Alison me perguntava a cada segundo onde iriamos, eu apenas lhe sorria amplamente e nada respondia, foi longa as horas, mas enfim já era metade da tarde, antes de viajarmos fomos até a minha casa, passamos longas horas lá, com Max e eu brincando com os cães e minha mãe dando um monte de advertência a gente, optamos por jantar lá mesmo e saímos por volta das 21:00 horas e fomos direto pegar a estrada, novamente o segurança dirigia e iam na frente, enquanto Alison, Max e eu ficávamos atrás, realmente somos seres adaptáveis, pois aquela situação já não eram mais desconfortável.

Alison e Max foram dormindo, já eu não conseguia dormir, olhava a estrada e tudo parecia tão diferente até certo ponto, porém quando aos poucos fomos nós aproximando, tudo parecia apenas igual demais.

Vi o Sol raiar e tudo se tornar claro, a claridade mostrava o quanto tudo permanecia igual por ali, foram inúmeras as vezes que me peguei suspirando, eu podia fechar os olhos que me transportaria para quase vinte anos atrás, eu sentada no banco do carona e meu pai dirigindo, a gente sempre fazia como eu tinha escolhido fazer, viajávamos a noite para chegar na casa de minha vó no café da manhã. Embora a viagem ocorresse a noite, eu nunca dormia, passava o caminho todo tagarelando com meu pai e cantando músicas infantis, meu pai era um bom pai, ele conhecia tudo que eu gostava e decorava todas as músicas para cantar comigo.

Abri os olhos novamente e lá estava aquela velha estrada, em menos de cinco minutos eu chegaria aquele lugar aonde tanto fui feliz.

Acordei Alison, ela se assustou ao ver que já tínhamos chego e mais ainda que já eram mais de seis da manhã.

"Eu realmente dormi o caminho todo" Ela olhou pela janela "Onde estamos Emily? Não tem nada aqui, é o fim do mundo?" Eu não consegui saber se ela perguntava sério ou brincando, mas eu estava tão feliz que apenas ri.

Enfim o carro tinha chego em frente aquele grande portão de madeira, o segurança que estava ao carona desceu e abriu aquela porta, que estava lá apenas para limitar o espaço dos animais, pois em verdade, não tinha trancas ou coisa do tipo, ali talvez realmente fosse o fim do mundo, como Alison tinha se referido.

O carro seguiu, a área da fazenda era realmente grande, levou ainda pouco mais de cinco minutos para chegarmos até a casa em definitivo.

"Emily, onde estamos?" Alison perguntava curiosa, eu não acho que ela estava gostando dali, mas eu sabia que ao conhecer o local ela iria gostar.

Eu fui feita pra vocêWhere stories live. Discover now