Eu fui feita pra você

Capítulo 38

Emily tentou trabalhar, entretanto ela disse que estava sem cabeça nenhuma e falou para irmos embora, quando saímos de sua sala fomos mais encaradas do que de costume, todo mundo olhava para a gente, me senti dentro de um aquário.

"Eu acho que não deveria ter te beijado aqui no meio de todo mundo" Emily riu, eu me senti contente por ela não ter ficado chateada com o beijo, afinal ela teria todo o direito de ficar puta comigo, eu a beijei na frente de todos seus funcionários e amigos de trabalho, a expus sem ela consentir previamente, eu tinha abusado, porém ela não pareceu se importar, pois Emily era do tipo que tudo que a incomodava ela dizia, não guardava nada para si, então se ela nada reclamou e ainda riu, era porque ela não tinha se importado.

"Confessa que você queria ter dado mais gás para as fofocas" Ela brincou "Se bem que sinto dizer, mais agora que você já lhe deu a resposta que eles tanto queriam, acho que as fofocas vão morrer, pois você acabou com a graça de ficarem supondo coisas e criando teorias sobre o tipo de relação que temos."

"Eu não tinha pensado por esse lado, droga, eu matei as fofocas" Nós duas rimos, como sempre não importa o quanto tudo está um caos, estar com Emily me fazia sentir alegre e confortável.

"Podemos ir ao parque?" Emily pediu "Quero brincar com Max, afinal vou passar longos dias longe dele" Eu ainda não tinha pensado nisso, no fato de Emily ficar longe por uns dias, senti-me um pouco triste, porém ao mesmo tempo feliz, assim ela estaria longe de Hudson e de toda a confusão por aqui.

"Nós vamos onde você quiser" Falei sincera.

"Ui, como você está romântica" Emily se aproximou de mim e trocamos um casto beijo antes dela ligar o motor do carro e ir para o parque "Alison, você tem certeza que está bem?" Ela perguntou enquanto dirigia.

"Sim, Em, apenas problemas com Hudson" Me limitei a dizer.

"Você falou com ele?"

"Não, eu não falo com ele desde o dia que sai do hotel, porém eu não quero falar disso agora" Emily sempre respeitava minhas vontades e meu tempo, assim como eu respeitava suas vontades e seu tempo, ela não me pressionou e nem perguntou mais nada sobre o assunto. O resto do caminho fomos com ela e Max em uma interminável conversa, meu filho cada dia mais se esforçava para tentar falar e Emily sempre o incentivava.

Chegamos no parque, era segunda-feira à tarde por isso não tinha muita gente.

"Eu amo esse parque" Emily disse e eu sorri.

"Eu também amo, afinal foi aqui que eu conheci você" Ela me olhou tímida, com um sorriso no rosto.

"Mano, você é muito louca, seu filho cai e você deixa uma desconhecida te levar para o hospital. Entra com seu filho no carro da desconhecida e de quebra ainda vai junto com o Pitbull dela no carro. Mano, isso foi loucura"

"Foi loucura sua também de colocar uma desconhecida em seu carro e ainda me levou até sua casa, meo. Você foi tão louca quanto eu, me levou para sua casa, eu podia te matar ou roubar"

"Sim, mas eu não me arrependo"

"Eu menos ainda"

O sentimento de nostalgia era presente em nós duas, quem diria que aquele louco encontro resultaria nessa parceria, pois Emily não era minha amiga simplesmente e nem muito menos uma namorada, ela era uma parceira de vida, que eu sentia que teria por perto por anos e anos, no fundo, para sempre.

Acabamos nos beijando no meio do parque, pude ouvir um homem dizendo alguma bobagem sobre desperdício, apenas ignoramos ele e continuamos nosso doce beijo.

Passamos o resto da tarde e início da noite no parque, eu por medo de acontecer algo com ela e ela com saudade antecipada da viagem, acabamos ficando literalmente grudadas uma na outra, não desgrudamos nossas mãos por nada e sempre que podíamos trocávamos abraços e beijos, novamente me senti em um aquário, pois todos nos olhavam, a gente fingia ignorar os olhares, porém éramos ciente deles, um casal com duas mulheres e uma criança é incomum ainda. A maioria dos olhares eram de pura curiosidade, três pessoas sorriram para nós, como se quisessem mostrar que estavam nos apoiando, chegava a ser engraçado até, pois até mesmo quem apoiava não nos tratava com naturalidade.