Capítulo 62

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O médico fez alguns exames em Max o apertando e vendo suas reações e reflexos, Max tinha respondido bem a todos os exames, o médico disse que iria aguardar só mais um dia, e no dia seguinte, não teria problema algum em dar alta a ele. De certo modo Alison e eu estávamos felizes, enfim sairíamos daquele gélido quarto de hospital, entretanto não tinha como não nos questionar sobre o porquê de Tom ter segurado Max internado por mais tempo que o necessário e ainda mentido sobre a alta medicação.

"Talvez esse médico seja inexperiente, acho que deveríamos buscar uma nova avaliação" Sugeri a Alison, eu não conseguia encontrar uma lógica para Tom querer prolongar Max internado no hospital, não mais quando sei que ele era gay e casado com Eduardo, não teria mais lógica ele querer Alison, e se não fosse por isso, qual outro motivo teria?

"Sim, é uma boa ideia, eu não confio nesse médico novo, ele deve ser inexperiente" Alison concordou com minha ideia, ela também não via lógica em Tom ter mentido.

Alison, como mãe e responsável legal por Max, exigiu uma nova avaliação médica para averiguar o real estado dele, dois novos médicos, em separado, foram avaliar Max e ambos deram o mesmo atestado: ele estaria apto a receber alta a qualquer momento. Foi estranho, na verdade, foi muito estranho, porém não tínhamos mais tempo hábil para questionar isso, Max receber alta envolvia uma série de coisas a serem feitas e providenciadas. Eu tentei que Alison fosse com Max para minha casa e ficássemos por lá, mas ela foi irredutível e alegou que muitas pessoas moravam em minha casa e ela não se sentiria confortável por lá, eu acabei aceitando sua escolha, não era hora para forçar nada, entretanto meu medo era justamente o fato de no apartamento dela não ter ninguém, seria apenas nos três, sozinhos, iríamos ser alvo fácil para Hudson.

Eduardo tinha me dado o telefone do segurança, liguei para ele. Eduardo tinha deixado tudo pronto, o homem já sabia de tudo e disse que a noite iria se apresentar para o trabalho e explicar as rotinas, planilhas e escalas, eu não entendi o que ele quis dizer com aquilo tudo, mas concordei com ele. Depois fui para o apartamento de Alison e arrumei tudo por lá, deixei tudo pronto para o local voltar a ser habitado novamente, com direito a mantimentos no mercado e todo o resto, no final do dia ainda passei em casa para pegar algumas roupas e leva-las ao apartamento, pois eu não pretendia deixar Alison sozinha lá nenhum minuto que fosse. Quando cheguei no hospital a noite eu estava morta, o tal segurança já estava por lá, como previsível o homem era alto e largo, realmente impunha respeito, ele falou que trabalharia em equipes e escala, que ao todo seriam 4 seguranças para cada uma de nós e garantiriam proteção em tempo integral, assinamos o contrato e marcamos de começar no dia seguinte, para minha surpresa Eduardo já tinha adiantado o primeiro pagamento deles.

A noite passou sem nenhum acontecimento, no dia seguinte, logo pela manhã, um médico realizou novos exames em Max e o liberou para irmos para casa.

Sair do hospital com Max deveria ser um momento alegre, entretanto o único sentimento que conseguiu me preencher, infelizmente, foi um sentimento obscuro, pois tudo foi tão estranho. Um homem que eu nunca tinha visto na vida, e de pouca palavras, foi empurrando a cadeira de Max, eu queria empurrar, mas o homem não me permitiu fazer, entramos em um carro cinza de vidros tão escuros, que com certeza tinha o nível de insulfilm acima do limite permitido em lei. Alison, Max e eu fomos atrás, existia até mesmo uma cadeirinha no carro para Max, tudo parecia ter sido minimamente calculado para nossa segurança, o homem que nos acompanhou foi na frente, no banco do carona, e outro foi dirigindo o veículo.

Eu estava calada, fiquei introspectiva, não sabia o que falar ou como agir, aquilo era estranho, sufocante. Olhei para Alison e ela tinha o rosto tão triste, senti meu coração romper em mil pedaços com aquilo, segurei sua mão, meu toque lhe fez tremer levemente e ela me olhou.

"Vai ser por pouco tempo" Falei baixo, mas era um carro, obviamente que os dois homens devem ter ouvido.

"Será? Eu quero acreditar que sim" A voz dela era tão triste, eu queria fazer algo para a alegrar, mas eu não tinha ideia do que fazer.

O caminho até a casa de Alison seguiu assim, com um clima irrespirável, quando chegamos em seu prédio, combinamos que os homens ficariam na porta do apartamento e não junto de nós por lá, precisávamos de privacidade. Primeiro um deles entrou no imóvel e verificou todo o apartamento enquanto ficamos na porta esperando-o permitir que entrássemos.

Foi quase cinco minutos até o homem sair do apartamento de Alison, eu pensei que ele iria dizer que podíamos entrar, mas para minha surpresa ele não fez isso, apenas me chamou para dentro e deixou Alison, Max e o segurança fora de lá.


"A senhora pode vir com a gente?" O homem me chamou.

"Claro " Fui entrar no apartamento e Alison fez menção de entrar junto, Max estava em seu colo.

"Não, você não, apenas ela" O homem disse, Alison me olhou com seus olhos sobressaltados, porém não estávamos em condições de questionar ou impor nada, apenas fizemos o que ele disse, eu entrei e Alison ficou ao lado de fora.

"O que foi?" Perguntei assim que entrei e o segurança fechou a porta.

Eu fui feita pra vocêWhere stories live. Discover now